Com a cidade ainda movimentada pelo Círio, muitos visitantes e turistas visitaram o Parque Zoobotânico Museu Emílio Goeldi, na manhã de ontem (16). Além dos animais e da rica vegetação, o espaço também conta com duas exposições e um aquário para visitação do público, que ficou encantado com o acervo encontrado no local. De crianças a idosos, o público teve contato com a memória e história da biodiversidade amazônica de forma interativa.
A imensidão das árvores plantadas no Museu Goeldi foi o que encantou a visitante Priscila Venâncio, de 38 anos. Moradora do Rio de Janeiro, ela trabalha em um instituto de pesquisa e já tinha vontade de conhecer o espaço devido ao contato anterior com as pessoas e os estudos realizados por lá. Com atenção, ela observava a beleza da fauna e flora secular existente no Parque Zoobotânico, que são diferentes ao que se observa no local de origem, cercada pela Mata Atlântica.
“Quando eu cheguei, já fiquei ansiosa para vir ao Museu Goeldi para contar para os meus colegas que vim aqui. Não imaginava que seria tão bonito, me chamou muita atenção essa floresta toda. Eu imaginava que tinha alguma coisa de pesquisa botânica, mas não que tinha esse espaço desse tamanho com árvores seculares. É uma floresta que a gente não vê no Rio porque lá é Mata Atlântica, é um pouco diferente”, disse a servidora pública.
EXPOSIÇÕES
Muitos visitantes marcaram presença no Centro de Exposições Eduardo Galvão, onde há duas exposições: “Diversidades Amazônicas” (permanente) e “Fóssil Vivo” (temporária). A primeira tem base nas pesquisas e informações sobre diversas áreas e grupos de organismos da Amazônia, no intuito de divulgar a ciência democraticamente. A exposição é divida em espaços que contam desde a origem da vida na região, com representações de organismos zoológicos e a diversidade da flora regional, além de sala imersiva com informações audiovisuais da floresta amazônica.
“Essa exposição é uma forma de trazer esse conhecimento, estudos e pesquisas que vêm sendo desenvolvidos na instituição, que ficam, geralmente, nos acervos, nas coleções, nos laboratórios. É uma forma de democratizar esse conhecimento sobre a região amazônica, que é diversa, é particular e importante para todo o planeta”, afirma Ana Paula Linhares, uma das responsáveis pelo acervo de Paleontologia do Goeldi.
Por outro lado, a exposição “Fóssil Vivo” tem o objetivo de transportar o visitante para 20 milhões de anos atrás, quando a região nordeste do estado era formada por um ambiente marinho e habitado por animais da megafauna, hoje extintos, como os mastodontes e preguiças gigantes. De forma tecnológica e interativa, o visitante pode ter acesso ao acervo digitalmente através de realidade aumentada e conhecer o processo de coleta do material exposto.
“Ao longo de todas as mudanças ambientais e mudanças na Amazônia, nós temos no nordeste do estado do Pará registros de fósseis de um ambiente marinho, diferente do que é atualmente. Em municípios como Capanema, São João de Pirabas, Salinópolis, Primavera, o mar, de fato, existia e a gente comprova isso a partir dos inúmeros organismos marinhos fossilizados nas rochas. Então, há um espaço para o visitante ver como esse mar invadiu parte da região nordeste do estado e mudou a configuração da Amazônia”, esclarece a pesquisadora.
PASSEIO
O dia de ontem (16) foi destinado ao passeio da família de Débora Santos, de 37 anos. Junto dos dois filhos, ela mostrou os animais e as espécies de plantas da fauna e flora amazônicas. As exposições chamaram a atenção da criançada. Pra ela, ir ao Museu Goeldi foi a oportunidade de construir uma conexão entre os saberes amazônicos e a vivência dos filhos.
“Eu sou de Moju e toda vez que eu vinha em Belém nunca dava para vir aqui. Dessa vez deu certo e eles estão adorando porque ainda não tinham visto nenhum tipo de animal. A pequenina gostou muito dos macacos e o meu filho ficou impressionado com a onça. Na exposição eles gostaram de ver a boca dos fósseis. Eu acho isso muito importante de estar em contato com a natureza e a história da nossa região”, afirmou a analista administrativa.
Foi a primeira vez que a comerciante Marize Melo, 63, viu um fóssil de perto. Moradora de Belém, ela visitava a exposição permanente junto da neta e estava encantada com o material do acervo do Goldi. Para ela, as aves de rapina empalhadas foram o ponto máximo do passeio, já que tinham uma beleza nunca vista antes. “Foi a primeira vez que vim aqui e a primeira também que eu vi um fóssil de animal. Achei muito lindo, uma experiência diferente. Mas o que mais me chamou atenção mesmo foram as aves empalhadas”, disse.
SERVIÇO
Parque Zoobotânico Museu Emílio Goeldi
l Funcionamento: quarta a domingo
l Horário: 9h às 15h
l As exposições seguem o mesmo horário de visitação do Parque.