DIA DE TODOS OS SANTOS

Religiosos que atuaram no Pará podem se tornar santos

Descubra o significado do Dia de Todos os Santos na Igreja Católica. Conheça a diferença entre beatificação e canonização.

O professor Márcio Neco explica que o processo envolve uma investigação severa por parte da Igreja
O professor Márcio Neco explica que o processo envolve uma investigação severa por parte da Igreja Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Comemorado hoje (01), o Dia de Todos os Santos é uma data importante no calendário católico, dedicada a todos os santos e mártires conhecidos e não conhecidos, canonizados ou não, da Igreja Católica. Para entender melhor, o professor de história e cientista da religião, Márcio Neco, explica a diferença entre beatificação e canonização.

No processo de beatificação, por exemplo, investiga-se as virtudes ou o martírio e é necessária a comprovação de um milagre por intercessão do candidato a beato. Para ser canonizado, é necessário comprovar um segundo milagre para que o beato torne-se, assim, um santo. Depois desse processo, o nome da pessoa é inscrito no cânon, ou seja, na lista oficial da Igreja.

“A Igreja não tem como objetivo fabricar santos, pelo contrário, é uma investigação às vezes muito severa. A Igreja não produz santos, apenas reconhece aqueles que, de fato, viveram intensamente a causa do evangelho”, afirma.

Em terras paraenses, há bons exemplos destes religiosos, o cientista da religião destacou alguns como o italiano Frei Daniel de Samarate que viveu em Belém.

Frei Daniel vivia sua missão religiosa como membro da Ordem dos Capuchinhos, pois realizava missas diárias, visitas aos interiores do Estado e aos leprosos em suas residências. Em março de 1914, após ser diagnosticado como portador de lepra (hoje conhecida como hanseníase), foi isolado por decisão médica no leprosário do Tucunduba, onde ficou até sua morte na idade de 48 anos.

Parte de seus restos mortais está guardada na Igreja dos Capuchinhos, situada na travessa Castelo Branco, no bairro de São Brás, e parte na igreja do Sagrado Coração em Milão, Itália.

“Não temos ainda nenhum santo [reconhecido] que tenha atuado em terras amazônicas, mas temos alguns em processos avançados [de canonização], como o Frei Daniel de Samarate que aqui viveu. Ele cuidou dos doentes e contraiu a doença. Até o último dia de sua vida ele testemunhou essa fé cristã, muito pelo martírio e sofrimento da doença”, destaca Márcio Neco.

Na parte externa da Igreja dos Capuchinhos, há alguns votos de agradecimento a graças alcançadas atribuídas ao Frei Daniel de Samarate, assim como iconografias sobre sua vida.

Apóstolo Caboclo

Outro notável, desta vez genuinamente paraense, nascido no município de Mocajuba, é o Monsenhor Edmundo Igreja. Ele dedicou sua vida à Igreja Católica e atuava na capital paraense e na região do Salgado (Curuçá, Marapanim e São Caetano de Odivelas), tanto que recebeu o título de ‘Apóstolo do Salgado’.

De acordo com o cientista da religião, o religioso se destacou por sua identificação com as pessoas mais humildes, passando a ser conhecido como o ‘Santo Caboclo’. “A humildade e simplicidade era o que mais lhe chamava a atenção. No dia de seu enterro, Dom Vicente Joaquim Zico, que era Arcebispo de Belém à época, vai classificá-lo muito bem dizendo que ele era a glória da Igreja no Pará”, ressalta.

Em 2011, o então Arcebispo Dom Vicente Joaquim Zico, deu início ao processo de beatificação de Monsenhor Edmundo Igreja.

Anjo

Márcio Neco também destacou figuras como a irmã Serafina, conhecida como “Anjo da Transamazônica”, reconhecida pelo Papa Francisco, em 2014, por suas virtudes. Natural do Amazonas, foi professora e enfermeira, ingressou na vida religiosa em meados de 1946, com 33 anos. Em 1971, Irmã Serafina foi enviada para Altamira, onde vivenciou o drama da miséria na região.

“Lá ela vai construir casas de acolhida, locais de atendimento médico tanto para homens quanto para mulheres. Ela se destaca nesse aspecto”, reforça.