ÓRGÃO PARA TRANSPLANTE

Captação histórica de rins no Hospital de Clínicas de Belém

Procedimento inédito marca avanço nas doações de órgãos no HC, que já realizou 22 captações de córneas desde 2023, e também enfatiza a solidariedade da família da pequena doadora.

Captação de rins foi a primeira na história do HC. Foto: Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará
Captação de rins foi a primeira na história do HC. Foto: Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará

A Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, realizou na madrugada desta segunda-feira (7) sua primeira captação de rins. O procedimento foi possível devido à doação de uma menina de 4 anos, nascida no município de Soure, no Arquipélago do Marajó, que teve o diagnóstico de morte encefálica confirmado. A equipe transplantadora do Hospital Ophir Loyola auxiliou no procedimento, marcando um momento histórico para o HC, que até então só havia realizado captações de córneas.

Desde 2023, a Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) já havia realizado 22 captações de córneas, apenas em pacientes adultos. Esta foi a primeira vez que o Hospital fez a captação de um órgão interno, e o fato de ser de uma criança é ainda mais significativo.
Os rins da menina foram transportados para o Rio Grande do Sul, onde serão transplantados em uma única criança. “Provavelmente os dois rins serão destinados a uma criança da mesma idade ou mais nova, que esteja em tratamento de hemodiálise ou que tenha alguma doença genética ou adquirido alguma doença infecciosa grave, e acabou precisando fazer o transplante”, explicou Susanny Macêdo, coordenadora da Cihdott do HC.

Ela destacou que o diagnóstico de morte encefálica é fundamental para a doação de órgãos internos, e que a instituição tem trabalhado em conjunto com as equipes assistenciais para garantir que esse processo seja conduzido com segurança e precisão.

Retaguarda

Susanny Macêdo também destacou o apoio essencial da instituição e da Central de Transplantes. “A instituição nos deixa muito à vontade para trabalhar, principalmente na forma educativa, com orientações e cursos. E o apoio da Central de Transplantes é nossa retaguarda em todas as ações e processos, o que nos permite buscar resultados melhores. Acredito que essa seja apenas a primeira de muitas captações de múltiplos órgãos que ainda realizaremos”, afirmou.

O ato de doação trouxe conforto à família da doadora. Emocionado, o pai da criança compartilhou sua gratidão. “Foi o melhor para nos conformar, sabendo que nossa filha deixará um legado e que outras crianças que estão na fila de espera por um transplante terão uma chance. Eu tenho certeza que se ela estivesse entre nós, e eu pedisse a ela ‘filha, você daria um pouquinho de qualquer órgão pra ajudar outra coleguinha?’, eu sei que ela diria ‘sim’. A gente vai ter a certeza que ela veio ao nosso mundo e depois partiu para, mesmo assim, continuar ajudando outras crianças. Isso, para nós, pais, foi um gesto de nobreza com outras pessoas. Em nome de minha filha, e de minha esposa, foi gratificante!”, concluiu.

O Hospital de Clínicas continua avançando no campo da doação e captação de órgãos, reafirmando seu compromisso com a saúde e a vida. A história da menina e sua família se torna um exemplo de generosidade e esperança para tantas outras pessoas à espera de um transplante.