As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão na porta e é hora de focar na revisão dos conteúdos, especialmente através da prática com provas anteriores. “Este não é o momento de aprender novos conteúdos, mas sim de revisar o que já foi estudado, prioritariamente por meio de exercícios”, destaca Fábio Araújo, professor de Física, com 27 anos de experiência e mestrado acadêmico em Engenharia Elétrica, além de ser o proprietário de um curso preparatório.
A resolução de provas de anos anteriores possibilita ao candidato identificar quais conteúdos ainda apresentam dúvidas, o que lhe permite revisar com mais afinco esses tópicos. Contudo, o principal objetivo, conforme o professor, é praticar a gestão do tempo e familiarizar-se com a organização das provas. “Chegou a hora de aprimorar seus conhecimentos e realizar exercícios. Quanto mais prática você tiver até a véspera da prova, melhor será o seu desempenho. E atenção: foque em exercícios específicos, evite questões aleatórias. Comece resolvendo todas as provas do Enem dos últimos quatro anos, ainda há tempo para isso. Faça o download das provas e siga em frente. Assim que terminar, concentre-se nas questões em que errou, e não nas que você acertou. O que já está certo, você já sabe. Identifique suas falhas. Por exemplo, se eu cometi um erro em uma questão de eletrodinâmica, devo revisar esse tema e depois voltar à questão para entender minha falha”, ressalta o professor Fábio, recomendando uma revisão das provas dos últimos quatro anos.
O professor explica que o exame está cada vez mais conteudista, especialmente na disciplina de Física.
“É impossível desenvolver habilidades sem uma base sólida de conhecimento. Nota-se que, no passado, os candidatos conseguiam encontrar as respostas de forma direta no texto. Ao ler o material, era possível identificar a resposta. Atualmente, a realidade é outra; as questões mais recentes demandam que o candidato tenha um texto referencial, pois isso é essencial para a prova, mas também é imprescindível possuir um conhecimento específico sobre o tema”, esclarece.
Saúde mental em dia
Uma sugestão do professor para esses últimos dias é cultivar a tranquilidade e cuidar da saúde mental. “Entendo que isso possa parecer complicado neste momento, mas é possível manter a serenidade praticando atividades que você aprecia. Não há necessidade de abrir mão do que gosta; pode jogar videogame, sair para namorar, ir ao cinema, mas é fundamental ter disciplina e um horário definido. Se deseja realizar essas atividades, faça, mas priorize os estudos. Dedique pelo menos três horas diárias aos estudos; essa é uma quantidade factível. Não se sobrecarregue tentando estudar dez horas por dia, pois isso pode levar a um desgaste extremo e a resultados insatisfatórios”, aconselha ele.
“Existem pessoas que se dedicam a estudar por longos períodos consecutivos, acreditando que isso aumentará seu rendimento. No entanto, essa abordagem não é a mais eficaz e pode fazer com que a pessoa não consiga compreender o que realmente importa. Além de causar estresse, essa rotina de estudos intensos geralmente vem acompanhada de falta de descanso e alimentação inadequada , fatores que, juntos, comprometem a saúde”, acrescentou o professor.
Na disciplina de física, ele ressalta que existem cinco tópicos que se destacam como os mais frequentes. Em primeiro lugar, temos a eletrodinâmica, seguida pela termologia, ondulatória, mecânica, e por fim, cinemática e dinâmica. “Portanto, esses cinco temas são os mais relevantes. O aluno não precisa decorar fórmulas, mas sim compreender que esses assuntos estão frequentemente presentes em nosso dia a dia e reconhecer sua aplicabilidade na vida cotidiana. Dessa maneira, fica mais fácil de entender”, afirmou.
Notas em queda
O professor observa com preocupação a diminuição constante das notas em Ciências da Natureza, cuja média não ultrapassa 500, distanciando-se ainda mais da média esperada. Fábio acredita que o desempenho “fraco” do esperado por parte dos alunos se deve à dificuldade que muitos têm em compreender os conceitos de física. “O problema reside na língua portuguesa; eles não conseguem interpretar. No entanto, o principal fator é a matemática básica. Se o aluno não dominar essa base, ficará impossibilitado de entender a física. Sempre digo o seguinte, e isso é uma estatística que vou compartilhar: 75% da prova de matemática se baseia em matemática básica, e 100% da parte de cálculo na prova de física é também matemática básica”, finalizou.