Nildo Lima
A vinda do técnico Marcelo Cabo, de 56 anos, para dirigir o time do Clube do Remo na temporada é apontada pelos torcedores e setores da imprensa como uma das principais iniciativas da direção azulina tendo em vista a participação do Leão Azul nas quatro competições oficiais do calendário da agremiação – Parazão, Copa Verde, Copa do Brasil e Série C do Brasileiro. O treinador trabalha na preparação do elenco remista desde o dia 12 de dezembro do ano passado, quando retornou a Belém, após o período de férias. Já bem adaptado à cidade que, segundo ele, sempre o acolheu bem, Cabo, que é carioca, da capital do Rio de Janeiro, diz, no bate-papo a seguir, foi atraído pela grandeza do Leão Azul e pelo projeto do clube. Ele fala ainda sobre o que o torcedor do Remo pode esperar de sua equipe, da volta do goleiro Vinícius e do aproveitamento da garotada da base, entre outros assuntos. Confira.
P – O que o torcedor pode esperar como principal potencial de seu time para o Campeonato Paraense e a sequência da temporada?
R – Primeiro o comprometimento dos atletas. Aquilo que traçamos de perfil e metas, eles têm correspondido. O comprometimento deles com o planejamento do Clube do Remo também é importante, a gente já fez algumas reuniões com os atletas mostrando e fazendo eles entenderem a grandeza e a camisa pesada que eles estarão representando. Esperamos transportar isso para dentro dos jogos e tornar isso positivo dentro de campo. O torcedor pode esperar um time que lhe dê confiança e com um DNA vencedor. Além disso, muito trabalho, entrega e dedicação. Vestir a camisa de verdade. Fazer uma aliança com o nosso maior patrimônio, que é o torcedor do Remo. Todos no clube estão cientes da força da torcida e tenho certeza do que vamos entregar a eles nessa temporada e que eles venham junto com a gente alcançar os objetivos.
P – No ano passado, o goleiro Vinícius andou falhando e prejudicando o Remo na Série C. O próprio atleta reconheceu a má fase. Essa é uma questão superada pelo que o senhor observa no dia a dia do jogador no Baenão?
R – Vinícius é um profissional exemplar, um goleiro de um nível altíssimo. Não é à toa que é um dos ídolos do torcedor azulino por tudo que já fez com a camisa do Clube do Remo. É dedicado e mostra comprometimento. Tenho certeza que ele, assim como todo o elenco que montamos, fará uma grande temporada.
P – É corriqueiro em começo de temporada os treinadores de Remo e Paysandu prometerem valorizar os jogadores vindos da base e ficarem só no discurso. O senhor pretende quebrar essa tradição de anos e anos e colocar, de fato, isso em prática?
R – O oxigênio do clube é a base. Ela vira um ativo e solução técnica em vários jogos. A primeira informação que tive sobre os jogadores daqui é que eles têm muito valor. No Vasco-RJ eu subi 16 jogadores da base e já trabalhei com a base do sub-13 ao sub-20. A gente já tem alguns jogadores monitorados. Só não vou dar os nomes desses atletas para não criar aquela expectativa, mas podem ter certeza de que alguns garotos que estão disputando a Copa São Paulo estão inseridos no grupo. A torcida pode ter certeza que já tem jogador treinando com a gente. Tem o lateral-direito Luizinho e outros atletas que virão da Copa para treinar com a gente. Estamos com os olhos para a categoria da base. O Remo trouxe um profissional para fazer essa transição, que é o nosso auxiliar fixo, Fábio Cortez, que tem muita expertise e fez durante muitos anos isso no Vasco da Gama. Já temos o primeiro diagnóstico dos jogadores de base e já tivemos o primeiro contato com eles na pré-temporada. Podem ter certeza que vamos colher muitos frutos desse trabalho.
P – Imagina-se que o senhor já tenha na cabeça a formação do Remo para a estreia no Parazão. É isso mesmo?
R – Temos uma base do time que pode estrear. Temos 25 dias de trabalho e aí já conseguimos definir uma base. Falar que é o time titular da estreia, ainda é prematuro, mas temos trabalhado com esse time e aí vai depender da evolução de cada atleta no dia a dia. Podemos ter algumas modificações no dia a dia de treinamento.
P – Essa é a primeira vez que o senhor trabalha no futebol do Norte, daria para informar a principal característica do time que o senhor dirige?
R – É a primeira vez que trabalho no Norte e trabalhar no clube de massa, com a grandeza do Clube do Remo é uma coisa que sensibiliza qualquer profissional. O que me fez acertar com o Rei da Amazônia foi a estrutura que hoje o clube tem e a torcida. Essa é a convicção que eu fiz a escolha certa. A gente vai buscar um equilíbrio na equipe. Tem algumas nuances do futebol, como o ‘atacar-marcando’ e o ‘perde-pressiona’ que precisam ser treinados, mas a teoria e a prática são diferentes, porque existe uma equipe adversária que também nos estuda. Acima de tudo, precisamos de equilíbrio e variar nossa maneira de jogar, para surpreender o adversário. Apesar disso, prometo ter uma equipe muito forte na marcação e com boas tomadas de decisão no último terço. O esquema que eu mais gosto de jogar é o 4-2-3-1, porque ele oferece mais opções de mudanças. Durante a partida, posso variar para o 4-1-4-1 ou 4-3-3. Não propriamente vou jogar o ano inteiro no 4-2-3-1, mas esse sistema me oferece alternativas. Acima de tudo, temos que ocupar espaços no campo.