A Festa da Chiquita celebra 20 anos de conquista do tombamento como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil este ano, com novidades. A festa ocorre no próximo dia 12, na Praça da República, em Belém, logo depois da passagem da procissão da Trasladação do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. E o prêmio mais cobiçado da noite continua sendo o troféu Veado de Ouro, dado a personalidades que se destacam na defesa dos direitos da comunidade LGBTQI+ em todo o Brasil. A maioria dos nomes são mantidos em segredo, mas um deles foi revelado à imprensa pelo coordenador do evento, Elói Iglesias, em entrevista coletiva nesta quarta, 2, no Teatro Experimental Waldemar Henrique: Fafá de Belém receberá, pela primeira vez, o troféu Veado Veada.
Novidade: Troféu Veado de Ouro
Há mais de quatro décadas, a Festa da Chiquita tornou-se um espaço de fala e de pertencimento a pessoas da comunidade LGBT. A festa, que está em sua 47ª edição, traz como tema “Chiquita: 20 anos de patrimônio e memória”. A expectativa de Elói Iglesias é de fazer uma festa de pouco mais de quatro horas. “A Festa da Chiquita é uma assinatura de existências de vidas. A gente quer ocupar territórios porque somos espaço de política, falamos de amor, de sexo, humanidade. A Chiquita virou esse espaço de liberdade é um território livre”, define Elói Iglesias.
Para fortalecer o movimento, bandas performáticas e DJs se apresentam na véspera do Círio de Nazaré, além de atrações que vão do carimbó a personalidades drags queens, no palco ao vivo, que conta ainda com a “Tranviadação”, que é um dos grandes destaques do evento. “A gente começa com a ‘Transviadação’ após as 2h da madrugada, depois que a Santa chegar na casa dela. Uma das novidades é a entrega do troféu Veado Veada para a Fafá de Belém, que é uma artista que levou o nome do Pará ao mundo. No ano passado, ela nos deu um abraço da Varanda, que foi fundamental para gente poder trabalhar com certo respiro”.
Sem detalhar os nomes de celebridades e artistas renomados do Pará, ele diz que todo ano tem aquelas surpresas de última hora. “A gente sabe que tem algumas celebridades que sempre participam da festa, que já são clássicas, tem as nossas drags, que vão fazer superperformances e trazendo cada uma as suas particularidades”, afirma Elói Iglesias.
O artista conta que a aposta para o grande momento da festa é um figurino para lá de especial. “Para esse momento, a gente traz o Veado de Ouro, porque, como estamos falando de glamour, tem que ter o Veado de Ouro, até porque a gente fala que veado tem de todos os tipos, de todas as cores, de todas as raças, mas Veado de Ouro só existe um”, conta o cantor, aos risos.
O autor de “Pecados de Adão” diz que o espaço é a festa pagã do Círio de Nazaré. “O movimento religioso sempre nos tachou de festa profana, nos colocando num lugar de pecado e de dor, mas eu quero dizer que somos um evento pagão, porque aqui reunimos pessoas de todas as religiões e crenças. A Festa da Chiquita é uma maneira muito particular de nos expressar. É o momento dos artistas, das pessoas de rua, daqueles que colocam toda a sua exuberância ali e acolhem a festa de alguma maneira”, analisa.
Na semana que antecede a Festa da Chiquita, haverá uma vasta programação com diversas atividades culturais, que remetem ao propósito político do evento. Uma delas é a realização de uma roda de conversa intitulada “Diálogo da Chiquita”, na próxima quarta-feira, 09, com o intuito de debater temas da comunidade LGBTQI+, promovendo trocas de experiências e reflexões. Na sequência, haverá uma sessão de exibições de trechos de filmes com o “Cine Chiquita”, na quinta-feira, dia 10, quando será celebrada a representatividade na sétima arte. Na mesma data, às 19h, ocorrerá o show “Pagã”, no Teatro Waldemar Henrique, com venda de ingressos.