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Ulisses Campbell lança em Belém biografia do Maníaco do Parque

Ulisses Campbell lança em Belém biografia do Maníaco do Parque e afirma que história de violência é fruto da negligência

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O livro é a visão que as pessoas têm de Francisco de Assis, após o jornalista ouvir mulheres sobreviventes ao ataque do maníaco, além de familiares do criminoso, incluindo a mãe, Maria Helena. Foto: Mauro Ângelo
O livro é a visão que as pessoas têm de Francisco de Assis, após o jornalista ouvir mulheres sobreviventes ao ataque do maníaco, além de familiares do criminoso, incluindo a mãe, Maria Helena. Foto: Mauro Ângelo

Será lançada nesta terça-feira, 08, às 18h30, na Livraria Leitura, no shopping Pátio Belém, a biografia não autorizada de Francisco de Assis Pereira, conhecido como Maníaco do Parque. “Francisco de Assis – O Maníaco do Parque”, assinado pelo jornalista e escritor paraense Ullisses Campbell, mesmo autor da Trilogia Mulheres Assassinas, apresenta detalhes inéditos da vida do serial killer brasileiro condenado pela morte de sete mulheres – apesar de ele ter confessado o assassinato de nove – e pelo estupro de mais de uma dezena.

Condenado a 280 anos de prisão, dos quais cumprirá 30, período máximo de reclusão no país, Francisco de Assis deverá sair da prisão em 2028. Embora carregue o nome de um dos santos mais populares da Igreja católica, Francisco de Assis foi abandonado pela mãe quando criança. Durante a gestação, o avô materno – “um satanista charlatão”, nas palavras do escritor – teria dito à filha que a criança que ela esperava era um bebê do diabo.

Ao cometer os crimes, Francisco acreditava que ele era tomado por uma força maligna, assim se tornava o próprio diabo: olhos fora de órbita, pupilas dilatadas e uma micro-hemorragia ocular que reforçavam o olhar demoníaco. Era essa a última imagem que as mulheres viam antes de serem estranguladas, estupradas, mordidas e deixadas em um parque na zona sul de São Paulo.

“A vida dele foi marcada por negligências e se ele não tivesse sido negligenciado, não teria se transformado nesse assassino cruel. A mãe dele largou ele para trás porque o avô materno dele disse que ela estava gerando um bebê do diabo. A mãe acreditou e deixou o menino para trás. Ele deu muitos sinais que na infância e na pré-adolescência, teve problemas de saúde mental e transtornos muito graves, mas ele não foi tratado, então, a mãe foi negligenciando a saúde e a existência dele e ele se transformou nesse assassino cruel. Na época, também não havia a cultura de fazer consultas ao psiquiatra ou ao psicólogo”.

PERFIL

Ullisses Campbell conta que em abril do ano passado enviou uma carta a Francisco, que está recluso, dizendo que ia escrever o livro a respeito dele, mas o detento respondeu em agosto do mesmo ano que não queria colaborar com a publicação. O livro é a visão que as pessoas têm de Francisco de Assis, após o jornalista ouvir mulheres sobreviventes ao ataque do maníaco, além de familiares do criminoso, incluindo a mãe, Maria Helena.

Considerado o maior serial killer do Brasil, Francisco de Assis, o ''Maníaco do Parque'', ainda recebe dentro da prisão cartas de mulheres que se dizem apaixonadas por ele.
O longa de ficção Maníaco do Parque mergulha na história do maior serial killer brasileiro, o motoboy Francisco, que foi acusado de atacar 21 mulheres.

Campbell também conta ter feito a leitura de 20 mil páginas dos processos penais e de execução e dos laudos de 12 exames feitos em Francisco por psiquiatras e psicólogos dentro da cadeia.

“Os principais documentos que compõem o livro são os oficiais. São quatro o total de julgamentos de homicídios, mas tem ainda julgamentos por estupro e roubo, isso dá um total de quase 20 mil páginas, e mais o processo penal, que é rico em laudos psicológicos”, detalha ele, dizendo que fez uma análise minuciosa durante dois anos em todo esse material e, mesmo sendo trabalhoso, contou com a sua experiência com esse tipo de arquivo.

O autor chegou a colegas de infância e sobreviventes do Maníaco depois de ir a um podcast e dizer que estava escrevendo sobre isso. Como ele já tinha escrito outros livros e se tornou conhecido, isso facilitou muito a pesquisa.

“Começaram a me procurar nas redes sociais e isso me ajudou bastante. Uma pessoa falou que patinou com ele em 1998 e, a partir de uma, cheguei à outra. Falei com dois amigos de infância dele e achei o frigorífico onde ele trabalhou como marreteiro, que é o funcionário que mata os bois à cacetada. O gerente do frigorífico na época, vivo ainda, me ajudou. No livro que escrevi sobre a Elize [Matsunaga], em que eu não era um escritor conhecido, tinha que sair catando as garotas de programa praticamente como agulhas do palheiro”, compara.