ESTUDO

Escolas nos EUA baniram 10 mil livros desde 2021

Um novo levantamento da organização PEN America revelou que mais de 10 mil títulos de livros foram banidos de escolas públicas nos Estados Unidos desde 2021.

Um novo levantamento da organização PEN America revelou que mais de 10 mil títulos de livros foram banidos de escolas públicas nos Estados Unidos desde 2021.
Um novo levantamento da organização PEN America revelou que mais de 10 mil títulos de livros foram banidos de escolas públicas nos Estados Unidos desde 2021.

Um novo levantamento da organização PEN America revelou que mais de 10 mil títulos de livros foram banidos de escolas públicas nos Estados Unidos desde 2021. Entre eles, estão clássicos da literatura, obras que ensinam crianças a identificarem que sofrem abuso sexual, livros com personagens LGBT+, livros do autor brasileiro Paulo Freire e muitos outros.

Número de livros banidos em 2024 é o triplo do último ano. Segundo a PEN America, foram relatados banimentos de 3.362 títulos em 2023, número que representa crescimento de 33% em relação a 2022.

Justificativas para banimentos são várias. A pesquisa relata que em 2024, a maioria dos livros retirados de bibliotecas escolares contam histórias de pessoas negras, LGBTQIA+ e de mulheres que sofreram abusou ou estupro. Entretanto, várias outras obras foram banidas por “pornografia” ou simplesmente por serem consideradas “indecentes”, muitas vezes sem indicação das passagens tidas como problemáticas.

Pais, conservadores e republicanos são os que mais pedem banimento de livros. Segundo a PEN America e o jornal The New York Times, o movimento de banir livros vem de organizações como a Moms For Liberty, grupo de extrema-direita famoso por negar a pandemia e criticar o “ensino crítico racial”. Políticos também estão envolvidos: em 2021, o congressista republicano Matt Krause, do Texas, publicou uma lista de 850 livros que deviam ser banidos das escolas estaduais. No Colorado, líderes conservadores pediram ação policial para que livros fossem banidos e que quem possuísse ou promovesse “material obsceno” fosse punido.

Maioria de banimentos ocorre na Flórida e no Iowa. Apenas nesses estados, foram banidos mais de 8 mil livros devido a leis estaduais. Na Flórida, o projeto de lei 1069, aprovado em julho de 2023, faz com que qualquer livro contestado por “conteúdo sexual” seja banido das escolas durante o processo de revisão, mesmo que seja um livro sobre educação sexual. Já em Iowa, o Senado decidiu em maio de 2023 que nenhum material escolar pode citar “ato sexual” ou discutir orientação sexual.
“Estudantes não podem acessar informações críticas que os ajudam a se entenderem e ao mundo ao redor deles. Pais perdem a oportunidade de participar em momentos de ensino com seus filhos. E comunidades perdem a oportunidade de aprender a construir compreensão mútua. Apesar do banimento de livros não ser nada novo, eles continuam a acontecer em um ritmo alarmante e nunca visto”, disse a organização “Unite Against BookBans”, sobre o banimento de livros.

Livros mais banidos são de temática LGBTQ+. Segundo a Universidade de San Diego, os três livros mais contestados e banidos das escolas americanas são “Gênero Queer”, de Maia Kobabe; “All Boys Aren’t Blue”, de George M. Johnson, e “Este Livro é Gay”, de Juno Dawson.

Bíblia chegou a ser banida de escolas em Utah. Em 2023, o livro sagrado dos cristãos foi retirado de escolas do Distrito Davis, após o comitê responsável pelas avaliações de livros considerar que havia passagens com “vulgaridade e violência” na obra.
Banimentos chegaram no Brasil. No começo deste ano, o livro “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, foi banido de uma escola no Rio Grande do Sul e pelos governos do Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Em 2023, o governo de Santa Catarina tirou outros 8 livros das bibliotecas das escolas, sem justificativa. Entre eles, estavam: “Donnie Darko”, de Richard Kelly; “It: a Coisa”, de Stephen King; “Laranja Mecânica”, de Stephen Burgess e outros.
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Conheça alguns nomes de obras e seus atores retiradas de escolas norte-americanas:

Paulo Freire: “Pedagogia do Oprimido”.
Agatha Christie: “Morte no Nilo”.
Anne Frank: “O Diário de Anne Frank”.
William Shakespeare: “Romeu e Julieta”, “O Mercador de Veneza”
J. R. R. Tolkien: livros da saga “Senhor dos Anéis”.
J. K. Rowling: livros da saga “Harry Potter”.
Toni Morrison: “O Olho Mais Azul”, Nobel de literatura em 1993; “Amada”, vencedor do prêmio Pulitzer; “Jazz”.
Philip K. Dick: “Blade Runner”.
Alice Walker: “A Cor Púrpura”.
James Joyce: “Ulisses”
Art Spiegelman: “Maus”.
Ray Bradbury: “Fahrenheit 451”
J. D. Salinger: “O Apanhador no Campo de Centeio”.
Angela Davis: “Uma Autobiografia”.
George Orwell: “1984” e “Revolução dos Bichos”.
Suzanne Collins: “Jogos Vorazes”.
Aldous Huxley: “Admirável Mundo Novo”.
Fiódor Dostoiévski: “Crime e Castigo”.
Dav Pilkey: série “Capitão Cueca”.
Harper Lee: “O Sol é para Todos”.
James Baldwin: “The Fire Next Time” e “Go Tell In The Mountain”.
Albert Camus: “O estrangeiro”.
Margaret Atwood: “O conto de Aia”.

THIAGO BOMFIM/Folhapress