Além de ser o primeiro medalhista brasileiro na Paralimpíadas de Paris, o nadador Gabriel Araújo também pode ganhar o título de alquimista. “Quero fazer a prata de Tóquio virar ouro”, ele avisou em sua primeira entrevista coletiva na capital francesa.
Nesta quinta-feira (29), logo no primeiro dia de competições paralímpicas, ele ficou com o ouro nos 100 m costas da categoria S2 (para nadadores com deficiência física severa), prova na qual ficou em segundo há três anos, nos Jogos de Tóquio.
Gabrielzinho, que largou na raia 5 da piscina na Arena La Défense, marcou 1min53s67, seis segundos melhor que o tempo da classificatória de manhã. Ele foi o único a nadar abaixo dos dois minutos. O russo Vladimir Danilenko ficou com a prata, e o chileno Alberto Abarza o homem que levou o ouro em Tóquio foi bronze.
A primeira medalha em Paris que inaugura também o quadro de medalhas para o Brasil é a quarta do paratleta de 22 anos. Em Tóquio, além da prata nos 100 m costas, ele ficou com o ouro nos 200 m livre e 50 m costas.
Ao contrário dos pódios em Tóquio, quando as arenas ficaram praticamente vazias por causa da Covid-19, o brasileiro nadou em um ginásio cheio e animado, mas não com a lotação esgotada das Olimpíadas, quando o francês Léon Marchand ganhou cinco medalhas (quatro de ouro) numa arena pulsante e se transformou em ídolo nacional.
“Estou muito feliz, muito emocionando com o que foi a prova porque é uma prova muito difícil, que mexe comigo, tanto por ter sido prata. É a prova mais difícil para mim. Trabalhei muito para isso. A gente fez de tudo para que essa medalha de prata virasse ouro. Do jeito que a foi a prova, foi melhor ainda. Eu amassei, eu acabei com a prova e posso gritar que sou campeão dos 100 m costas nas Paralimpíadas”, afirmou ele ao SporTV após a conquista.
O brasileiro tem a sexta-feira para celebrar, mas no sábado já volta às piscinas para defender seu título dos 50 m costas.
Antes do início da competição, na quarta-feira (28), Gabriel já tinha sido porta-bandeira da delegação brasileira na cerimônia de abertura, na place de La Concorde, ao lado de Beth Gomes, do atletismo.
“Só fiz a entrada [na cerimônia de abertura] e fiquei uns 20, 30 minutos. O foco principal é aqui na piscina, consegui chegar cedo, jantar cedo, fazer o meu ritual para a competição, foi tudo tranquilo”, disse. De fato, nada tem atrapalhado, ou ficado na frente, de Gabrielzinho.
SANDRO MACEDO/PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS)