ECONOMIA

Consumidor paga até 12% mais caro pelo leite

Entre os fatores que impulsionaram essa elevação estão os custos de produção, como o preço da ração animal e o impacto do clima.

Pra tentar ajustar as finanças, consumidores buscam alternativas na hora de comprar o leite
Pra tentar ajustar as finanças, consumidores buscam alternativas na hora de comprar o leite FOTO: ANTONIO MELO

O cenário de aumento no preço do leite tem se agravado. De acordo com pesquisa do departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), em setembro deste ano, o produto registrou aumento de 12% em relação a janeiro, mais que o dobro da inflação no período. Em janeiro, o litro do leite era comercializado a R$ 7,87. Até agosto, o preço passou por variações sutis, chegando a custar R$ 7,57. No entanto, o preço voltou a subir em setembro.

“Toda vez que eu vou fazer compras, encontro um preço diferente, principalmente do leite. Está muito caro. Minha alternativa é deixar de levar outro complemento alimentar e optar por dar prioridade ao leite, que é tão essencial para compor a mesa. Mas eu realmente gostaria que essa situação se estabilizasse”, relatou Carla Queiroz, manicure.

Em supermercados e padarias da capital paraense, em setembro de 2024, o leite chegou a ser vendido por R$ 7,91, um aumento de 10,47% em comparação ao preço registrado no mesmo mês do ano anterior, quando o litro custava R$ 7,16.

Devido ao preço mais elevado, a biomédica Débora Gurjão precisa ajustar seu orçamento familiar. “Eu não faço compras no mercado com frequência, prefiro comer fora porque, muitas das vezes, acabo economizando. Mas sempre que eu venho ao mercado, tenho que elaborar um jeito diferente de economizar para conseguir comprar o leite. Então, eu deixo de levar algo que eu possa comer na rua para conseguir levá-lo”, contou.

Para minimizar o impacto no orçamento doméstico, a profissional opta por comprar apenas o necessário. “Não tenho como levar grande quantidade, então, além de reduzir o consumo em casa, compro somente uma lata ou um pacote”.

Para o Dieese, a alta acumulada no ano (janeiro a setembro), que já chega a 12,36%, reflete a complexidade da cadeia produtiva do leite. Aumento está relacionado à dinâmica de oferta e demanda do produto.

Entre os fatores que impulsionaram essa elevação estão os custos de produção, como o preço da ração animal e o impacto do clima. Mas o excesso de chuvas em regiões produtoras do Sul do país e a estiagem, combinada com queimadas em outras áreas, também resultaram em uma menor oferta de leite, forçando o aumento dos preços ao consumidor final.

Situação que repercute nos negócios da doceira Eliane Almeida. “Como eu trabalho com doces, noto esse aumento diariamente. E isso é algo que me impacta significativamente, tanto durante a compra quanto durante a venda. Porque a maioria dos meus doces é feita ao leite, mas quem vai querer comprar um produto caro?”, diz.

“Para não perder a minha clientela, sigo tentando alinhar os preços. Por isso, comecei a rodar pelos supermercados mais próximos de casa, e às vezes chego a ir em até três, sempre pesquisando por promoções e preços menores do leite”.