MEIO AMBIENTE

Grande maioria dos pesquisados adota práticas sustentáveis

Pesquisa “Sustentabilidade & Opinião Pública”, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria, revela que 88% das pessoas pesquisadas adotam com frequência mais de cinco práticas sustentáveis

 Virgílio Moura há mais de três décadas mantém projeto de plantio de árvores Foto: Irene Almeida
Virgílio Moura há mais de três décadas mantém projeto de plantio de árvores Foto: Irene Almeida

Even Oliveira

A conscientização sobre a importância de práticas sustentáveis está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Dados da pesquisa “Sustentabilidade & Opinião Pública”, divulgada no início deste mês pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revelam que 88% da população pesquisada adotam com frequência mais de cinco práticas sustentáveis.

Entre as ações mais comuns estão evitar tanto jogar lixo nas ruas quanto o desperdício de água, de comida e de energia, além de reduzir a produção de lixo, e adotar serviços compartilhados, como transporte por aplicativos.

Os resultados da pesquisa mostram que 92% dos brasileiros pesquisados evitaram jogar lixo nas ruas nos últimos seis meses, enquanto 91% se esforçaram para não desperdiçar água, 90% evitaram o desperdício de comida e 88% tomaram medidas para reduzir o consumo de energia. Já 77% reduziram a produção de lixo e 72% reutilizaram a água. A adesão à sustentabilidade também passa pela economia circular, com 69% reutilizando embalagens e 68% economizando o uso de embalagens.

Ainda sobre a reciclagem, separar o lixo para reciclagem representa 62%. Outros métodos de atitudes verdes correspondem aos que escolheram usar bicicleta, transporte público, carro elétrico ou híbrido porque são mais sustentáveis (49%), além de optaram por serviços compartilhados, como transportes por aplicativos, espaços de trabalho e acomodações (45%).

Outro fator comportamental observado foi a opção de adquirir um serviço ao invés da compra do produto. Por exemplo: alugar um item ao invés de comprá-lo, correspondente a 25%; e atuar como voluntários em alguma ação de proteção ao meio ambiente (21%).

ESCOLHAS

No cotidiano, as pessoas têm se mostrado proativas em relação a suas escolhas. Um exemplo disso é a aromaterapeuta Jaqueline Feitosa, 48 anos, que há cerca de uma década começou a incorporar hábitos sustentáveis em sua rotina, com a categorização dos resíduos em diferentes recipientes: um para materiais recicláveis, como plástico, papel, papelão e alumínio; outro para orgânicos, que incluem restos de comida e resíduos de jardinagem; e um terceiro para o lixo não reciclável, que abrange itens como embalagens sujas e produtos descartáveis.

“Eu comecei a separar o lixo, embora no final ele acabe sendo misturado porque a coleta seletiva não é tão eficiente. Mesmo assim, faço a minha parte. É gratificante ver que, mesmo em pequenas ações, podemos contribuir para um futuro mais sustentável”, diz. Jaqueline também reutiliza vidros, transformando-os em vasos para plantas em sua casa. Contudo, lamenta não ter uma destinação adequada para o lixo eletrônico. “Tenho muito (material) guardado, porque não sei onde descartá-lo corretamente”, comenta.

Virgílio Moura, de 77 anos, vai além da prática individual que, para além da separação de lixo ou desperdícios em geral, acredita que as práticas sustentáveis englobam outras esferas ambientais. Há mais de três décadas ele mantém um projeto de plantio de árvores.

“Há anos eu planto mudas de ipê rosa e mogno, que coleto e germino no prédio onde moro”, conta. Através das observações e avaliações sobre o cenário sustentável, ele critica aqueles que ainda não adotaram hábitos ecológicos. “Estamos destinados ao fracasso como espécie, mas faço o que posso. Precisamos agir agora, mesmo que pareça tarde”, frisa.

 Pesquisa

  • Quase a metade dos brasileiros pesquisados (47%) relata que sempre separa os materiais recicláveis de todos os tipos de produtos, não apenas lixo, uma leve alta em relação a 44% no ano anterior. Os itens mais reciclados incluem plásticos em geral e garrafas PET, com 55%; alumínio (44%) e papel, papelão e jornal (36%).
  • Por outro lado, a pesquisa também indica uma mudança no comportamento dos consumidores.
  • A tendência dos brasileiros que não consumiam produtos ambientalmente sustentáveis, independentemente do preço, caiu de 28% em 2022 para 24% em 2024.
  • Além disso, 31% afirmam que é mais fácil encontrar produtos sustentáveis em comparação a 26% em 2022, o que representa que 4 em cada 10 brasileiros consomem produtos que utilizam espécies da biodiversidade brasileira.
  • No cotidiano, as pessoas têm se mostrado proativas em relação a suas escolhas. Durante as conversas nas ruas, a população expressou uma clara intenção de incorporar práticas sustentáveis em suas vidas, seja através do uso de transporte público, da redução do consumo de plásticos ou da escolha por produtos que respeitem a biodiversidade brasileira. Essa mudança de atitude não só reflete a pesquisa, mas também um movimento cultural em direção à responsabilidade ambiental.