CARRO VOADOR

Embraer testa sistema para operação de carros voadores

Enquanto a operação com carros voadores ainda não é realidade, a fabricante utilizou, para a simulação, helicópteros da Revo como substitutos aos eVtols

Maquete do eVTOL em desenvolvimento pela Eve
Maquete do eVTOL em desenvolvimento pela Eve

A Eve, empresa controlada pela Embraer, finalizou em outubro a primeira simulação em solo nacional com o software desenvolvido pela empresa para a futura operação com eVtols (veículo elétrico de pouso e decolagem na vertical), mais conhecidos como carros voadores.

Os testes foram feitos entre os dias 21 e 25 de outubro, em Carapicuíba (SP), no centro de operação da Revo, empresa de compartilhamento de aeronaves que já encomendou 50 eVtols da Eve.

Enquanto a operação com carros voadores ainda não é realidade, a fabricante utilizou, para a simulação, helicópteros da Revo como substitutos aos eVtols. Duas aeronaves, que fizeram uma média de dez voos por dia, foram monitoradas durante o período de testes.

Batizado de Vector, o sistema permite acompanhar, em tempo real, as aeronaves e indica correções na velocidade e na rota para que o voo não sofra interrupções durante o trajeto. Por meio do software, é possível prever, por exemplo, a movimentação de aviões em áreas próximas a aeroportos e evitar que um helicóptero ou um eVtol se aproxime da região em momentos de decolagem e pouso das aeronaves comerciais.

Hoje, ao se aproximar de um aeroporto onde há movimentação de aviões, o helicóptero deve esperar autorização para que prossiga viagem. Por vezes, a aeronave precisa rodar em círculos até que obtenha a permissão, explicam executivos da Eve. Segundo eles, o software trará economia de combustível (ou energia, no caso dos eVtols, que são elétricos) e tempo para as viagens.

A ideia, segundo a Eve, é que o software seja incorporado a outros sistemas que estão sendo desenvolvidos por outras empresas do setor, de forma que toda a futura operação com carros voadores esteja conectada. Ainda não há data de lançamento, mas a previsão da fabricante é que no ano que vem o sistema já tenha uma nova versão, mais automatizada e com funcionalidades aprimoradas.

O Vector será oferecido pela Eve aos futuros operadores de eVtols -empresas de compartilhamento de aeronaves, como a Revo, e outras companhias do setor aéreo- e aos administradores de vertiportos (área de pouso e decolagem dos carros voadores, que tem estrutura semelhante a um heliponto).

Hoje, o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) trabalha no desenvolvimento do futuro programa de UATM (gerenciamento de tráfego aéreo urbano), no qual estarão inseridos os eVtols. O objetivo é que a ferramenta atue de forma parecida com o sistema utilizado hoje para o controle do tráfego de aviões e forneça informações em tempo real sobre os voos.

Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o próximo passo do projeto UATM será a formação de um grupo de trabalho com representantes de instituições governamentais, da indústria e da academia para elaborar o plano de implementação.

PREÇO DA PASSAGEM SERÁ ALTO NO COMEÇO DA OPERAÇÃO

Segundo João Welsh, CEO da Revo, as passagens para voos com carros voadores devem ficar acima de US$ 100 no começo da operação, por causa de custos de operação. O preço era ventilado no setor como patamar inicial da venda dos bilhetes.

Em maio deste ano, Sergio Quito, executivo da Gol, também havia dito, em evento do setor, que a projeção não era alcançável no começo das operações. Ele afirmou, na ocasião, que, para manter a passagem em US$ 100, a aeronave teria de ser utilizada por pelo menos 12 horas por dia, o que, segundo Quito, não será possível.