Mais de 4 mil pessoas participaram da 28ª edição do Congresso Nacional de Nutrologia, que ocorreu em São Paulo, em setembro. O evento técnico-científico, realizado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), reuniu especialistas nacionais e internacionais e contou com 235 palestras, 70 simpósios e 400 pesquisas científicas dedicadas à Nutrologia foram apresentadas.
Durante os dias de evento, os participantes tiveram acesso às pesquisas mais recentes, avanços e tendências em Nutrologia. Em ascensão, a Nutrologia é uma especialidade médica de caráter clínico, ampla, e que possui a função de realizar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das enfermidades neurometabólicas, explica o médico nutrólogo e presidente da ABRAN, Prof. Dr. Durval Ribas Filho, que destaca ainda.
“Hoje o médico nutrólogo efetivamente está ocupando um espaço muito importante entre as especialidades médicas no Brasil e, só para esclarecer, no Brasil temos 55 especialidades médicas, a nutrologia é 42ª. Todas são reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, pela Associação Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica”, ressaltou.
Numa crescente nos últimos 20 anos, nas regiões Norte e Nordeste o número de médicos nutrólogos ainda é baixo. De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), há pouco mais de 1.800 especialistas no Brasil, sendo que 78% trabalham nas regiões Sudeste e Sul. Segundo o presidente da ABRAN, um dos motivos para a escassez de especialistas nas regiões citadas é a falta da especialização na graduação e a centralização dos eventos científicos em cidades como São Paulo, por exemplo.
Atuação
Entre as áreas de atuação, o médico nutrólogo pode se especializar em saúde esportiva, da mulher, hospitalar e saúde pública. Neste contexto, a Dra. Simone Silvestre, Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP/SP), Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral – pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM) – e Diretora da ABRAN, apresentou a palestra “Estratégias de Monitoramento de Melhora Funcional e Nutrológica em Pacientes Após Alta da UTI”.
A especialista que atua na área hospitalar com a terapia nutricional, avalia que a Nutrologia é parceira de todas as especialidades médicas, uma vez que não há como cuidar de um paciente se ele não tem uma nutrição adequada, tanto na vida saudável como também durante a doença.
“A nutrologia tem uma interface com todas as outras especialidades, por isso é importante, agrega valor ao paciente, agrega valor ao tratamento do paciente, ajudando com que ele saia melhor desse tratamento. Você não tem como cicatrizar uma cirurgia se você não tem proteína. Você não tem proteína porque você está desnutrido. Então, isso é um pequeno exemplo do que a nutrologia pode fazer. Esse conhecimento muda vidas”, destaca.
A Dra. Simone Silvestre comenta que o papel da Nutrologia dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é tentar diminuir o impacto da inflamação e da doença. Ela ressalta ainda que os pacientes que ficam mais tempo na UTI ficam desnutridos, o que pode acarretar em alterações intelectuais, assim como a dificuldade de caminhar em função da perda de musculatura.
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“Então do ponto de vista nutrológico, a gente tem que dar uma quantidade de calorias, de proteínas, de micronutrientes, de vitaminas para ajudar o corpo a recuperar, além da atividade física para estimular o músculo a voltar a funcionar e a sintetizar mais músculo”, afirma.
Com a palestra “Nutrologia e Longevidade Feminina: os Segredos do Envelhecimento Ativo” , a Dra. Maria Socorro Medeiros de Morais, nutróloga ginecologista, Doutora em Envelhecimento e Representante da ABRAN no Rio Grande do Norte, explica a conexão entre nutrologia e saúde feminina. Segundo a nutróloga, a alimentação é o principal fator e o estilo de vida que se leva é o que de fato vai nortear como vamos envelhecer.
“Sem dúvidas isso passa pela Nutrologia, pelo conhecimento por parte do médico, dos princípios da nutrologia da alimentação saudável, do exercício físico e controle das emoções”, ressalta.
Ainda de acordo com a médica nutróloga, as mulheres hoje já entendem isso e estão buscando esse envelhecimento saudável, ativo, mas ainda faltam políticas públicas para o suporte necessário.
“O mercado hoje já não fala mais em anti-envelhecimento, fala envelhecimento saudável, né? As empresas de cosméticos, por exemplo, lançam um creme para a pele especificamente para mulheres na menopausa”, contextualiza.
“Então, o que precisamos fazer é cuidar dessas mulheres, ouvir essas mulheres e acolher. Porque elas precisam de profissionais que possam acolher, cuidar da saúde e garantir que elas tenham um envelhecimento com qualidade”, finaliza.
O presidente da Abran analisa que o desafio agora é realizar um congresso ainda maior no próximo ano. E para que a especialidade cresça e se desenvolva ainda mais, o objetivo é realizar eventos na região Norte do país.
“A região Norte, para nós, é de fundamental importância, pois a gente observa aqui a presença maciça de médicos que estão vindo, efetivamente, em busca de novos conhecimentos nutrológicos. A expectativa é que possamos realizar um simpósio, uma jornada ou um mini congresso brasileiro de nutrologia porque, pra nós, é uma região que realmente temos muito interesse na divulgação da especialidade médica de nutrologia”, completa.
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