GERSON NOGUEIRA

Leão a um passo do paraíso

Fotos: Luís Carlos/Ascom Remo
Fotos: Luís Carlos/Ascom Remo

O empate só veio aos 49 minutos do segundo tempo e foi recebido como se fosse uma vitória, no Estádio da Cidadania. E, pensando bem, foi mesmo um resultado vitorioso. Graças a ele, o Remo ficou em situação privilegiada para obter o sonhado acesso já na próxima partida, domingo, contra o São Bernardo, em Belém. Com 6 pontos, o Leão precisa agora de uma vitória para se garantir na Série B 2025, alcançando 9 pontos.

Não foi das melhores atuações do Remo no quadrangular. O time até buscou controlar o jogo desde o início, mas exagerou na cautela, atraindo o Volta Redonda para seu campo e correndo riscos desnecessários.

O sistema habitual, 3-4-3, funcionou inicialmente de forma improvisada, com Ligger na esquerda, Rafael Castro na direita e com Bruno Silva centralizado, mas Diogo Batista e Raimar mantinham-se recuados, como laterais de fato. O recuo dos alas explica a timidez do ataque.

Ytalo e Jaderson arriscaram chutes de fora da área, mas faltava uma pressão mais efetiva. Piorou ainda mais depois que Pedro Vítor, o mais insinuante do ataque, tomou um cartão amarelo. A partir daí, travou e quase não avançou mais pela ponta direita.

Quando Pedro Vítor se lesionou, o técnico Rodrigo Santana fez uma mexida conservadora. Ao invés de reforçar o ataque, optou por recompor integralmente o sistema de três zagueiros, colocando Bruno Bispo no lado esquerdo e devolvendo Bruno Silva ao meio-campo.

Dois minutos depois, aos 48’, veio o castigo: aproveitando a desarrumação da zaga azulina, o Voltaço chegou ao gol. Bruno Skilo bateu cruzado, Marcelo Rangel defendeu bem, mas Wellington Silva aproveitou o rebote para lançar Bruno Santos na área. Ele bateu forte e abriu o placar.

No 2º tempo, o jogo foi equilibrado. O Remo saía para buscar o empate, enquanto o Voltaço explorava os contra-ataques. Aos 10 minutos, Ytalo quase marcou ao receber um passe perfeito de Diogo Batista. Chegou entre os zagueiros e bateu de primeira, mas o goleiro Jean conseguiu espalmar.

Logo em seguida, quase o Voltaço ampliou. Bruno Santos entrou livre na área e chutou à meia altura. Marcelo Rangel fez uma defesa espetacular, mandando a bola para escanteio. Bispo ainda teve tempo de dar um presente para PK quase fazer o segundo gol.

O jogo se encaminhava para o fim quando Matheus Anjos recebeu à entrada da área, driblou um marcador e foi derrubado quando se preparava para arrematar. Pênalti. Pavani cobrou e igualou tudo, aos 49′.

Ainda no sábado à noite, Botafogo-PB e São Bernardo ficaram no 0 a 0, tornando o empate ainda mais valioso para os planos do Leão.  

Emoções, angústias e alegrias de uma partida de futebol

Repercute nas redes sociais, desde sábado à noite, a postagem do amigo André Cavalcante, diretor jurídico da FPF, com observações sobre os bastidores do jogo do Remo no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Ele acompanhou tudo de perto, ao lado do governador Helder Barbalho e do presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul.  

“Eu sempre disse que, enquanto torcedor, a pior coisa que fiz foi me tornar dirigente de clube de futebol (André foi presidente do Remo), pois muito da magia do esporte se perde. Por isso, você cria uma espécie de casca. No meu caso, logicamente que, como todos, vibro, fico nervoso, mas também consigo reagir com mais frieza durante o jogo e, principalmente, observar e notar algumas coisas que outros torcedores ‘normais’ deixariam passar.

1. O presidente do Clube do Remo. Já haviam me dito e ontem constatei, o Tonhão simplesmente não consegue ver o jogo, fica tão nervoso que sai e se isola. Sei muito bem o que é isso e qual a pressão que esse cargo exerce sobre quem o ocupa. Esse ‘sofrimento’ merece ser recompensado com o acesso.

2. O presidente da FPF. Todos sabem que o Ricardo Gluck Paul é bicolor, exerceu todos os cargos no seu clube de coração, mas, ontem, vi na prática o que já tinha certeza. O cara literalmente vestiu a camisa do futebol paraense. Foi curioso e até surpreendente ver um bicolor de quatro costados vibrando daquela forma com o gol de empate, e aqui não tem nenhuma demagogia, porque há muitas testemunhas. Mais do que ninguém, ele sabe o quanto é importante para todo o futebol paraense ter dois clubes na Série B.

3. O governador. O futebol é fantástico, ele consegue nivelar as pessoas de uma maneira única. Helder Barbalho, como todos que acompanhávamos o jogo nos camarotes azulinos, iniciou o jogo confiante. Torcia, reclamava, porém, sempre comunicativo com quem estava ao seu redor… até o 1 a 0 contra. A partir dali, fechou a cara e ficou introspectivo. E, como para todos nós, o empate trouxe alívio, alegria geral com o apito final. Ali vi o poder da bola, por 90 minutos a maior autoridade do Estado foi mais um azulino que sofre e ama esse time, como todos os outros ‘azulinos da cidade’. Detalhe, os filhos agem exatamente com a mesma passionalidade… É, como dizem, ‘a palavra convence, mas o exemplo arrasta’. E vamos por mais, Clube do Remo”.  

Dúvidas no Papão para jogo decisivo com o Sport

Márcio Fernandes precisa formatar um time mais sólido na marcação e ágil na movimentação ofensiva. Tem jogadores talhados para essas funções. As únicas baixas são Quintana e Leandro Vilela. Apesar disso, dúvidas ainda rondam a escalação do Papão para enfrentar o Sport, hoje, às 18h30.

Com 30 pontos e a segunda pior campanha do returno, as contas estão bem claras no horizonte bicolor. Precisa conquistar mais 13 e 15 pontos para garantir permanência na Série B. Por isso, os dois jogos desta semana (Sport e Ituano) são fundamentais para ir em busca dos pontos necessários.

O PSC tem a chance preciosa de atingir 36 pontos e se tranquilizar dentro da competição. Isso só será possível se jogar mais do que fez contra o Guarani e mais ainda do que diante do América-MG.

Mas, além das incertezas quanto a Nicolas, há o enigma Juan Cazares, cuja queda de rendimento fragiliza o setor de criação e obriga o técnico a buscar outra alternativa – Robinho ou Juninho.