FÁBIO PUPO E VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou neste domingo (1º), logo após sua posse, as primeiras medidas na área econômica, entre as quais uma determinação para que os ministros tomem providências para retirar as estatais do programa de privatizações.
A medida atinge em especial a Petrobras e os Correios, que estavam em processo para privatização já sob análise de membros do TCU (Tribunal de Contas da União). Também deve ficar de fora da lista para a venda empresas como a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).
Lula já havia afirmado em discurso após sua eleição que as privatizações iriam acabar no país, o que provocou reações no mercado financeiro.
Ainda durante a campanha eleitoral, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), então coordenador da área de óleo e gás, afirmou que Lula cogitava retirar a Petrobras do programa de desestatização. A inclusão da estatal no Programa Nacional de Desestatização foi a primeira medida do ex-ministro de Minas e Energia de Jair Bolsonaro (PL), Adolfo Sachsida.
Prates disse que a petroleira continuaria sob controle da União e defendeu ainda a revisão da política de desinvestimento da companhia -venda de refinarias e dutos de gás. Para rever essas medidas, no entanto, a Petrobras terá de romper acordo assinado com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em troca da suspensão de processos sancionadores por suposto abuso de poder econômico.
Neste domingo (1º), Lula confirmou a retirada da Petrobras da lista das privatizações. Também barrou a venda dos Correios e da EBC.
O projeto que abre caminho para a privatização dos Correios foi aprovado pela Câmara dos Deputados em agosto de 2021 por 286 votos a favor e 173 contrários. Foi um projeto do ex-ministro das Comunicações Fábio Faria.
Desde então, está parado no Senado -atualmente, aguarda apreciação pela Comissão de Assuntos Econômicos.
No caso da EBC, o governo pretende manter a emissora sob controle estatal, mas deve sugerir separar os canais da EBC que tratam da comunicação pública e de governo.
O ato de Lula representa uma virada em relação à agenda econômica do antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
Sob a gestão do então ministro Paulo Guedes, o Ministério da Economia estimulou a venda de subsidiárias e outros ativos de estatais (como os da Petrobras) e ainda vendeu o controle da Eletrobras.
Além disso, Lula assinou a medida provisória que mantém o pagamento de um piso de R$ 600 mensais para famílias vulneráveis. A medida anteriormente vigente previa esse valor até 31 de dezembro, e Lula articulou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para liberar recursos a partir de 2023 a fim de manter esse mínimo.