Manter um cardápio saudável, com alimentos de origem vegetal e pouca gordura animal, reduz a predisposição ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e controle da doença no Brasil. A alimentação e nutrição inapropriadas são classificadas como a segunda causa de câncer que pode ser prevenida.
O nutricionista Thiago Cruz, da Divisão de Nutrição e Dietética do Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia na região Norte do País, explica como os alimentos in natura podem ser aliados na manutenção da qualidade de vida, assim como na prevenção e no tratamento do câncer. “Os fatores nutricionais podem contribuir com o surgimento do câncer, tratá-lo e até mesmo preveni-lo”, afirma.
Segundo ele, devemos evitar ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados (prontos para o consumo), com excesso de açúcar (um dos principais fatores para o aparecimento de câncer) e de aditivos alimentares (corantes, conservantes, acidulantes etc.), considerados xenobióticos (substâncias estranhas ao nosso organismo). “Essas substâncias são adicionadas aos alimentos com o intuito de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, para dar mais validade aos alimentos e deixá-los mais atrativos”, explica o especialista.
Alguns alimentos ultraprocessados, como embutidos (mortadelas, presuntos, linguiças) contêm também nitritos e nitratos, conhecidos como potencializadores para o surgimento de cânceres, principalmente de estômago e intestino. Thiago Cruz ressalta que, isoladamente, “não são determinantes para desencadear a doença”. Outros fatores estão associados ao aparecimento de cânceres, como sedentarismo, genética, tabagismo, consumo de bebida alcoólica e estresse.
Boa nutrição – O nutricionista destaca que frutas, verduras, legumes e cereais integrais são fundamentais, porque possuem nutrientes e compostos antioxidantes, anti-inflamatórios e imunomoduladores essenciais a uma boa nutrição. Eles auxiliam as defesas naturais do corpo e combatem os agentes carcinogênicos, reduzindo os radicais livres. “Devemos dar preferência, caso seja possível, para aqueles alimentos mais orgânicos, livres de agrotóxicos e de qualquer outra substância que seja artificial, dentro de nossas possibilidades”, orienta o profissional.
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Os alimentos ricos em fibras também são importantes na prevenção de câncer de estômago e intestino, pois regulam o funcionamento desses órgãos e reduzem o tempo de contato de substâncias que causam câncer com as paredes intestinais. As fibras podem ser encontradas em frutas, legumes e hortaliças.
Os hábitos alimentares adequados contribuem ainda para o controle da doença e redução do risco de recidiva. Quando o paciente já apresenta um tumor, deve evitar o consumo em excesso de carboidratos, especialmente açúcar refinado. Precisa ainda manter uma alimentação mais natural possível e rica em antioxidantes.
“É importante consumir fontes de carotenóides, encontrados em alimentos na cor laranja, e de resveratrol e antocianinas, compostos encontrados principalmente em alimentos de coloração roxa, como uva, mirtilo, açaí, amora, framboesa e morango. Também são indicados aqueles ricos em vitamina A, como as vísceras de animais (fígado e moela) e ovos”, destaca.
Melhor evitar – Os alimentos conservados em sal e ultraprocessados possuem grande quantidade de sódio e temperos aditivos. Devem ser evitados charque, mortadela, apresuntados, carnes enlatadas e alimentos em pacote, como salgadinhos Caso sejam consumidos em excesso, ocasionam irritação gástrica que surge em forma de gastrite, podendo evoluir para úlcera e até mesmo para o processo chamado metaplasia, e originar um tumor.
“A alimentação pode estar associada ao aparecimento de tumores. A ingestão de alimentos inadequados pode contribuir não somente para o aparecimento de câncer de estômago, mas de outros tipos de neoplasias, como de cabeça e pescoço, de reto e intestinal. Os xenobióticos podem contribuir para o desenvolvimento de qualquer tipo de câncer, e até mesmo afetar a imunidade. Por isso, também contribuem para o surgimento dos cânceres hematológicos, porque as células sanguíneas e de defesa do sangue acabam sendo afetadas igualmente pela má alimentação”, ressalta o nutricionista.
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