Considerado o maior escritor do realismo brasileiro, com diversas obras em contos e romances, Machado de Assis será o grande homenageado na próxima terça-feira, 05, pela Academia Paraense de Letras, em um evento em que se celebra o Dia da Cultura no Brasil. O encontro ocorre às 18h30, na sede da APL.
A programação conta com um ciclo de palestras, além de estudiosos do tema e personalidades da literatura paraense. “Joaquim Maria Machado de Assis é o principal nome do realismo na literatura brasileira. Então queremos que o público reverencie também toda a trajetória dele. Queremos falar realmente desse grande vulto histórico, esse romancista que deixou um grande legado. Ele, além de ser atual, é um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL) e deixou uma obra literária muito grande. Algumas delas serão analisadas num ciclo de palestras neste evento. É aberto ao público em geral, com coquetel, e tudo inteiramente gratuito, principalmente para as pessoas que desejarem conhecer o escritor, assim como estudantes, universitários, professores, estudiosos, pessoas que gostam de literatura. A Academia Paraense de Letras está com as portas abertas para falar de Machado de Assis”, afirma a escritora Nazaré Mello, que organiza o evento ao lado de Agildo Monteiro.
Os palestrantes vão falar de enfoques pouco abordados sobre Machado, esse é o diferencial, segundo Nazaré. “Machado de Assis congrega tudo. Ele é de uma genialidade e um dos maiores escritores do século 19. O ciclo de palestras traz estudiosos que são imortais da Academia Paraense de Letras e têm estudos sobre ele. Como o Machado de Assis também foi poeta, cronista e jornalista, tem muita coisa para falar dele. As palestras também serão acessíveis ao público em geral, sem linguagem erudita, mesmo para os que não conhecem Machado de Assis. É muito interessante porque a gente não vê esse tipo de sessão literária acontecendo. Então é uma forma também de conhecer a Academia Paraense de Letras”, comenta a organizadora.
O título da noite é “Noite do Bruxo do Cosme Velho”, que faz uma referência ao apelido que o escritor ganhou durante sua vida, diz Agildo Monteiro. “Ele morou no Cosme Velho, que fica no Rio de Janeiro, durante muito tempo, que é o nome de uma rua, mas também de um bar. Certa vez, o vizinho viu ele queimando alguns papéis no quintal e acharam que aquilo era bruxaria. Assim começaram a chamá-lo de bruxo. Mas, o poeta Carlos Drummond de Andrade, considerando esses aspectos, o trabalho, a poesia e o romance dele, chamou Machado de Assis de bruxo do Cosme Velho. Aí, o cognome ficou”, explica.
Membro da APL, da cadeira de nº 18, e presidente da Academia de Letras de Colares, Agildo Monteiro comenta que também será feita distribuição de um livro do homenageado. “Vou ler um poema dele durante a programação e vamos falar sobre a vida dele, as dificuldades que enfrentou. Ele era um menino do Morro do Livramento e tinha extrema dificuldade financeira. Até para estudar francês, estudou com os padeiros, mas se tornou exímio entendedor.
Traduziu inglês, francês e conhecia com propriedade, num aspecto admirável, o que será tema de um dos palestrantes. A primeira tradução do Machado de Assis, seu livro foi para o Uruguai e depois foi num crescente, chegou a toda a América Latina, Estados Unidos. Hoje ele tem envergadura de um escritor internacional, merecidamente. Tem contos admiráveis próprios para entrar em qualquer antologia internacional, como ‘Noite de Almirante’, ‘A Cartomante’, ‘Missa do Galo’, entre outros”, diz.
“Nós estamos cumprindo a nossa missão, enquanto Academia, de levar conhecimento ao público, de incentivar a cultura com este evento. Machado de Assis não só deve ser lido para adentrar em empregos públicos, o público tem que conhecer o que é básico em Machado de Assis, essa figura tão extraordinária”, analisa Agildo.