SENTENCIADO A 12 ANOS

Preso, condenado e multado: entenda os crimes praticados por Wladimir Costa

A violência cometida pelas redes resultou na condenação pelos crimes de difamação majorada, extorsão, violência política de gênero e violência psicológica contra mulher.

A violência cometida pelas redes resultou na condenação pelos crimes de difamação majorada, extorsão, violência política de gênero e violência psicológica contra mulher.
A violência cometida pelas redes resultou na condenação pelos crimes de difamação majorada, extorsão, violência política de gênero e violência psicológica contra mulher. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

O ex-deputado federal Wladimir Costa foi condenado a 12 anos de prisão por ter cometido violência política ao fazer postagens ofensivas e expor a vida privada da deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA) em uma rede social.

A violência cometida pelas redes resultou na condenação pelos crimes de difamação majorada, extorsão, violência política de gênero e violência psicológica contra mulher. A possibilidade de recorrer em liberdade foi negada. A sentença foi proferida ontem, 9, pelo Tribunal Regional do Pará.

O TRE-PA  ordenou a imediata remoção das postagens ofensivas e condenou Wlad a pagar multa de um salário mínimo por dia durante 124 dias, somando R$ 175.088, período que equivale aos dias em que os posts ficaram expostos em rede social.

Wladimir foi preso preventivamente pela Polícia Federal no dia 18 de abril deste ano, por causa das publicações contra a deputada federal. Ele chegou a sugerir, durante a transmissão de uma live, que os seus seguidores apedrejassem a parlamentar.

Além de xingamentos, Wlad criou músicas contra ela, espalhou faixas pelas ruas de Belém e contratou carro de som para proferir palavrões contra Renilce. No mesmo dia da prisão de Wlad, a deputada divulgou uma nota sobre o caso. Ela disse que estaria sendo vítima há mais de seis meses de “toda sorte de crimes” cometidos por Wladimir contra ela.

Após sua prisão, em abril, o mesmo Tribunal  concedeu a ele um  habeas corpus. Mas em 14 de maio ele voltou para a prisão, após a Justiça Eleitoral suspender o pedido de habeas corpus. Desde então, Wladimir está preso e assim vai continuar já que a legislação penal brasileira estabelece que, quando a pena é superior a oito anos, a prisão só pode ser cumprida em regime fechado.

Carreira polêmica e coleção de crimes

Wladimir fez sua polêmica carreira política envolto em ataques, ofensas e injúrias, entre outros crimes, contra seus algozes e contra quem ousasse fazer críticas a temas não afetos a ele.  Foi assim que acabou sendo condenado a nove meses de prisão por injúria, em janeiro de 2023, por ofensas divulgadas na internet contra artistas como Wagner Moura, Sônia Braga, Glória Pires e o marido dela, o músico e cantor Orlando de Morais.

A decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) permitiu que ele cumprisse a pena em regime aberto. Em resposta à condenação, Wlad escreveu em uma rede social que não retirava “uma única vírgula” do que disse. “Minha mochila está pronta e um saco cheio de livros para puxar essa cana se necessário for, após nossos recursos que ainda serão impetrados pelos meus amigos advogados”, ressaltou.

As ofensas ocorreram em julho de 2017, quando Wlad era filiado ao partido Solidariedade. Na ocasião, Wlad disse que os artistas eram “vagabundos”, porque usariam fundos da lei Rouanet. Em discurso no plenário da Câmara, o parlamentar afirmou ainda que Wagner Moura era um “ladrão” e trocou o nome de Letícia Sabatella por “Letícia Mortadela”. O político também fez acusações contra Glória Pires e disse que o marido dela, Orlando de Morais, “nunca fez sucesso”.

Ele também ganhou notoriedade por estourar confetes no plenário da Casa no dia da votação do impeachment da então presidente, Dilma Rousseff. Já durante o processo de cassação de Eduardo Cunha, Wlad integrou a chamada “tropa de choque” do ex-presidente da Câmara, defendendo-o no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Em 14 de junho de 2016, mudou seu voto assim que a derrota de Cunha se tornou irreversível.

Wlad já foi condenado por abuso de poder

O mesmo Tribunal Regional Eleitoral condenou Wladimir em 19 de dezembro de 2017, por abuso de poder econômico e gastos ilícitos na campanha eleitoral no ano de 2014. No ano anterior, ele já havia sido condenado com a perda de mandato pelo TRE-PA. Na época, Wlad havia declarado que gastou R$ 642.457,48 mil durante sua campanha para a Câmara dos Deputados. No entanto, o valor teria sido bem maior, uma vez que ele não declarou R$ 149 mil em despesas de material gráfico e R$ 100 mil em outras despesas realizadas durante a campanha em 2014.

Wladimir tentou candidatar-se ao cargo de senador nas eleições de 2018, porém sua candidatura foi indeferida pelo TRE-PA, justamente por causa das condenações. Empresário, cantor, compositor, apresentador de TV e radialista, o ex-deputado é dono de rádios e de uma TV no Pará.

O DIÁRIO tentou contato com a defesa de Wladimir Costa e com a assessoria de Renilce Nicodemos, sem obter retorno.