PARÁ

Seca histórica no rio Tapajós isola mais de 9 mil famílias

O rio Tapajós, em Santarém (PA), registrou no último domingo (13) o nível mais baixo de sua história

Governador Helder participou da distribuição de cestas humanitárias FOTO: Bruno Cruz/Ag Pará
Governador Helder participou da distribuição de cestas humanitárias FOTO: Bruno Cruz/Ag Pará

O rio Tapajós, em Santarém (PA), registrou no último domingo (13) o nível mais baixo de sua história. Segundo a Defesa Civil do município, a medição chegou a -16 centímetros. Ontem (16), o nível apresentou uma ligeira subida e está em 0,05 cm. O órgão afirma que 9.252 famílias vivem nas regiões dos rios e que sofrem com isolamento por conta da dificuldade de transporte. Mantimentos estão sendo entregues às pessoas.

De acordo com estimativa do Governo do Pará, a estiagem no oeste do estado já atingiu cerca de 150 mil pessoas, uma vez que a crise hídrica também assola o rio Amazonas.

O governo informou que iniciou a distribuição de cestas humanitárias e água potável para 5.500 famílias de 187 comunidades ribeirinhas e quilombolas afetadas pela seca e queimadas na região. O governador Helder Barbalho (MDB) participou da entrega no quilombo Arapemã, em Santarém. Para realizar as entregas nas áreas de difícil acesso, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros utilizam barcos e aeronaves.

Boletins da Defesa Civil de Santarém mostram que o rio Tajapós alcançou 7 cm na sexta-feira (11) e continuou em queda no sábado (12), atingindo -12 cm. Com o número histórico atingido no domingo, as medições passaram a subir ligeiramente.

No dia 25 de setembro, reportagem da Folha de S.Paulo registrou que o rio Tapajós estava em 91 centímetros, menor índice desde 1995, quando foi iniciada a medição. Em 2010, na seca considerada mais drástica até então, o nível ficou em 2 metros.

Líder do povo borari de Alter do Chão, o cacique Rosivaldo Maduro disse que a seca já causava impacto direto na economia da vila balneária, onde ao menos cem catraieiros (barqueiros) tinham suspendido as atividades.

“A seca desempregou mais de cem pessoas, porque tem cem catraias cadastradas e tem os donos e as pessoas que trabalham para eles. Essas pessoas estão sem trabalhar”, disse o cacique à época.

No dia 23 de setembro de 2024, a ANA (Agência Nacional das Águas) declarou situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, no trecho compreendido entre os municípios de Itaituba e Santarém até 30 de novembro.

A nota afirma que, de acordo com os institutos de climatologia, a precipitação acumulada na bacia do rio de outubro de 2023 a agosto de 2024 foi caracterizada por chuvas abaixo da média, tendência que continua no período seco.

O governador Helder Barbalho (MDB) decretou situação de emergência no estado com o intuito de mitigar os efeitos da estiagem nas regiões do Tapajós e baixo Amazonas. O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (União Brasil), também decretou situação de emergência no município.

*Josué Seixas