A influenciadora Deolane Bezerra usava um relógio de ouro branco cravejado por brilhantes no momento em que foi presa, nesta quarta-feira, em Recife. A joia da marca de luxo Cartier custa R$ 570 mil e foi entregue pela investigada ao seu advogado, após a detenção. Na ocasião, a suspeita de lavagem de dinheiro e jogo ilegal também vestia roupas avaliadas num total de mais de R$ 30 mil.
O relógio de Deolane é um Panthère de Cartier, modelo mini, movimento de quartzo. “Caixa e pulseira em ouro branco 750/1000 banhado a ródio com diamantes de corte brilhante. Coroa octogonal em ouro branco 750/1000 banhado a ródio com um diamante de corte brilhante. Mostrador prateado, ponteiros em aço azulado em forma de espada, cristal de safira”, diz a descrição da joia.
No “termo de qualificação de interrogatório”, que consta no processo judicial que O GLOBO teve acesso, Deolane solicita que os objetos pessoais que estava usando no momento da prisão sejam entregues ao advogado Carlos Eduardo Ramos Barros.
Dona de 12 mansões, carros de luxo e um sem-número de joias, Deolane trajava apenas peças de grife, dos pés à cabeça, no momento em que foi encaminhada para o Instituto Médio Legal (IML) do Recife para realizar o exame de corpo de delito, como apurou o GLOBO.
Na ocasião, antes de ser encarcerada, ela utilizava uma jaqueta preta da marca italiana Prada, do modelo Cropped Re-Nylon, que é hoje vendida por R$ 15 mil. A influenciadora digital também vestia uma calça em gabardine do mesmo modelo e grife, e que atualmente custa R$ 8,9 mil. Nos pés, uma sandália da marca Hermès, do modelo Chypre, que pode ser encontrada por R$ 6,4 mil.
Em depoimento prestado nesta quinta-feira, o dono da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, foi questionado sobre a venda de uma Lamborghini avaliada em R$ 4 milhões para a advogada Deolane Bezerra. Essa transação e outras movimentações financeiras relacionadas a compra e venda de itens de luxo são investigadas pela Polícia Civil como indício de lavagem de dinheiro, afirma ao GLOBO o advogado do empresário, Ademar Rigueira.
De acordo com ele, o seu cliente também foi questionado sobre a legalidade das operações da empresa e afirmou que a Esportes da Sorte estava em conformidade com a legislação brasileira. Darwin Filho, e sua mulher se entregaram à Polícia Civil de Pernambuco, nesta quinta-feira.
– Ele foi questionado sobre os bens que ele adquiria de maneira absolutamente legal e eram declarados em seu Imposto de Renda. Inclusive, outras pessoas, como a própria Deolane, também estão sendo investigadas por essas movimentações financeiras, o que é um absurdo – disse ele.
A defesa de Deolane foi procurada pela reportagem, mas não respondeu os questionamentos levantados. O espaço segue em aberto.
*Entenda o caso da compra do carro de luxo por Deolane
Documentos levantados pelo GLOBO mostram que o veículo, uma Lamborghini Urus modelo 2023, está em nome atualmente da Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda, empresa que tem como sócias Deolane e sua irmã, Daniele.
O veículo, de acordo com a Tabela Fipe, tem preço médio de R$ 3,9 milhões. Deolane vem usando o carro pelo menos desde fevereiro deste ano, conforme registros em redes sociais. O carro foi alvo de mandado de busca e apreensão por parte da 12ª Vara Criminal de Pernambuco, na mesma decisão que levou à prisão de Deolane e de outros alvos da investigação.
Segundo a polícia, há indícios de atuação de uma organização criminosa que promove jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Um dos envolvidos é Darwin Henrique da Silva Filho, diretor-executivo da Esportes da Sortes, plataforma de apostas esportivas — as chamadas “bets” — que patrocina diversos times de futebol no Brasil. O empresário, que também é alvo de mandado de prisão, havia importado a Lamborghini em 2023 através de uma de suas empresas, a Sports Entretenimento e Promoção de Eventos Esportivos Ltda.
Como é a Lamborghini de luxo?
A base de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) aponta que o veículo é movido a gasolina, tem 666 cavalos de potência e motor de 3966 cilindradas. Há duas multas registradas para o veículo neste ano, em fevereiro e em março, ambas em São Paulo, por excesso de velocidade e circulação em data e horário não permitidos pelo rodízio. De acordo com o portal “Metrópoles”, Deolane confirmou, em depoimento à Polícia Civil, que comprou o veículo de Darwin.
Como começou a investigação?
A investigação teve início depois que uma operação policial em Pernambuco encontrou conexões entre uma banca de jogo do bicho no Recife, chamada Caminho da Sorte, e a bet Esportes da Sorte. O dono do ponto de contravenção foi identificado pela polícia como Darwin Henrique da Silva, pai do diretor da Esportes da Sorte. Na banca de bicho, foram encontradas placas e materiais em alusão à Esportes da Sorte.
Rio (AG)