Em comemoração ao Dia da Independência do Brasil, celebrado em 7 de setembro, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), através do Arquivo Público do Estado do Pará (Apep), apresenta a exposição “A Independência do Brasil no Pará: as correspondências de José Bonifácio com o Grão-Pará”. A abertura ocorreu ontem (9), e o público pode visitar a mostra gratuitamente até 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.
“Esta exposição reúne documentos do Arquivo Público, referentes ao período de setembro de 1822, tanto antes quanto depois do dia 7 de setembro. Todos os documentos são assinados por José Bonifácio, que é reconhecido como um dos principais mentores da independência. Embora Dom Pedro I seja frequentemente lembrado por ter dado o grito do Ipiranga, sua importância é indiscutível; no entanto, por trás dele estavam os conselhos de José Bonifácio. É por isso que o consideramos o grande mentor da independência”, esclarece o diretor do Apep, Leonardo Torii.
A mostra inclui as correspondências de José Bonifácio com os governantes da Província do Grão-Pará. Esses registros, datados de períodos anteriores e posteriores ao processo de independência, revelam a preocupação de Bonifácio em estabelecer um diálogo constante com a província. O Grão-Pará abrangia uma vasta região que envolvia quase toda a Amazônia Legal.
PERSPECTIVA
O diretor do Apep explica que o objetivo da exposição é trazer uma perspectiva regional sobre o 7 de setembro. “Poucas pessoas têm conhecimento sobre como ocorreu a transição de governo em nosso Estado. É importante lembrar que éramos uma colônia portuguesa e, no dia 7 de setembro, o Brasil conquistou sua independência. No entanto, a província do Grão-Pará não desejou integrar-se ao Brasil, preferindo manter-se ligada a Portugal. Essa correspondência entre as autoridades locais e José Bonifácio é crucial para compreendermos o contexto pós-independência e entender as razões pelas quais o Grão-Pará rejeitou a união com o Brasil, evidenciando uma intensa troca de correspondências que já acontecia antes da independência”, descreve.
“Nós expusemos o ato de adesão e a talha para enfatizar que o Pará, em um primeiro momento, não aceitou a independência. Na verdade, a aceitação ocorreu quase um ano depois. Existe também uma correspondência de uma autoridade portuguesa, que basicamente dizia: “se algum navio brasileiro chegar aqui, nós vamos bombardear”, o que pode ser considerada uma ameaça. Isso ilustra a posição estratégica da província do Grão-Pará. Para o Brasil, que estava se formando como nação, perder essa província não era vantajoso, assim como para Portugal não era interessante ceder essa área. Portanto, essa província era estratégica para os dois impérios, o brasileiro e o português. Essa troca constante de correspondências entre o Rio e Lisboa se deu exatamente para acompanhar como as autoridades locais estavam lidando com a questão da independência”, acrescenta.
O Arquivo Público está acessível ao público, permitindo que qualquer cidadão tenha a possibilidade de consultar esses documentos que abrangem um período extenso, desde a era colonial até a fase republicana. “A consulta é aberta a todos os cidadãos, uma vez que se trata de documentos públicos. A principal finalidade do Arquivo Público é assegurar a melhor conservação possível desses materiais, empregando técnicas de preservação, e disponibilizar as informações contidas neles”, finaliza Leonardo Torii.