Garrincha é, sem dúvida, a maior estrela da história do Botafogo, do Rio de Janeiro, numa época em que o time da Estrela Solitária servia de base para a Seleção Brasileira. Mas, o gênio das pernas tortas, nascido na cidade de Pau Grande, interior carioca, também defendeu o Corinthians-SP, Atlético Júnior (Colômbia), Portuguesa-RJ, Flamengo-RJ, Olaria-RJ e o Castanhal. Isso mesmo, o bicampeão mundial pela Seleção Brasileira – Copas de 1958 e 1962 – também vestiu a camisa do Japiim e tudo, pasmem, por causa de um curió cantador, como dizem os criadores do pássaro, como o saudoso jogador.
A passagem de Garrincha pela Cidade Modelo e, consequentemente, pelo Japiim foi breve. Não durou mais de um dia, com o craque, já em final de carreira fazendo apenas um amistoso com a camisa aurinegra. O jogo aconteceu no antigo estádio do município, o “Péricles Guedes de Oliveira”, que hoje não existe mais, no ano de 1973. A ida de Garrincha a Castanhal ocorreu, como tantas na vida do craque, numa fugidinha do jogador, sem a autorização do Corinthians-SP, clube em que ele jogava na época e que faria um amistoso em Belém.
A ida de Garrincha foi motivada pelo interesse do craque na compra do curió Cadeado, de propriedade do comerciante Raimundinho da Farmácia, que acabou vendendo o pássaro ao craque por um valor não revelado. De posse do animal, o ex-ponteiro botafoguense teria dito: “Agora sim, tenho um curió para vencer todos os do Rivelino”, referindo-se ao, ainda vivo, ex-craque do Timão, do Fluminense-RJ e da Seleção Brasileira. Depois de negociar a compra de Cadeado, houve um acerto para que o craque defendesse o Japiim em apenas um tempo de um amistoso, cuja data exata carece de pesquisa.
Garrincha entrou em campo no 2º tempo da partida, para delírio dos torcedores, que lotavam o estádio. O jogador ficou o 1º tempo no vestiário, onde foi bastante assediado por torcedores em busca de autógrafos. O craque das pernas tortas entrou no lugar de Edinho, com o Castanhal vencendo por 2 a 0, gols de Edinho e Zeca Pinto. Ao final do amistoso, Garrincha foi presenteado pelo prefeito do município com outro curió, além, claro, de ter embolsado o cachê. Tudo acompanhado de perto pelo saudoso jornalista Edyr Proença, outro apaixonado criador de curió e que recomendou a compra de Cadeado ao craque botafoguense.