Bola

Vinícius quer fazer de 2023 o seu melhor ano com a camisa do Remo

Nildo Lima

Com a garantia dada pelo técnico Marcelo Cabo de que será titular do time do Clube do Remo para o início do Parazão, o goleiro Vinícius, de 38 anos, espera que 2023 seja a sua melhor temporada vestindo a camisa do Leão, onde ele está há quase sete anos. Durante grande parte desse tempo, o arqueiro foi venerado pelos torcedores azulinos, mas, em 2022, por conta de falhas que cometeu em jogos da Série C do Brasileiro, ele acabou sofrendo críticas dos simpatizantes do clube. A situação, conforme conta no bate-papo a seguir, foi encarada de “maneira natural” pelo jogador. Na conversa com o Bola, o goleiro fala do seu relacionamento com a garotada promovida da base, da titularidade antecipada, avalia o novo elenco leonino e do tempo de preparação da equipe para o Estadual, entre outros temas. Acompanhe.

P – Recentemente, o goleiro Ruan, cria do Remo, o elegeu como seu ídolo. Como é a convivência de um goleiro experiente, como você, com um jovem que está começando na carreira?

R – Procuro passar para esses garotos que trabalham juntos com a gente, esses meninos que estão iniciando, toda a experiência, todo o aprendizado que recebi ao longo de minha carreira para ajudá-los e facilitar para eles. Sou um cara que procuro orientar bastante. Não são experiências apenas no futebol, mas também fora dele, para que esse garoto se torne uma pessoa exemplar para que lá na frente eles possam servir de modelo a outras gerações que estejam surgindo.

P – Ao longo de todos esses quase sete anos que você está no Remo, você avalia 2022 como o seu pior ano no clube?

R – Quando não se consegue chegar ao objetivo principal do clube, como foi o caso do acesso do Clube do Remo à Série B do Brasileiro, claro que fica uma sensação de um dever não cumprido. Mas não se pode descartar toda a temporada até porque fomos campeões estaduais e tivemos boas atuações na Copa do Brasil. Afora isso tivemos um bom início na Série C, mas, infelizmente, não conseguimos o nosso objetivo principal, que era o acesso. Como não conseguimos subir de série, é óbvio que não se pode dizer que 2022 não foi de todo um bom ano. Não foi a temporada esperada pelo torcedor e pela direção do próprio clube. Agora é ter paciência e ficar bem este ano para que possamos novamente lutar, batalhar para dar esse acesso que todos esperam.

P – Como foi para você, no ano passado, conviver com as críticas vindas do torcedor, que tanto o venera?

R – De maneira normal. Faz parte do futebol. A gente é muito cobrado pelo que trabalhamos e poder corresponder ao que o torcedor espera. Isso é uma coisa completamente normal. Não se trata de algo exclusivo do Remo e nem do Vinícius. Não, isso acontece em todos os clubes. Todo ídolo de qualquer clube passa por esse tipo de situação, já que ele tem de corresponder à altura dentro de sua capacidade. É uma cobrança que vejo como natural e normal.

P – O fato de o técnico Marcelo Cabo já ter antecipado, nas entrelinhas, que você será o titular, isso lhe dá mais tranquilidade e confiança nesta volta ao gol da equipe?

R – A gente trabalha sempre buscando o objetivo de jogar, de fazer o melhor. O professor chegou, está dando essa oportunidade e eu espero aproveitar da melhor maneira possível, continuando com o meu trabalho, o meu comprometimento, com foco e muita ambição para que em 2023 a gente possa estar aí sempre brigando por título e chegando ao acesso, metas que foram fixadas pelo clube.

P – Com todo esse tempo de Baenão, você diria, num comparativo com grupos anteriores, que esse é o melhor elenco montado pelo clube?

R – É difícil traçar comparações neste momento, pois estamos apenas começando um trabalho. Não dá para comparar um elenco que está sendo montado, que está sendo construído com elenco que já fizeram seus trabalhos e já passaram. Mas acredito que todos os jogadores que estão chegando este ano são profissionais experientes, atletas que já atuaram por clubes que têm uma pressão parecida com a que existe no Remo. São jogadores que já disputaram a Série B e alguns até conquistaram para a Segunda Divisão do Brasileiro, então são jogadores “cascudos”, jogadores que também conhecem a Série C e o que a competição exige.

P – O Remo vem se preparando para o Parazão desde o dia 12 de dezembro do ano passado e estreará no dia 21, é o tempo ideal para montar e “azeitar” o time?

R – É um tempo bom, mas não é o ideal. Claro que se tivesse mais tempo para trabalhar seria melhor. Mas o tempo que temos vai nos deixar numa condição mais próxima do ideal para o Campeonato Paraense. Com mais tempo o time ficaria mais entrosado. Em um mês não se consegue atingir o entrosamento ideal e o condicionamento físico necessário, mas vamos estar bem próximos disso.

P – O fato de o Remo ser hoje o campeão estadual, indo buscar o bicampeonato, aumenta a responsabilidade do elenco na competição deste ano?

R – A responsabilidade de vestir essa camisa é sempre muito grande, independente de o nosso time ter sido campeão na edição passada. A responsabilidade, a cobrança é sempre muito grande. Os jogadores que estão chegando sabem bem disso. Procuro passar o máximo de informações possíveis para esses atletas.

P – Muito se fala que o principal objetivo do Remo na temporada é o acesso à Série B, até que ponto o Estadual é importante na preparação do time para o Brasileiro, que acontece no segundo semestre?

R – O Estadual é muito importante. A gente também não pode ficar pensando só no principal objetivo do grupo na temporada e esquecer as competições que antecedem o Brasileiro. O interesse pelo Estadual é muito grande e muito importante, até para que se possa ter a manutenção do elenco, do time para a Série C. É necessário desenvolver um padrão de jogo durante o Estadual para levar para o Brasileiro.

P – Nesses quase sete anos vestindo a camisa do Remo, em sua opinião, qual o seu melhor momento?

R – Espero que seja o de agora, o de 2023. Trabalho para isso. Estou muito motivado, muito feliz por ter mais essa oportunidade de vestir essa camisa.

P – Você disputou a última eleição concorrendo a uma cadeira de deputado federal e não foi eleito, os incidentes ocorridos com você nos jogos da Série C tiveram alguma influência na sua votação?

R – Acredito que não. A decisão de sair candidato foi tomada por mim de última hora. Foi um pedido do partido para tentar ajudar um companheiro da legenda. Em 20 dias conseguimos alcançar quase 18 mil votos só dentro de Belém, tendo recursos reduzidos, limitados. Então acredito que foi uma boa campanha levando em contas essas questões. Foi, na minha visão, uma votação expressiva.