Na manhã desta sexta-feira (13), um grupo de pais de crianças com condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA) realizou um protesto em frente à sede da Unidade Administrativa da Unimed Belém, na travessa Curuzu, no bairro do Marco. As famílias, que lutam pelo direito de pelo menos 34 pacientes, denunciam a suspensão dos atendimentos de reabilitação, que está parado há 14 dias nas clínicas conveniadas com o plano de saúde.
Entre os manifestantes, a bancária Luziana Corrêa, de 41 anos, relata que esses dias sem os tratamentos, que são essenciais para o desenvolvimento de seus dois filhos, de 3 e 5 anos, ambos diagnosticados com autismo, tiveram os tratamentos paralisados. Segundo Luziana, a interrupção dos serviços ocorreu devido à falta de pagamento por parte da Unimed Belém às clínicas conveniadas, como a Sâmia Salbé.
A bancária ainda revelou que, para garantir o atendimento, foi preciso recorrer à Justiça, que concedeu uma liminar obrigando a Unimed a custear as terapias. No entanto, mesmo com a decisão judicial, a cooperativa opta por pagar multas diárias pelo descumprimento da ordem em vez de regularizar os pagamentos das clínicas.
Nathalia Galdino, mãe de um menino de 7 anos com autismo e transtorno sensorial grave, compartilha a mesma angústia. Segundo ela, a demora na regularização do tratamento pode causar regressão no desenvolvimento de crianças neurodivergentes. “Meu filho precisa de terapia intensiva, ele tem autismo nível 3 de suporte. Inclusive, o meu filho tem um quadro grave, ele não é verbal e precisa de terapia intensiva. Ele faz também terapia por liminar numa clínica particular devido à escassez de tratamento que a Unimed tem para oferecer com as suas conveniadas. Uma semana ou duas sem tratamento já compromete significativamente o progresso”, explicou.
“Estamos indignados, e a cada dia sem atendimento, ficamos aflitos; e tem muitas mães que estão enfrentando problemas de saúde mental, com ansiedade e depressão, porque não é fácil manter as crianças fora das terapias”, complementou.
Nayara Barbalho, advogada e também mãe atípica, pontuou que essa interrupção no atendimento é um problema recorrente, com clínicas ameaçando suspender ou paralisando os serviços por conta de atrasos nos pagamentos.
Diante da situação, os manifestantes informaram que já procuraram o Ministério Público, estão reunindo documentação para uma ação coletiva e solicitaram uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). “Estamos em todas as esferas do governo, buscando apoio da sociedade para que essa situação seja resolvida. As terapias são urgentes, e nossos filhos não podem esperar”, afirmou Luziana.
NOTA – UNIMED
Em resposta ao protesto, a Unimed Belém informou que está em processo de negociação com as clínicas prestadoras de serviços aos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “A Cooperativa de saúde reforça que está à disposição para o diálogo e para prestar os esclarecimentos necessários aos seus beneficiários e prestadores de serviço”, finaliza.