Um relatório prelimitar divulgado nesta quarta-feira apontou uma série de falhas cometidas pelo Serviço Secreto que levaram à tentativa de assassinato contra o ex-presidente dos EUA e candidato republicano, Donald Trump, em um comício em Butler, na Pensilvânia, em 13 de julho.
Segundo o documento produzido por um comitê do Senado responsável por analisar o caso, não havia nenhuma liderança da agência encarregada do planejamento e das decisões de segurança durante o comício, o que permitiu erros “previsíveis e evitáveis” antes e depois do atentado.
A lista de falhas inclui a não instalação de barreiras de visão ao redor do perímetro onde ocorreria o evento e uma confusão sobre quem deveria proteger o prédio de onde o atirador disparou sete tiros contra o ex-presidente. Vários avisos urgentes sobre o atirador foram registrados e depois ignorados.
O relatório pintou um retrato de uma liderança que não estava ciente das possíveis ameaças à segurança de Trump. Mesmo após muitas horas de depoimentos, o comitê disse que ninguém envolvido nos planos de segurança sabia dizer quem tomou a decisão de excluir do perímetro de segurança o conjunto de prédios próximos, que incluía o que foi escalado pelo atirador e usado como poleiro para atirar no ex-presidente.
Ainda de acordo com o documento, alguns agentes portavam rádios com defeito. Um agente com apenas três meses de experiência e treinamento informal em drones atrasou em horas as operações de varredura depois de perder um tempo considerável ligando para o suporte técnico do equipamento após apresentar falhas. Por causa do problema técnico, o Serviço Secreto ficou sem “nenhum recurso de detecção de drones” até bem próximo do início do evento, o que impossibilitou captar os drones usados pelo atirador para analisar o local horas antes do comício.
Caminhões de carga, que poderiam ter ajudado a bloquear a linha de visão de um possível atirador para o palco, estavam disponíveis nas proximidades, segundo o relatório. No entanto, eles nunca foram colocados entre o conjunto de prédios e o palco, e não ficou claro o motivo.
O Serviço Secreto também tinha “informações confiáveis” sobre uma ameaça a Trump antes dele subir ao palco, mas a agência não tomou as medidas necessárias para impedir um atentado contra sua vida, segundo o relatório.
O primeiro relato de avistamento do suposto assassino Crooks foi às 16h26, mais de 90 minutos antes do início do discurso de Trump. Às 17h38, um franco-atirador do condado de Beaver enviou fotos de Crooks para o bate-papo em grupo da equipe local, mas os contra-atiradores do Serviço Secreto em um telhado próximo ao local onde Trump falaria não foram notificados.
Antes mesmo que o atirador, Thomas Crooks, subisse no topo do armazém para abrir fogo, o Serviço Secreto já havia identificado o prédio como uma área potencialmente vulnerável. Mas, mesmo assim, a agência deixou o telhado sem vigilância.
A tomada de decisão do Serviço Secreto, que envolveu a compilação de solicitações de recursos para o evento, também gerou confusão. Mesmo agora, ainda não se sabe quem foi designado para definir o perímetro interno de segurança – uma função crucial para delimitar a responsabilidade do Serviço Secreto e das autoridades policiais locais. Durante entrevistas no Congresso, os próprios agentes do Serviço Secreto que atuaram no comício disseram que as linhas de responsabilidade eram obscuras.
Cerca de 155 agentes estavam no comício de Butler, em comparação com 410 enviados para proteger a primeira-dama, Jill Biden, em outro evento no estado a uma hora de distância.
Dias após o atentado, a então diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, pediu demissão. Mais ninguém foi afastado até agora.
WASHINGTON (AG)