DESCASO COM A SAÚDE

Em Ananindeua, Prefeitura inaugura pronto-socorro que não funciona

A Prefeitura de Ananindeua apresentou no dia 4 de julho deste ano o que seria o ‘novo’ Pronto-Socorro da cidade. Mas ele não funciona.

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Inaugurado, mas não entregue. A Prefeitura de Ananindeua apresentou no dia 4 de julho deste ano o que seria o ‘novo’ Pronto-Socorro da cidade, aliás, primeiro e único até então. Mas, passados quase dois meses, o local permanece com as portas fechadas à população.

O antigo hospital Camilo Salgado abrigaria o primeiro hospital público de Ananindeua. Mas até hoje não saiu da promessa. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Na época, o prefeito Daniel Santos estava sendo acusado pelos antigos donos do hospital Camilo Salgado de ter dado um calote milionário. A Prefeitura comprou o imóvel, que está localizado na avenida Mário Covas, mas não pagou totalmente os valores, devendo aproximadamente R$ 4,335 milhões.

Por uma decisão da Justiça do Estado, PSM só poderia funcionar quando a dívida fosse quitada. O calote se arrasta desde 2022. A decisão acabou sendo suspensa no dia 8 de julho pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas, mesmo assim, o hospital continua fechado.

Pacientes que procuram o PSM de Ananindeua são encaminhados ao PS da Augusto Montenegro

Enquanto isso, os moradores que buscam atendimento médico no PSM são encaminhados para o Pronto-Socorro Dr. Roberto Macedo, na avenida Augusto Montenegro. O DIÁRIO teve acesso a um desses encaminhamentos (veja as fotos ao lado).

O PS da Augusto Montenegro foi inaugurado em 18 de maio deste ano pelo Governo do Estado para atender a demanda de Belém e Região Metropolitana, sobretudo Ananindeua, que continua sem contar com um PSM.

Condições precárias

Já outros pacientes de Ananindeua que buscam atendimentos nas UPAs e outras unidades básicas de saúde padecem com uma estrutura precária.

O autônomo Jailson Carlos, 50 anos, recentemente procurou a UPA do Icuí para atendimento. No local, o que ele observou foi a demora das consultas médicas na unidade. Conforme relatado à reportagem, Jailson explica que tem momentos que há muita gente para ser atendida e que isso faz aumentar o tempo de espera no local. “A gente entra aí e até esquecem de nós. Eu tive um ferimento. Precisei estancar um sangramento e me deram remédio para pressão. Não entendi. Além de demorar o atendimento, ainda tem essas medicações trocadas”, desabafa Jailson sobre o atendimento que recebeu.

A dona de casa Lorena Renato, 23 anos, trouxe a amiga Joseli Silva, manicure e pedicure, 33 anos, para que esta recebesse atendimento para enjoo e febre. Segundo Lorena, os pacientes demoram a receber atendimento e não recebem a atenção médica devida. “Tem gente jogada pelos corredores esperando atendimento na UPA e não é atendida. Chegamos meio-dia e só conseguimos sair depois das 15h30”, reclama.

O militar Vinicius Silva, 24 anos, trouxe um amigo para atendimento na UPA Cidade Nova e estava do lado de fora da unidade. Esperando com outras pessoas, Vinícius reclama que os acompanhantes têm que esperar no calor em frente à UPA Cidade Nova e que há demora no atendimento aos pacientes. “Eu acho que aqui poderia ser melhor. Tanto para pacientes quanto para acompanhantes. Tratam a gente igual bicho”, pontua.

A autônoma Izabella Melo, 21 anos, tem uma reclamação peculiar sobre a UPA Cidade Nova. A mãe dela, de 46 anos, está internada no local para tratar uma anemia profunda. A Izabella visita a mãe todo dia no horário das 16h às 17h, segundo ela, horário das visitas. Mas, de acordo com a autônoma, os atendentes demoram bastante para liberar visitas aos pacientes no local. “Já são quase 16h30 e não liberam a visita para eu ver minha mãe”, reclama Izabella no momento da reportagem.

Já na clínica Saúde da Família Guanabara, a atendente Samela Teixeira, 28 anos, trouxe o marido Rodrigo Monteiro, servente de pedreiro, 24 anos, para receber atendimento. De acordo com ela, o Rodrigo levou quatro horas para ser atendido e receber medicação. “Ele estava com muita dor estomacal. Faltou até o trabalho. Não tem médico e enfermeiro aqui. É muita gente para ser atendida e demora bastante”, desabafa Samela. “Também falta medicação na farmácia da clínica”, completa Rodrigo.