A Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, realizou na madrugada desta segunda-feira (7) sua primeira captação de rins. O procedimento foi possível devido à doação de uma menina de 4 anos, nascida no município de Soure, no Arquipélago do Marajó, que teve o diagnóstico de morte encefálica confirmado. A equipe transplantadora do Hospital Ophir Loyola auxiliou no procedimento, marcando um momento histórico para o HC, que até então só havia realizado captações de córneas.
Desde 2023, a Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) já havia realizado 22 captações de córneas, apenas em pacientes adultos. Esta foi a primeira vez que o Hospital fez a captação de um órgão interno, e o fato de ser de uma criança é ainda mais significativo.
Os rins da menina foram transportados para o Rio Grande do Sul, onde serão transplantados em uma única criança. “Provavelmente os dois rins serão destinados a uma criança da mesma idade ou mais nova, que esteja em tratamento de hemodiálise ou que tenha alguma doença genética ou adquirido alguma doença infecciosa grave, e acabou precisando fazer o transplante”, explicou Susanny Macêdo, coordenadora da Cihdott do HC.
Ela destacou que o diagnóstico de morte encefálica é fundamental para a doação de órgãos internos, e que a instituição tem trabalhado em conjunto com as equipes assistenciais para garantir que esse processo seja conduzido com segurança e precisão.
Retaguarda
Susanny Macêdo também destacou o apoio essencial da instituição e da Central de Transplantes. “A instituição nos deixa muito à vontade para trabalhar, principalmente na forma educativa, com orientações e cursos. E o apoio da Central de Transplantes é nossa retaguarda em todas as ações e processos, o que nos permite buscar resultados melhores. Acredito que essa seja apenas a primeira de muitas captações de múltiplos órgãos que ainda realizaremos”, afirmou.
O ato de doação trouxe conforto à família da doadora. Emocionado, o pai da criança compartilhou sua gratidão. “Foi o melhor para nos conformar, sabendo que nossa filha deixará um legado e que outras crianças que estão na fila de espera por um transplante terão uma chance. Eu tenho certeza que se ela estivesse entre nós, e eu pedisse a ela ‘filha, você daria um pouquinho de qualquer órgão pra ajudar outra coleguinha?’, eu sei que ela diria ‘sim’. A gente vai ter a certeza que ela veio ao nosso mundo e depois partiu para, mesmo assim, continuar ajudando outras crianças. Isso, para nós, pais, foi um gesto de nobreza com outras pessoas. Em nome de minha filha, e de minha esposa, foi gratificante!”, concluiu.
O Hospital de Clínicas continua avançando no campo da doação e captação de órgãos, reafirmando seu compromisso com a saúde e a vida. A história da menina e sua família se torna um exemplo de generosidade e esperança para tantas outras pessoas à espera de um transplante.