SÓ UM CARIOCA E OLHE LÁ?

A temporada desastrosa do Flamengo em 5 pontos

Tal qual no ano passado, o Flamengo se encaminha para repetir nova temporada de frustração e ausência de títulos relevantes

Tal qual no ano passado, o Flamengo se encaminha para repetir nova temporada de frustração e ausência de títulos relevantes
Tal qual no ano passado, o Flamengo se encaminha para repetir nova temporada de frustração e ausência de títulos relevantes

Tal qual no ano passado, o Flamengo se encaminha para repetir nova temporada de frustração e ausência de títulos relevantes, fruto de desajustes nas estratégias tomadas dentro de campo e fora dele. A queda nas quartas de final da Libertadores, na quinta-feira, diante do Peñarol-URU, colocou em evidência o trabalho ruim de Tite e sua comissão técnica. Tudo chancelado pelos erros de rota conduzidos pela diretoria do presidente Rodolfo Landim, o vice Marcos Braz e companhia, em meio a tumultuado calendário e quantidade incomum de lesões no elenco.

A duras penas, o discurso era de que o clube estava vivo nas três frentes (Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil) para justificar o que seria uma temporada boa, somada ao título do Campeonato Carioca, no início do ano. A queda no torneio continental, porém, faz bater à porta a realidade de estar no quarto lugar no Brasileiro, 11 pontos atrás do líder Botafogo, restando 12 partidas (uma a mais que os concorrentes próximos), e a real chance de vencer apenas a Copa do Brasil, na qual o Corinthians será o adversário na fase semifinal.

Contam-se nos dedos as atuações do Flamengo que realmente agradaram nesta temporada, e serviram de fraca cortina de fumaça para muitos questionamentos.

Cada vez mais perto de nova estaca zero na posição de técnico, já que Tite não terá contrato renovado – o vínculo vai até o fim do ano, mas até a demissão imediata já passa a ser cogitada pela cúpula do futebol, para tentar a chance de título na Copa do Brasil, segundo informado nesta sexta-feira pelo Blog do Diogo Dantas -, o rubro-negro pode fechar 2024 apenas com o título estadual, pouco para as expectativas geradas por um dos elencos mais poderosos da América do Sul.

Apesar do número farto de peças, a equipe foi mutilada por lesões, motivadas, em sua maioria, pelo já conhecido e desafiador calendário imposto no Brasil, mas também pela falta de pulso firme da diretoria para definir prioridades de disputa. Nomes como Pedro, Everton Cebolinha e Luiz Araújo fazem enorme falta. Os reforços do meio do ano demoraram a chegar, e não tiveram tempo hábil para salvar as principais aspirações do ano.

A temporada de 2024 do Flamengo começou carregada de expectativas para que o clube deixasse um 2023 insólito no passado. No entanto, em ano eleitoral na Gávea, tornou-se apenas nova mostra da incompetência do comando do futebol em deixar a qualidade despontar nas quatro linhas. Novamente, uma comissão técnica deve entrar no moedor rubro-negro, e Tite dá os sinais de estar desorientado. O GLOBO destrincha os porquês desta temporada ter se transformado em um desastre

1

Comissão não engrenou

No cenário de treinadores brasileiros, Tite ainda se apresenta como o melhor nome, acompanhado por uma comissão vasta e bem dividida entre pessoas competentes. Ao mesmo tempo, a passagem de seis anos do gaúcho pela seleção mudou seu perfil de futebol. Antes propositor de futebol mais agressivo, Tite busca mais um jogo posicional nos dias atuais. Novamente, o elenco do Flamengo não se mostrou o mais adepto a isso. Desde a temporada de 2019, os pilares dessa equipe, como Arrascaeta, Gerson, Bruno Henrique e até Gabigol, costumam funcionar em um esquema com mais mobilidade. Dessa forma, tem prevalecido a esterilidade ofensiva, além da fragilidade defensiva nunca solucionada.

2

Má gestão de prioridades

Os times que se propõem a ir longe em todas as competições no Brasil são ironicamente punidos com o desgaste de seus jogadores. Sem saber escolher prioridades, o Flamengo optou por “abraçar o mundo”. Após não vencer nada em 2023, quis começar a nova temporada com tudo, e venceu o Carioca de maneira absoluta. A competição menos exigente do ano, porém, passou impressões errôneas. Enquanto isso, o clube minou sua campanha na fase de grupos da Libertadores, passou em segundo e precisou sempre decidir fora de casa no mata-mata. Já no Brasileiro, prefere poupar em detrimento das competições eliminatórias, política que vem desde 2021 e teve sucesso apenas na temporada seguinte.

3

Efeito cascata do calendário

Esta temporada ainda trouxe um desafio extra: a Copa América, que tirou cinco jogadores (os uruguaios Arrascaeta, De La Cruz, Viña e Varela, e o chileno Pulgar) do Flamengo de vários compromissos do meio do ano, pois a CBF não parou seu calendário de competições em meio à disputa da Conmebol. Apesar de a equipe ter apresentado bom desempenho no período, a parte física foi levada ao extremo, com os jogadores remanescentes precisando fazer esforços extras para que a equipe mantivesse o mesmo pique nas três frentes. Para finalizar, quando os convocados voltaram, também estavam em situação frágil e o time se “esfarelou”. Por exemplo, até hoje, Arrascaeta e De La Cruz não conseguem ficar inteiros.

4

Lesões em demasia

O fator imponderável também ajuda a explicar uma temporada que segue o roteiro do fracasso. O principal deles: perder Pedro, artilheiro disparado da equipe, pelo restante do ano, por conta de um rompimento de ligamento do joelho em um treino da seleção brasileira. Nomes importantes, como Everton Cebolinha e Matías Viña, também se machucarem de maneira definitiva. As lesões no rubro-negro aparecem em demasia em 2024. Cabe pontuar que a enxurrada de problemas musculares recorrentes também se dá pela inabilidade do Flamengo em escolher prioridades. No final das contas, tantos problemas físicos inviabilizam a manutenção de um padrão de jogo à altura das expectativas.

5

Janela tardia no meio do ano

Correr atrás do prejuízo apenas quando este já se apresenta quase irreversível é um dos erros mais graves da diretoria rubro-negra. Dinheiro não falta para o clube com maior faturamento da América do Sul, que fez do argentino Carlos Alcaraz sua maior contratação em todos os tempos (um total de R$ 110,6 milhões acordados com o Southampton-ING). O pacotão do meio do ano ainda teve Michael (que lesionou a coxa direita no segundo jogo), Alex Sandro e Gonzalo Plata, mas trazê-los em cima da hora ainda surte pouco efeito no arranjo tático de Tite, e escancara falta de planejamento, enquanto os adversários fizeram isso de maneira organizada. Na quinta, Alcaraz sequer pisou em campo no Uruguai.

Texto de: Davi Ferreira (AG)