FICA A DICA

Um mês sem álcool é suficiente para dar aliviar o fígado e reduzir risco de câncer

Você já imaginou ficar um mês sem consumir bebida alcoólica? A ideia é sofrida? Pois saiba que essa sensação já indica um consumo abusivo.

Você já imaginou ficar um mês sem consumir bebida alcoólica? A ideia é sofrida? Pois saiba que essa sensação já indica um consumo abusivo.
Você já imaginou ficar um mês sem consumir bebida alcoólica? A ideia é sofrida? Pois saiba que essa sensação já indica um consumo abusivo.

Você já imaginou ficar um mês sem consumir bebida alcoólica? A ideia é sofrida? Pois saiba que essa sensação já indica um consumo abusivo.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo diário tolerado é de até duas doses para homens e uma para mulheres. Uma dose de álcool equivale, por exemplo, a uma lata de 350 ml de cerveja, uma taça de 150 ml de vinho ou uma dose de 45 ml de bebida destilada.

Para aqueles que consomem uma quantidade maior, os médicos recomendam ficar um mês sem álcool de tempos em tempos. O período é suficiente para aliviar o fígado, reduzir o risco de doenças cardiovasculares, de cânceres, melhorar o sono e perder peso (uma única taça de vinho tinto, para se ter uma ideia, tem 107 kcal).

Mas antes de chegar a esse ponto, saiba os cinco sinais ocultos de que há exagero no consumo de bebidas alcoólicas (que vão muito além da ressaca).

Sono ruim

Algumas bebidas à noite provavelmente farão você adormecer mais rápido do que o normal, porém, o sono será irregular. Isso acontece porque o álcool acaba “fragmentando” as fases do sono, sejam elas as mais profundas ou as mais leves.

Na primeira metade da noite, quando os níveis de álcool ainda estão altos no sangue, a pessoa dormirá profundamente e sem sonhos, visto que ele atua no ácido gama-aminobutírico, ou GABA, um neurotransmissor que inibe os impulsos entre as células nervosas e tem efeito calmante. O álcool também pode suprimir o sono REM, quando ocorre a maioria dos sonhos e descanso e restauração do cérebro.

À medida que os níveis diminuem, começam os problemas de sono fragmentado. Além de ter sonhos mais vívidos e estressantes que não o deixam descansar, o álcool também é um diurético, o que significa que você pode acordar mais vezes para ir ao banheiro.

Aumento no risco de ansiedade e depressão

Um dos efeitos mais famosos da bebida em excesso é a ressaca no dia seguinte. Dores de cabeça, fadiga, enjoo, vômitos e até desânimo. Isso ocorre porque o corpo luta para voltar ao seu estado normal, reduzindo a atividade do GABA e aumentando a de um químico excitatório chamado glutamato, segundo a psiquiatra de Manhattan Ellen Vora.

– Além disso, bebidas alcoólicas, como coquetéis mistos, podem conter muito açúcar e, depois de metabolizá-lo, podemos sofrer uma queda de açúcar no sangue – diz Vora.

Em resposta, o corpo libera hormônios do estresse, incluindo cortisol e adrenalina, que induzem o fígado a liberar glicogênio e normalizar os níveis de açúcar. Fieis ao nome, esses hormônios do estresse causam esgotamento mental que, de acordo com Vora, pode parecer idêntico à ansiedade ou ao pânico. Esses efeitos podem começar no meio da noite e continuar na manhã seguinte.

– As ressacas muitas vezes fazem você se sentir ansioso e deprimido por horas e até dias. Se você já se sente ansioso ou triste, beber pode piorar isso, então diminuir o consumo pode deixá-lo com um humor melhor. O álcool pode nos deixar assim porque ele é um depressor – explica a clínica geral Hana Patel.

Para diminuir o risco de sentir-se ansioso no dia seguinte, os especialistas recomendam não beber com o estômago vazio, comer enquanto bebe e se manter bem hidratado. Na manhã seguinte, invista em proteínas e fibras e faça exercícios leves, como caminhada ou ioga.

Baixa libido

O álcool pode inicialmente ter um efeito estimulante sobre hormônios como serotonina, dopamina e testosterona, o que pode aumentar o desejo sexual, no entanto, com o tempo, esses níveis diminuem. Os poucos dados que existem sugerem um padrão:

– O uso crônico e pesado de álcool tem sido associado à disfunção erétil e à ejaculação precoce em homens. Pesquisas também relacionam o consumo de álcool à disfunção sexual (problemas persistentes de resposta sexual, desejo e orgasmo) em mulheres – argumenta Laurie Mintz, professora emérita de psicologia da Universidade da Flórida .

Se estiver enfrentando anorgasmia (que consiste em orgasmos retardados, pouco frequentes ou nenhum orgasmo), seu primeiro passo deve ser entrar em contato com um médico ou terapeuta que possa orientá-lo.

Alterações no ciclo menstrual

Estudos também sugerem que o consumo excessivo de álcool pode prejudicar a saúde menstrual.

-Pesquisas mostram que o etanol no álcool pode interromper a forma como a glândula pituitária, que produz hormônios, interage com o hipotálamo, a região do cérebro responsável pela regulação emocional e pelos ovários. Essas interações são chamadas de eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HPG) – afirma Carolina Goncalves, farmacêutica superintendente da Pharmica.

O consumo de álcool pode interromper a secreção do hormônio luteinizante (LH) e do hormônio folículo-estimulante (FSH), ambos parte do eixo HPG, o que pode afetar a maturação dos folículos ovarianos e como a ovulação é desencadeada, resultando em alterações hormonais e fisiológicas que podem causar irregularidades nos ciclos.

Doença hepática

As mortes anuais causadas por doenças no fígado estão aumentando. Nos EUA, por exemplo, subiram 39% nos últimos anos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). As taxas de mortalidade são mais altas em homens e adultos com idade entre 50 e 64 anos, embora estejam aumentando mais rapidamente entre mulheres e adultos mais jovens.

O primeiro estágio da doença é a esteatose hepática, ou esteatose. Isso ocorre quando a gordura se acumula no fígado, responsável por metabolizar o álcool. No Brasil a prevalência geral de esteatose está estimada em 18%. Na segunda fase, o consumo abusivo ativa o sistema imunológico, causando inflamação no órgão. Se esse dano continuar, o tecido cicatricial pode se acumular no fígado, levando ao terceiro estágio, a cirrose. Aproximadamente 20% das pessoas com esteatose hepática relacionada ao álcool podem progredir para cirrose.

Algumas pessoas também desenvolvem hepatite associada ao álcool, que é uma inflamação severa do fígado. Tanto a cirrose hepática quanto a hepatite associada ao álcool podem ser fatais.

– As pessoas estão bebendo mais pesado do que antes, esse é o maior fator – diz Jessica Mellinger, professora de gastroenterologia na Universidade de Michigan.

Texto de: Eduardo F. Filho (AG)