Diante da demanda crescente por geração de energia, as edificações erguidas nas cidades precisam considerar modelos que busquem uma maior eficiência energética. Neste sentido, faz parte do projeto de execução a adoção de tecnologias que possibilitem um menor consumo de energia, sem que isso afete as necessidades daquela edificação.
O pesquisador do Centro de Excelência em Eficiência Energética na Amazônia (Ceamazon) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Bruno Albuquerque, explica que a chamada eficiência energética em edificações está relacionada a um conjunto de práticas e tecnologias que são aplicadas na construção e operação de edifícios com o objetivo de minimizar o consumo de energia, sem comprometer o conforto e a funcionalidade dos espaços. Uma solução que ele considera essencial para garantir um desenvolvimento urbano mais sustentável e resiliente, sobretudo em um cenário global onde a demanda por energia continua a crescer.
“Este conceito envolve a otimização do uso de recursos energéticos através de estratégias como o design arquitetônico inteligente, o emprego de materiais que promovem isolamento térmico e acústico, e a incorporação de fontes de energia renovável”, exemplifica. “Além de reduzir custos operacionais, a eficiência energética contribui significativamente para a sustentabilidade ambiental, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa e o impacto ecológico das construções”.
Diante deste cenário, o pesquisador considera que, hoje, diversas abordagens e tecnologias já estão disponíveis para que seja possível construir edificações mais eficientes energeticamente. Algumas delas, segundo destaca Bruno Albuquerque, envolvem a inclusão e utilização de um design arquitetônico passivo, com o uso de materiais de construção sustentáveis e isolantes, sistemas que aproveitem a disponibilidade de ventilação e iluminação natural.
“Outra possibilidade é por meio de sistemas ativos que vão da substituição de lâmpadas e ar-condicionados por outros de tecnologias mais eficientes, além da incorporação de energias renováveis, como painéis solares e turbinas eólicas”, aponta.
Entre as tecnologias de eficiência energética que podem ser utilizados em modelos de edifícios verdes, o pesquisador destaca, por exemplo, sistemas Fotovoltaicos que convertem energia solar em eletricidade; isolamento térmico e acústico; utilização de materiais que minimizam a troca de calor, reduzindo a necessidade de aquecimento ou resfriamento artificial; dentre outros.
“Em regiões como o Pará, onde o clima é quente e úmido, tecnologias como o uso de materiais com alta inércia térmica, sombreados naturais, e sistemas de ventilação natural têm grande potencial, além dos sistemas de geração de energia solar, que são viáveis devido à alta incidência solar”.
O próprio clima quente e úmido que caracteriza o Pará, e que naturalmente eleva a demanda por refrigeração e ventilação no Estado, aumenta a relevância e a necessidade de se buscar a adoção de modelos de edificações preocupados com uma maior eficiência energética. Não à toa, Bruno Albuquerque avalia que essa tem sido uma preocupação muito presente no próprio mercado.
“A eficiência energética tem se tornado uma preocupação cada vez maior no mercado atual, especialmente em meio à crescente pressão para mitigar as mudanças climáticas e avançar na transição energética. Eventos como a Conferência das Partes (COP) têm desempenhado um papel crucial ao destacar a importância da transição para fontes de energia mais limpas e eficientes”, considera o pesquisador.
“Essas conferências incentivam governos e empresas a adotarem práticas que não apenas diminuem o consumo de energia, mas também contribuem para a redução das emissões de carbono, reforçando o compromisso global com a sustentabilidade. Nesse contexto, a eficiência energética emerge como uma estratégia-chave para alcançar as metas estabelecidas nesses eventos internacionais, impulsionando o desenvolvimento de tecnologias e políticas que promovem o uso racional da energia em edificações e outras áreas”.
E esse uso racional da energia não precisa, necessariamente, passar por soluções de alto custo. Quando se consideram as possibilidades de promoção da eficiência energética em edificações, o pesquisador destaca que há modelos que demandam um investimento financeiro mais elevado, mas também é possível adotar medidas de menor custo.
“A eficiência energética em edificações pode ter custos variados, desde investimentos mais altos, como sistemas fotovoltaicos e automação predial, até opções mais acessíveis, como iluminação LED, ventilação natural e aquecimento solar de água”, exemplifica.
“Além do custo inicial, é importante considerar o potencial de retorno financeiro de cada solução. Por exemplo, sistemas fotovoltaicos podem ter um alto custo inicial, mas geralmente se pagam em 3 a 4 anos para consumidores residenciais e possuem uma longa vida útil. Além disso, campanhas de eficiência energética frequentemente ajudam populações de baixa renda a trocar seus eletrodomésticos por modelos mais eficientes, promovendo economia de energia e redução de custos”.