O empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, entrou em confronto mais uma vez com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem tem trocado farpas desde que perdeu a disputa e anunciou a intenção de concorrer à Presidência da República em 2026. Bolsonaro também almeja voltar ao posto, apesar de estar inelegível.
– Mas não fica vindo pra cima de mim. Não somos do mesmo partido, eu não devo satisfação pra você. Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim. Eu sou uma pessoa boa, relaxa – acrescentou.
O ex-coach disse ainda que o problema de Bolsonaro não é com ele, mas com o Supremo Tribunal Federal (STF), e que torce por um resultado favorável a ele. O ex-presidente mantém esperanças de reverter as decisões que o impedem de concorrer até 2030 por conta da reunião com embaixadores em que atacou o sistema eleitoral brasileiro sem provas e do Sete de Setembro de 2022.
Ao final da gravação, Marçal diz que o “pau vai quebrar”, sem detalhar ao que se refere:
– Se o Senhor estiver com você, aqui vai uma declaração minha: eu estou em paz. Se não estiver, o pau vai quebrar.
Desde que Marçal ficou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo e anunciou intenção de concorrer a presidente em 2026, Bolsonaro o critica sistematicamente. Como mostrou O GLOBO, o ex-presidente e sua família sempre duvidaram da lealdade de Marçal, o que levou a uma situação curiosa. Ao mesmo tempo em que evitou se engajar, sobretudo no primeiro turno, na campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que acabou reeleito, Bolsonaro também não declarou voto em Marçal, visto por parte dos seus eleitores como mais comprometido com os “princípios da direita”.
Semana passada, Bolsonaro disse se arrepender de ter dado uma medalha de “imorrível, incomível e imbrochável” a Marçal, em gesto visto à época como forma de pressionar Nunes a aceitar o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo como vice.
– Como começou a onda Marçal? Há três meses, ele queria falar comigo e eu conversei com ele. Só ele e mais ninguém. Até dei uma medalha para ele, onde eu errei. Ele saiu de lá, e, duas horas depois, estava no jornal que eu ia apoiá-lo – disse Bolsonaro.
Em entrevista ao site Metrópoles, o ex-coach reagiu:
– Fala para ele pegar comigo essa medalha. Eu entrego para ele. Já que ele diz que foi um erro, diz a ele que vou devolver no debate de 2026. Vou devolver a medalha que ele me deu e entregar outra para ele.
Dias depois, Bolsonaro afirmou à revista Veja que será o candidato da direita em 2026.
– Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema? O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu – afirmou, citando Marçal como “um jovem com um baita futuro, mas que começou arranhando”.
Na campanha, Bolsonaro deu sinais dúbios. Chamou Marçal de “inteligente”e frisou que Nunes não era seu “candidato dos sonhos”. Em outros momentos, porém, seus filhos Carlos e Eduardo atacaram o empresário, assim como o pastor Silas Malafaia, próximo do ex-presidente.
Marçal e Bolsonaro chegaram a discutir nas redes. “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, comentou Marçal em post do ex-presidente, recebendo resposta irônica: “Nós? Um abraço”. O ex-coach, então, pediu de volta R$ 100 mil doados à campanha de Bolsonaro em 2022. “Se não existe o nós, seja mais claro”, rebateu.
Texto de: Samuel Lima (AG)