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Lula reunirá com Forças Armadas após expor suas desconfianças

O mandatário apresenta um quadro de pneumonia e, após avaliações médicas, teve que rever a agenda. FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O mandatário apresenta um quadro de pneumonia e, após avaliações médicas, teve que rever a agenda. FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Jeniffer Gularte e Alice Cravo/Agência Globo

Pressionado após suspeitas de omissão de militares para conter os atos terroristas de 8 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, trabalha para reatar a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas Forças Armadas e agendar uma nova reunião com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica com o petista. A intenção é o que encontro ocorra até o fim da semana, antes de o presidente viajar à Argentina, no domingo.
Na semana passada, ao falar do episódio em café da manhã com jornalistas, Lula disse ter perdido a confiança em uma parcela dos militares, que ele acusa de ter facilitado a entrada de manifestantes golpistas no Palácio do Planalto. Segundo ele, era preciso esperar a “poeira baixar” para voltar ao assunto.
Ao mesmo tempo, Múcio enfrenta desgastes no governo por não ter atuado de forma mais efetiva para acabar com os acampamentos bolsonaristas armados em frente aos quartéis generais desde novembro. Ao ser tomar posse no cargo, no dia 2, ele chegou a afirrmar que considerava os atos como manifestações democráticas e admitiu que tinha parentes acampados. Na semana passada, setores do PT defendera sua saída do governo. Foi preciso que Lula reafirmasse publicamente sua confiança em Múcio para amainar a fritura.
Ao levar os comandantes novamente ao Planalto, Múcio quer desfazer o clima da primeira reunião com os comandantes das três Forças após os atos terroristas. Nesse encontro, que ocorreu no dia seguinte aos ataques, Lula foi duro ao demonstrar a indignação com a conduta dos militares durante os atos de vandalismo. Como mostrou a colunista Bela Megale, a principal queixa do presidente nessa conversa foi a demora para que as Forças Armadas agissem na Praça dos Três Poderes.
A tensão do Palácio do Planalto com os militares está concentrada no comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Foi em frente a quartéis do Exército que milhares de manifestantes acamparam por mais de 60 dias contestando a vitória de Lula. Entre integrantes do governo, há a leitura de que o próprio Exército não poderia ter permitido a permanência desses acampamentos. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que estas manifestações não deveriam “ter sido permitidas em momento algum”.