CULTURA

Projeto de graffiti leva a arte para os muros da Uepa

Circuito de Artes Urbanas tem como objetivo ofertar atividades físicas e recreativas, como forma de valorização da arte

Foto: Antônio Melo
Foto: Antônio Melo

Um paredão de cores chama a atenção pela beleza na travessa Djalma Dutra, em Belém. Após a revitalização das calçadas de todo o quadrante do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), no bairro do Telégrafo, no sábado (31) foram finalizadas as atividades do projeto de graffiti “Circuito de Artes Urbanas” nos muros externos da instituição. A atividade é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), o CCSE/Uepa e de um grupo de grafiteiros de Belém e da Federação de Skate do Pará (FPSK).

A programação encerrou com a conclusão dos painéis no muro da Uepa e teve também oficinas gratuitas de graffiti e apresentações de hip-hop e skate. O projeto “Circuito de Artes Urbanas” tem como objetivo ofertar atividades físicas e recreativas, como forma de valorização da arte. A temática escolhida para adornar os 150 metros de muro foi a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), com graffitis que exaltam a biodiversidade amazônica e a cultura dos povos originários. A indígena Tuíre Kayapó, uma das maiores lideranças indígenas do Pará e que faleceu no início de agosto, foi homenageada em um dos painéis.

Ao todo, 20 artistas participaram da confecção dos sete painéis, que começaram a ser feitos na segunda-feira (26), culminando com o evento aberto durante o sábado para toda a comunidade do entorno. O material utilizado nas atividades foi fornecido pela Seel e pela direção do CCSE/Uepa. “A ideia é transformar este espaço, antes escuro e sujo, e foi dada a oportunidade para os artistas fazerem a arte, que hoje dá vida aqui”, destaca Frederico Bicalho, vice-diretor do CCSE/Uepa.

O coordenador do projeto, Deyvid Henrique, 40 anos, explica que a proposta de trazer a temática da COP 30 foi devido a reflexão sobre a valorização do meio ambiente e da cultura amazônica, temas que ganham atenção mundial devido a realização da COP 30, em Belém. “Tivemos o envolvimento de muita gente. É uma oportunidade de mostrar o talento de artistas daqui, promovendo conscientização sobre a fauna, flora e folclore da nossa região para quem passa por aqui”.

A grafiteira Emely Paz, 21 anos, desde criança esteve envolvida com a cultura hip-hop e graffiti e teve contato logo na infância com o spray, instrumento utilizado para a confecção do graffiti. “Meu pai trabalhava com graffiti e herdei dele a paixão por essa arte”, comenta. Emely foi uma das artistas que ajudaram a confeccionar um dos painéis no muro da Uepa e ressalta ainda que no contexto atual, “é importante a arte promover uma reflexão sobre a importância do meio ambiente e da Amazônia”.

Larissa Nascimento, 22 anos, trabalha com graffiti há um ano. A paixão pela arte de desenhar surgiu ainda pequena, quando observava, admirada, os desenhos de mecânica do pai e do avô. Encantada com os desenhos, decidiu, já adulta, realizar o sonho de trabalhar com graffiti. Um dos painéis confeccionados na Uepa foi realizado por ela. “O graffiti é uma dedicação além do desenho e é um reflexo social. Nossas inspirações são o nosso contexto amazônico. E é importante também ter a participação feminina no graffiti, com mais representatividade de gênero”.