A gestão mais sustentável dos resíduos sólidos passa, primeiramente, pelo entendimento de como será feita essa governança, de quais são os impactos ambientais a serem minimizados durante esse processo e, ainda, de qual será a abrangência social dessa atuação. Considerados esses aspectos, é possível fazer uso de tecnologias de gestão que possibilitem o melhor aproveitamento e valorização dos resíduos sólidos.
Para Neyson Mendonça, coordenador do Núcleo de Controle Ambiental (NCA), estrutura inserida dentro do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá e que desenvolve projetos com tecnologias capazes de resolver problemas relacionados aos resíduos sólidos na região amazônica, a principal tecnologia que pode contribuir para o aproveitamento e a valorização dos resíduos, hoje, é o tratamento mecânico biológico.
“Ele pode separar o resíduo misto em frações recicláveis, frações de inerte e frações da matéria orgânica. Com isso, a gente pode aproveitar todas as três frações, produzindo uma indústria de recicláveis efetivamente”, pontua, ao destacar os possíveis usos que podem ser dados aos rejeitos.
“A parte do rejeito pode ser avaliado o poder calorífico para se produzir um composto derivado de resíduos para a produção de energia e a parte orgânica pode ser utilizada para a produção de fertilizantes. Essa é a verdadeira valorização que a gente pode ter dos resíduos sólidos, onde essa parcela do material orgânico pode ser aproveitada para recuperação de área degradadas devido as queimadas, por exemplo”.
Quando se pensa nos recursos financeiros necessários para que essa tecnologia seja implantada, Neyson destaca que o investimento é menor do que o que seria necessário para recuperar o impacto ambiental causado pela incorreta destinação dos resíduos.
“O investimento mais elevado está, por exemplo, na degradação ambiental do passivo que, talvez, não se tenha condições de talvez reverter”, considera. “Portanto, se forem tomadas tecnologias adequadas, a gestão sustentável será realizada de forma profunda. Primeiro porque se vai recuperar os recicláveis, segundo porque se vai aproveitar a produção de energia através da retirada do Gás Metano”.
A busca dessas tecnologias mais adequadas à gestão sustentável dos resíduos é justamente o foco das pesquisas realizadas pelo NCA. Entre as pesquisas em andamento, hoje, o coordenador destaca duas em especial.
“Como exemplo, estamos estudando a produção de areia verde, uma areia feita a partir do vidro, onde a gente vai ter a produção de um concreto de Baixo Carbono. Além dessa, também estamos estudando a planta de produção de biocarvão a partir do caroço de açaí para a produção de energia ou para o uso no setor comercial, para atacado ou varejo”.
Para além da questão ambiental, Neyson destaca que o desenvolvimento dessas tecnologias pode contribuir, ainda, com a geração de renda para a população. “É importante nós termos o desenvolvimento desses projetos e a implantação em escala piloto, que podem ocorrer nos distritos industriais das cidades de Belém e Ananindeua. Isso pode dar uma grande fomentação de inserção social para que a gente possa gerar emprego e renda a partir da valorização desses dois resíduos”.