CULTURA

Exposição recria animais que viveram há 20 milhões de anos

A partir deste sábado (31), o Centro de Exposições Eduardo Galvão, localizado no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém

O Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
O Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

A partir deste sábado (31), o Centro de Exposições Eduardo Galvão, localizado no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, abrirá as portas para a exposição “Fóssil Vivo”. A exposição tem a proposta de levar os visitantes a uma viagem de 20 milhões de anos no tempo, quando uma parte da área era ocupada por um ambiente principalmente marinho, habitado por espécies que hoje estão extintas. Com o apoio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, a mostra “Fóssil Vivo” estará disponível para visitação até dezembro de 2024.

Sob a curadoria do cientista social e cineasta Adriano Espínola Filho, a exposição se concentra em fósseis oriundos de dois contextos distintos. Na primeira parte, os visitantes poderão explorar, por meio da tecnologia de realidade aumentada, os animais da Formação Pirabas, que remonta ao Mioceno, época em que o mar se expandia sobre uma área da bacia amazônica. Já na segunda parte, os participantes terão a oportunidade de conhecer os animais da Megafauna do Pleistoceno, utilizando a realidade virtual.

“A proposta da exposição visa trazer à vida os fósseis que foram extintos há milhões de anos. Com o auxílio da tecnologia, conseguimos recriá-los, permitindo que os visitantes os vejam como se ainda estivessem vivos”, explica. “Estamos explorando dois momentos distintos da história da Amazônia. O primeiro remonta a 20 milhões de anos, conhecido como Formação Pirabas, quando a região era ocupada pelo mar. Nesse contexto, apresentamos alguns animais marinhos que habitavam o nordeste do Pará, cuja existência surpreende a muitos”, descreve.

A fauna mostrada data de aproximadamente 11 mil anos, um período mais recente em que diversos animais coexistiram com os seres humanos nesta região, como a preguiça gigante e o tatu gigante.

Em colaboração com o Museu Goeldi e patrocinada pelo Instituto Cultural Vale, a exposição também tem como objetivo destacar a pesquisa empreendida pelos paleontólogos da instituição. “Além das peças fossilizadas, temos também três documentários que retratam a atuação do paleontólogo, evidenciando seu trabalho de campo. Visitamos a região de Salinas para mostrar como ele realiza a coleta de materiais e a análise em laboratório”, acrescenta o curador.

Os fósseis apresentados na exposição estão preservados na Coleção Paleontológica do Museu Goeldi e são utilizados como material para uma variedade de estudos sobre a história paleoambiental da Amazônia. Eles foram obtidos em localidades paleontológicas nos municípios paraenses de Salinópolis, Capanema, São João de Pirabas e Itaituba, sendo cuidadosamente analisados e catalogados por pesquisadores da instituição.

A doutora Maria Inês Feijó Ramos, responsável pela curadoria da Coleção Paleontológica do Museu Emílio Goeldi, afirma que as espécies em exibição representam a biodiversidade local e ajudam a reconstituir o ambiente natural de períodos anteriores. Além de serem importantes para entender os efeitos das mudanças climáticas que afetaram a Amazônia.

“A seleção dos fósseis teve início com a proposta do curador de unir a tecnologia às amostras fósseis presentes em nossos acervos. Com isso, buscamos incluir peças que não só fossem visualmente impactantes, mas que também representassem a riqueza da nossa região, como nosso litoral. Essa área é bastante acessível e recebe um grande número de visitantes, muitos dos quais desconhecem a existência dos fósseis que ali se encontram”, conclui.

A exposição inclui as espécies Galeocerdo mayumbensis (o tubarão), Portunus haitiensis (o siri), Clypeaster lamegoi (a bolacha de praia), Aetomylaeus cubensis (a arraia), Cypraea macrovoluta (um gastrópode), além dos representantes da Megafauna: Notiomastodon, Xenorhinotherium, Glyptodon e Eremotherium. Os fósseis foram obtidos em afloramentos superficiais ou em minas escavadas por paleontólogos. Após a coleta, o material é levado ao laboratório, onde passa por um processo de tratamento, limpeza, catalogação e estudo. Esses fósseis são empregados em investigações científicas, bem como em atividades educativas, como oficinas e exposições de divulgação do conhecimento científico.