Poder tirar uma foto, tocar e até participar de brincadeiras com seu ídolo. A proposta do “fan meeting”, um modelo de evento que aproxima os fãs dos artistas, comum na Coreia do Sul, teve sua edição em São Paulo no último final de semana. São participantes que não se importam em pagar até R$ 3.000 pela chance de interagir com seu ídolo de séries sul-coreanas.
A visita do ator e cantor Seo In Guk em São Paulo, no sábado, era esperada pelos seus admiradores, que se encantaram pelos papéis românticos interpretados por ele nos doramas, referência da cultura coreana.
Os preços variam de R$ 600 a R$ 2.740, para quem topa ter foto e autógrafo individual com o artista. É possível, por mais R$ 350, fazer o Hi Touch, em que se pode tocar na mão do ator.
In Guk arriscou algumas palavras em português no evento. Dançou, brincou e vestiu a camisa do Brasil. Durante as interações ganhou até o apelido de “marido” do público. Chegou a descer do palco e encenou cenas românticas com fãs.
“Que sortuda. Essa ganhou na Mega Sena, não vai esquecer nunca mais”, disse a dona de casa Marilene Farias, 61, que teve do marido apoio para participar do encontro.
“Meu marido sabia que sou apaixonada por ele [In Guk] e fez uma surpresa me dando o ingresso de presente de aniversário. Foi incrível”, diz. Na frente do palco em uma das cadeiras numeradas, mais um diferencial do evento, Farias era uma das mais entusiasmadas.
Conhecido por seu papel nas séries “Desgraça a seu Dispor” e “Deaths Game”, In Guk acumula 4,5 milhões de seguidores nas redes sociais. O vídeo de seu último single “Out of Time”, lançado em junho, tem quase meio milhão de visualizações.
Nem a distância impediu as fãs de ver o ídolo sul-coreano. A design de construções russa Marianna Safronova, 36, já viajou o mundo para assistir Seo In Guk.
“Admiro tudo nele. É tão gentil, bonito e talentoso. Já participei nas Filipinas, Tailândia, Coreia e agora aqui. No Brasil foi muito emocionante, tudo muito caloroso”, afirma.
A americana Jojo Tobar, 50, é bancária nos Estados Unidos e pediu autorização para o chefe para ver o ídolo pela primeira vez, junto com o fã clube brasileiro. Viajou a São Paulo apenas para conhecer o ator.
O público era formado a maioria por mulheres acima de 30 anos. Muitas delas, segundo a organização e algumas participantes, se encantaram com as histórias românticas principalmente durante a pandemia da Covid, em 2020.
Com o auxílio de uma intérprete, Seo In Guk, que não fala português, agradeceu o carinho do público.
“Agradeço muito pela entrevista e às fãs do Brasil porque só tive essa oportunidade de estar aqui através delas. Agradeço por esse fervor e espero corresponder todas as suas expectativas e ter mais oportunidades como essa”, disse.
A presença de ídolos sul-coreanos no Brasil é uma resposta ao crescente interesse pela cultura asiática, conhecida como “Hallyu” ou onda coreana. O administrador Sam Lee, CEO da SAM Entretenimento, responsável pelos dois eventos, viu neles uma oportunidade de negócio, mas também de mostrar a cultura de seu país de origem.
“A ideia surgiu num almoço com um amigo da área de entretenimento na Coreia, em janeiro. Percebemos esse interesse do público e fico muito feliz em poder mostrar a cultura coreana para as pessoas, pois ver a alegria das fãs é gratificante”.
O novo modelo difere dos shows comuns, explica ele. “Tem muita interação, pois os artistas não só cantam e vão embora, mas fazem brincadeiras, chamam no palco, tem sessão de fotos, autógrafos e há ainda a possibilidade de tocar no artista.”
O modelo tenta resgatar os fãs-clubes do passado, desde a reunião para compra de ingresso nas plataformas que acabam em minutos até o de seguir todos os passos do artista, em especial na internet.
“A função de um fã clube é apoiar o artista em tudo o que ele faz, indo nos eventos, divulgando seu trabalho, para que ele possa crescer na carreira. Somos como uma família espalhada pelo mundo”, diz Fernanda Sobral, uma das administradoras da Seo In Guk Brasil, que tem mais de 36 mil seguidores.
*Luciana Cavalcante