GERSON NOGUEIRA

Remo, Paysandu e obsessão pela Série B

Uma situação curiosa une neste momento os dois grandes rivais do futebol paraense: PSC e Remo têm a Série B como objeto de desejo

 Felipe Sacramento
Felipe Sacramento

Uma situação curiosa une neste momento os dois grandes rivais do futebol paraense: PSC e Remo têm a Série B como objeto de desejo, reféns da mesma obsessão. Um quer a todo custo permanecer e o outro sonha com o acesso à Segunda Divisão nacional.

São pretensões legítimas. O PSC subiu no ano passado e obviamente não quer desperdiçar o espaço tão arduamente conquistado. Como tem no momento 27 pontos, vai precisar conquistar pelo menos mais 18 pontos para alcançar os 45 considerados seguros para evitar o rebaixamento.

Não é uma missão simples. Restam 13 partidas (39 pontos) e o time está há nove rodadas sem vencer. A necessidade de quebrar essa sequência é tão premente quanto fundamental para recolocar o PSC na briga para alcançar a pontuação pretendida.

Será necessário vencer seis jogos, tarefa desafiadora para quem só conseguiu cinco vitórias em 25 rodadas. As próximas partidas serão contra Guarani (casa), América-MG (fora) e Sport (casa). Para recobrar a confiança, é fundamental ganhar os seis pontos como mandante.  

Já o Remo trava uma batalha pelo acesso à Série B, dependendo exclusivamente de suas forças para atingir o objetivo. Para um time que patinou na fase de classificação e entrou na bacia das almas, o começo da campanha no quadrangular foi auspicioso.

Com a vitória sobre o Botafogo-PB, líder geral da 1ª fase com 41 pontos, o Leão se credenciou para avançar em busca da vaga dentro do grupo B, que tem ainda a participação de São Bernardo e Volta Redonda.

Os trunfos azulinos se concentram na evolução demonstrada nas últimas apresentações, consolidando um sistema de jogo (3-4-3) que oscilou nas primeiras rodadas sob o comando de Rodrigo Santana.

Depois de insistir muito com a configuração de três zagueiros e utilizar jogadores diferentes na escalação, o técnico finalmente parece ter encontrado a formação ideal tanto na defesa quanto no meio-de-campo, desde a chegada do volante Bruno Silva.

Caso Leão e Papão tenham êxito em seus projetos, o Pará realizará o sonho de ter seus principais representantes na Série B depois de anos de espera.

Defesa é arma azulina contra o São Bernardo

Após a excelente estreia no quadrangular, derrotando o Botafogo paraibano, o Remo se prepara para o segundo desafio. O adversário é o São Bernardo, nesta segunda-feira à noite, no interior paulista. Na briga pela liderança do Grupo B, o Leão tem que pontuar.

Ao longo da competição, foram duas vitórias fora de Belém, contra o Sampaio Corrêa e o Caxias. Nos dois jogos, o mérito esteve na capacidade de saber sofrer. Muito pressionado, o time sentia ainda os efeitos da pouca efetividade do sistema implementado por Rodrigo Santana.

Aos poucos, com vitórias em casa e tropeços fora, a campanha foi avançando. Desta vez, não perder faz toda a diferença. Deixaria o time invicto, avançando na pontuação e segurando o São Bernardo.

Os treinos da semana indicaram que Ligger e Bruno Silva voltam ao time e Ytalo deve ser mantido no comando do ataque. A defesa, ponto alto – apenas 2 gols sofridos nos últimos cinco jogos – do time, começando pela segurança de Marcelo Rangel no gol, terá papel crucial.  

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em debate, a caminhada de PSC e Remo nas Séries B e C. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Decisão tardia para um desfecho esperado

Foto: Jorge Luis Totti/PSC

Quando Hélio dos Anjos foi demitido, na madrugada de sexta-feira, 15 minutos após a entrevista coletiva que concedeu sobre o jogo com o Amazonas, fechou-se um ciclo de um ano de trabalho à frente do PSC. O período foi farto em vitórias importantes – acesso à Série B, Copa Verde e Parazão 50 – e em tretas desnecessárias.

Hélio, técnico à moda antiga que se orgulha dessa condição, não é propriamente um primor de sociabilidade. Problemas de relacionamento pipocaram ainda no período anterior ao Brasileiro. O mais notório foi a cisma com Esli García, que havia caído nas graças da torcida.

Aparentemente incomodado com a popularidade de Esli, o técnico barrou o atacante inúmeras vezes e atribuiu a ele problemas de condicionamento. Na Série B, para surpresa geral, Esli virou o artilheiro do Papão, fato que não melhorou a relação com Hélio, muito pelo contrário.

As últimas carraspanas ganharam visibilidade após o golaço de Esli contra o Goiás. O olhar dirigido ao treinador ganhou as redes sociais, confirmando que algo ia mal nas internas. 

Antes, houve o barraco com o executivo Ari Barros. As coisas azedaram e Hélio deu um ultimato à diretoria, pedindo a cabeça do desafeto. Ganhou a briga e Ari foi dispensado. Talvez ali fosse o momento certo para encerrar o ciclo. 

Os 9 jogos sem vitória acentuam e refletem a crise interna. A derrota para o Amazonas foi apenas a gota d’água para o epílogo, mas palavras mal formuladas por Hélio na entrevista final também ajudaram na queda.

O novo comandante será anunciado neste fim de semana. Como o fim do casamento parecia próximo, é improvável que o PSC não tenha encaminhado um plano B nas últimas semanas. Logo descobriremos quem é o escolhido para a missão de reabilitar o time no campeonato.