PROJETO FALHO

PMB não informou viabilidade operacional dos ônibus elétricos em Belém

O relatório apontou a ausência de um planejamento adequado que demonstrasse a forma de operacionalização dos ônibus elétricos

PMB não informou viabilidade operacional dos ônibus elétricos em Belém PMB não informou viabilidade operacional dos ônibus elétricos em Belém PMB não informou viabilidade operacional dos ônibus elétricos em Belém PMB não informou viabilidade operacional dos ônibus elétricos em Belém
TCM identificou um sobrepreço de R$ 952 mil em cada um dos 30 veículos que seriam adquiridos pela prefeitura
O TCM identificou um sobrepreço de R$ 952 mil em cada um dos 30 veículos que seriam adquiridos pela prefeitura

Em 7 de maio deste ano, foi protocolada no Tribunal uma denúncia pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus em razão de supostas irregularidades praticadas no pregão eletrônico realizado pela Prefeitura/Semob.

Os autos foram encaminhados à unidade de controle externo do TCM e seguiu. Foram então identificadas irregularidades e a análise técnica inicial foi finalizada em 5 de junho, ficando responsável pela relatoria a conselheira Ann Pontes.

E, no início do mês, o Tribunal decidiu, por unanimidade, homologar a medida cautelar que suspendia a aquisição de ônibus elétricos pela Prefeitura.

A decisão foi baseada em relatório técnico da 1ª Controladoria de Controle Externo e no voto da conselheira relatora Ann Pontes, com o objetivo de prevenir o uso indevido de recursos públicos e evitar graves prejuízos aos cofres públicos, que podem ser irreparáveis.

A decisão do TCMPA proibia a Prefeitura de realizar quaisquer pagamentos à empresa contratada e de executar qualquer ação relacionada ao contrato, independentemente do estágio em que se encontra.

A análise técnica revelou que os ônibus foram licitados com um preço unitário de R$ 3.640.000,00, valor significativamente acima do mercado. Conforme estudos da área técnica, o prejuízo possível aos cofres municipais de Belém com a manutenção da contratação é superior a R$ 10 milhões, o que poderia garantir, pelo menos, a aquisição de mais três ônibus, beneficiando a população de Belém.

Outro ponto que chamou a atenção foi a ausência de um planejamento adequado que demonstrasse a forma de operacionalização dos ônibus elétricos.

As informações sobre a guarda, manutenção e operação da frota não foram devidamente detalhadas no Estudo Técnico Preliminar (ETP), descumprindo a legislação vigente e, ainda, não foram demonstradas e comprovadas pela Semob, levantando dúvidas sobre a viabilidade operacional dos veículos adquiridos, o que indica que o órgão municipal estaria buscando a compra dos ônibus para, somente depois, realizar estudos e procedimento licitatório que garantissem a sua utilização pela população.

O que se sabe é que a Prefeitura anunciou que compraria 30 ônibus elétricos, mas no final das contas apenas dez foram comprados. E destes 10, somente cinco chegaram a Belém e foram apresentados pelo prefeito Edmilson Rodrigues ainda em julho, enquanto a lei eleitoral ainda não vedava qualquer inauguração ou entrega de obras.

Vale ressaltar que, atualmente, o sistema de transporte público por ônibus em Belém tem uma frota operacional de 1.093 veículos municipais, com 91 linhas, e 716 veículos metropolitanos, com 60 linhas. Ou seja, a aquisição concreta de cinco ônibus é considerada quase insignificante em comparação a quantidade de veículos do transporte público que circulam na capital e região metropolitana.

Apesar do TCM ter liberado a prefeitura de poder colocar os novos veículos elétricos nas ruas, isso não ocorreu porque o município não se planejou para o início deste serviço, como por exemplo: ausência de itinerário definido e pessoal capacitado para operar esse tipo de transporte, entre outras falhas detectadas pelo TCM.