TRAJETÓRIA

Papellin destaca resiliência e foca no planejamento do Remo para 2025

Confira a entrevista com o executivo de futebol do Leão Azul.

Executivo remista garante que tirou lições deste ano de 2024 para errar o menos possível em 2025 - Foto: Samara Miranda/Remo
Executivo remista garante que tirou lições deste ano de 2024 para errar o menos possível em 2025 - Foto: Samara Miranda/Remo

O cearense Sérgio Papelin tem três passagens pelo futebol paraense. Primeiro no Baenão, no começo dos anos 2000, quando Remo passava por uma enorme crise financeira e administrativa. Em 2013, foi para o Paysandu, ano de um acesso para a Série B e, depois disso, rodou em outros clubes até chegar no Fortaleza-CE para uma arrancada que levou o Leão do Pici a ser um dos principais clubes da atualidade do futebol brasileiro. Por isso, sua volta a Belém no começo do ano chamou tanta atenção. O que levou ele a deixar um clube totalmente estruturado para vir para um que vivia uma pressão sem tamanho pelo acesso. No fim, a temporada se mostrou vitoriosa, mesmo com um começo tão difícil. Em entrevista ao DIÁRIO, Papelin falou sobre o que o motivou a voltar à capital paraense, da temporada errática, das dificuldades encontradas, as críticas recebidas, da montagem do elenco para 2025 e mais outros assuntos.

P – O que pode ser analisado do que deu certo e do que deu errado esse ano no planejamento do Remo?

R – Tivemos que começar o elenco para ser formado do zero. Desde quando recebi a proposta o objetivo sempre foi o acesso para a Série B. Você quando traz os jogadores, você tem a certeza que darão certo, mas nem sempre sai como o planejado, e todas as contratações do início do ano foram de alto nível e bastante elogiados. Chegamos na final do Paraense e infelizmente perdemos. Na Copa Verde fomos eliminados na semifinal, queríamos ter ganhado os dois títulos, mas infelizmente não deu certo. Na Copa do Brasil também tivemos uma eliminação precoce. Soubemos dar a volta por cima, mesmo com todas as adversidades. Temos que assumir os erros também que tivemos na temporada, tirar de lição e levar de aprendizado para 2025.

P – O desnível técnico entre as séries C e B é enorme. Ainda assim, é possível manter uma base para a Segundona de 2025?

R – O atual nível da Série B é realmente bem maior. No futebol você contrata pensando em conseguir seus objetivos, mas nós vamos ficar com uma pequena base desse grupo que está aí. Há jogadores que a gente viu que têm perfil para jogar uma Série B e vamos ficar com uns oito ou nove atletas desse grupo. Vamos começar do zero na próxima temporada e a partir daí vamos em busca de montar um elenco forte para poder fazer uma grande Série B, com um grande objetivo na temporada.

P – Como foi aguentar tantas críticas ao longo do ano até que o time engrenasse até o acesso?

R – Você tem que ter resiliência para aguentar as críticas. Realmente você tem que saber que quando o time não está bem você tem que ouvir, mas tem que ter convicção do seu trabalho. Desde o começo eu nunca duvidei em nenhum momento que a gente iria brigar pelo acesso. Então fiquei calado, pois às vezes muitas críticas vêm de gente deturpando as palavras que a gente fala. Preferi me recolher e aguentar as críticas. Durante o ano recebi convite de outros clubes, mas meu compromisso realmente era com o Clube do Remo, com o Tonhão (Antônio Carlos Teixeira, presidente azulino). Eu vim para cá buscando no Remo aquela motivação, aquele friozinho na barriga do recomeço. Foi um ano de muita resiliência para poder aguentar as críticas, calado, sem responder a ninguém. Deus me deu esse dom da paciência para superar tudo isso.

P – Jogadores que se destacaram, como Jaderson, Diogo Batista e Pedro Vitor interessam para 2025 ou têm permanências complicadas?

R – Alguns atletas a gente vai ficar, né? O Jaderson nos interessa muito. O Diogo Batista vai voltar para o Coritiba-PR, então ele vai conversar com o pessoal de lá para ver se realmente vai ser utilizado na próxima temporada, se existe a possibilidade de um novo empréstimo porque durante a competição ele terminava o contrato esse ano, mas como ele foi bem aqui o Coritiba fez uma prorrogação do contrato dele. Por isso, durante a Série C nós tivemos que rescindir o contrato e fazer outro. Com o Pedro vamos conversar para ver se existe possibilidade. Nossa vontade é ter o Pedro em 2025.

P – No começo do ano muita gente achou estranha sua decisão de sair da Série A para a C. Hoje, com objetivo conquistado, como você avalia essa decisão?

R – É realmente difícil você tomar essa decisão. Tem muita gente aqui na imprensa que falou que eu tinha sido demitido do Fortaleza, por isso que eu tinha vindo para o Remo. Mas lá eu sempre tive o maior respeito e carinho por todo mundo, eu tinha sido nomeado diretor de futebol da SAF. Mas quando recebi o convite do Tonhão, que é um amigo, resolvi aceitar como um desafio pessoal. No Fortaleza eu cheguei na Série C e fomos até a final da Copa Sul-Americana, nós fomos para a Libertadores da América, então tudo que podia conquistar num clube do tamanho do Fortaleza nós conquistamos. Surgiu esse desafio do Remo e muita gente achou que era loucura minha. Sair de clube estabilizado, com uma estrutura boa de trabalho, para vir para o clube na terceira divisão, mas esse desafio é que move as pessoas. Você vem para cá pensando em começar do zero e conquistar novamente, isso é muito legal. É muito bom para a motivação de vida, então eu estou muito feliz em ter vindo para cá. A diretoria fez todo o esforço, nós tivemos tudo, apesar das dificuldades, todos os compromissos que a diretoria assumiu com o clube foram honrados com o grupo aqui, salários em dia, premiações em dia. Então, foi uma decisão que, no final, eu fui feliz e vou seguir com o projeto.

P – O Remo fez contratações de terceira e segunda divisão para disputar a Série C. Pode-se esperar jogadores de Série A e do exterior para 2025?

R – Quando terminou a conquista do acesso, até dei uma entrevista dizendo que só ia ficar se o Remo fosse botar uma equipe forte para poder brigar pelo acesso. Eu falo isso até para despertar a mentalidade das pessoas. Tem muita gente que diz que o clube tem que passar três, quatro anos na Série B para aprender a disputar a Série B. Eu acho que não. Acho que você tem que entrar na competição pensando em subir, porque se você não pensa dessa maneira, a chance de seu projeto de permanecer não dar certo é muito grande. Eu não vejo muito sentido nisso não, você fica bem mais próximo do rebaixamento quando você tem essa mentalidade, entendeu? Então, quando a gente botou o nosso elenco aqui, a gente trouxe realmente jogadores de Série B no ano anterior, pois o pensamento foi de montar uma equipe forte para o começo da temporada, para que você tenha uma de Série B para brigar entre os primeiros lugares para poder conseguir seus objetivos. Então, você tem que pensar em montar um elenco forte com jogadores que estão acostumados com a divisão, até mesmo jogadores vindo do exterior. Eu sei que a gente sofre um pouco com a adaptação desses jogadores quando vêm de fora, tem que ter muito cuidado com o clima, com a cultura da alimentação. Então, tudo isso é importante e você tem que escolher bem para um atleta estrangeiro não sofrer muito com essa adaptação. A nossa ideia realmente é montar uma equipe forte com atletas já acostumados em disputar até primeira divisão para que a gente tenha essa equipe que nós sonhamos aqui no Clube do Remo.