SEGUNDO O UOL

Edmilson mantém 662 assessores em seu gabinete em Belém

Desse universo de 662 comissionados, 163 seriam do PSOL e outros 24 do PT, partido do vice-prefeito, Edilson Moura - que concorre à reeleição junto com Edmilson.
A acusação central envolve a disseminação de informações consideradas falsas e difamatórias por meio de campanhas eleitorais nas redes sociais

Único gestor municipal do PSOL à frente da gestão de uma capital brasileira, Edmilson Rodrigues, apesar de mais de uma vez já ter justificado dificuldade de atuação diante de um orçamento considerado insuficiente para atender as necessidades da população de Belém, estaria gastando bem mais que seu antecessor com cargos políticos.

Matéria assinada pela repórter Andreza Matais e publicada na quinta-feira, 19, no UOL, expõe que, somente entre janeiro e abril de 2024, a prefeitura municipal gastou R$ 8,5 milhões com assessores vinculados ao gabinete do prefeito – cerca de 370% a mais do que foi gasto para a mesma finalidade por Zenaldo Coutinho (PSDB) no primeiro quadrimestre de seu último ano no mandato, 2020: R$ 1,8 milhão.

Desse universo de 662 comissionados, 163 seriam do PSOL e outros 24 do PT, partido do vice-prefeito, Edilson Moura – que concorre à reeleição junto com Edmilson. Ainda nesse mesmo total, apenas 52 prestaram concurso público, ou seja, 610 são contratações de caráter político. Na mesma reportagem, Sergio Praça, que é professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, avalia que os números sugerem uso da máquina para fins eleitorais e partidários são muito significativos.

“Nunca vi algo nessa proporção. O fato é que a esquerda é tão clientelista quanto partidos do centrão. Erra quem pensa que esse uso extensivo, possivelmente irregular e ilegal, de cargos de confiança é coisa dos parlamentares de ‘baixo clero'”, analisa. Vale lembrar que o PSOL é contra a privatização e critica o inchaço da máquina pública.

Andreza continua, rememorando que, atualmente, um professor municipal recebe de salário inicial em Belém R$ 2.900, enquanto que o piso nacional é de R$ 4.580, e ainda que enfrentou pelo menos cinco grandes greves desde que assumiu seu terceiro mandato de prefeito, em janeiro de 2021. Em sua apuração, a jornalista cita a criação de um grupo que faz sua segurança particular apelidado pela imprensa local de “milícia cabana”, uma referência à revolta popular, que intimidaria seus críticos.

Colega de partido do prefeito, a vereadora Silvia Letícia disse, em entrevista ao UOL, que Edmilson traiu as bandeiras do PSOL e que ela foi retaliada por criticá-lo. A vereadora recebeu oito vezes menos recursos do fundo eleitoral do que outros colegas para sua campanha à reeleição (até agora, o PSOL repassou a ela R$ 30 mil) e não pode participar do horário eleitoral.

“A gente elegeu um prefeito para defender direitos e não privilégios. A expectativa era muito alta, mas é frustrante. Metade do funcionalismo ganha abaixo do mínimo nacional. Ele não nomeou nem os concursados”, denunciou.

O prefeito firmou um contrato de R$ 20 bilhões com uma empresa de lixo, a Ciclus Amazônia, acordo esse que não prevê a construção de um aterro sanitário. Na prática, uma Parceria Público Privada, uma PPP, política à qual o PSOL se opõe nacionalmente por entender que é repassar para a iniciativa privada recursos públicos.

Mais recentemente, o prefeito comprou cinco ônibus elétricos para a cidade. O MP-PA (Ministério Público do Pará) apontou sobrepreço de R$ 4 milhões e descobriu que a compra foi feita sem qualquer planejamento — não há sequer estação para carregar as baterias. Após acordo, a circulação dos veículos foi liberada mediante a reparação dos problemas apontados, mas sem ter como carregar os ônibus seguem parados.

O que diz a prefeitura

O DIÁRIO procurou a comunicação da prefeitura de Belém para um posicionamento sobre a matéria escrita por Matais, e como resposta foi informada que os 662 servidores citados não atuam diretamente no gabinete, e sim em diversos órgãos que estão apenas do ponto de vista organizacional atrelados à unidade gestora do gabinete do prefeito – dentre elas as coordenarias de Diversidade Sexual, Antirracista, Coordenadoria da Mulher, Defesa Civil do município, os servidores da vice-prefeitura, grupos de servidores técnicos responsáveis pela elaboração de projetos e desenvolvimento de ações integradas (como macrodrenagem de bacias e ações para a COP30), além de servidores trabalhando no Banco do Povo que desenvolve projetos de financiamento de pequenos empreendimentos e já distribuiu mais de 2,4 milhões em crédito solidário.

A resposta da prefeitura também destaca que a gestão atual não utiliza filiação partidária como critério de seleção de seus quadros. Sobre a milícia digital, a comunicação da administração da capital se refere como “afirmação é caluniosa e tem sido repetida sem a apresentação de quaisquer provas ou evidências”.

Por fim explica que os professores que ingressam hoje no município de Belém apenas com graduação, na categoria de Professor Licenciado Pleno, têm sua remuneração inicial de R$ 5.129,15 (100h/a) e R$ 8.769,20 (200h/a).