GERSON NOGUEIRA

Análise: Empate amplia jejum bicolor

O PSC empatou com o Mirassol, em 0 a 0, ontem à noite, completando sete partidas sem vitórias e prolongando a crise técnica vivida pela equipe neste returno de Série B.

O Paysandu continua sem vencer. Foto: Wagner Almeida
O Paysandu continua sem vencer. Foto: Wagner Almeida

O PSC empatou com o Mirassol, em 0 a 0, ontem à noite, completando sete partidas sem vitórias e prolongando a crise técnica vivida pela equipe neste returno de Série B. Chances de gol até surgiram, principalmente no 2º tempo, quando o time visitante jogou com um homem a menos. O goleiro Muralha andou se destacando em lances mais agudos do ataque bicolor.

Para encarar um dos times mais fortes da competição, o PSC entrou em campo com sete alterações em relação à partida anterior. Yony Gonzalez estreou no ataque e Robinho surgiu como quarto homem de meio-campo. João Vieira e Edilson voltaram, após suspensão, mas Bryan Borges, Ruan Ribeiro e Carlão substituíram Kevyn, Nicolas e Lucas Maia, contundidos.

As muitas mudanças atrapalharam visivelmente o time nos primeiros movimentos. Faltava conexão entre meio e ataque, além de um posicionamento mais recuado de Edilson, preocupado com as investidas dos homens de ataque do Mirassol.

Um chute forte de Robinho quase surpreendeu o goleiro Muralha, aos 9 minutos. O PSC deu a impressão de que iria insistir com jogadas de aproximação. Ledo engano. Na maior parte do tempo, o PSC foi excessivamente lento nas tomadas de decisão, permitindo espaços para trocas de passe do Mirassol, visando sempre Iury Castilho na frente.

A opção tática por dois atacantes avançados, Ruan e Yony, mostrou-se insuficiente para impor pressão sobre o visitante. No final do 1º tempo, com Edilson se aproximando de Robinho e acionando Yony Gonzalez, o Papão impôs um ensaio de pressão, mas os chutes saíram tortos.

Logo no início da segunda etapa, o meia Chico Kim foi expulso, após derrubar Esli García e receber o segundo cartão amarelo. Esli, por sinal, deu ao setor ofensivo do PSC contornos de habilidade inexistentes até então. Com ele, as jogadas passaram a ser mais frequentes, incomodando o Mirassol, a essa altura bastante retraído.

Com Esli, Netinho, Juninho e Brendon, o PSC ficou mais leve e rápido, mas o velho problema das finalizações voltou a castigar o time. No minuto final, um pênalti não marcado (apesar de analisado pelo VAR) irritou a torcida. Apesar de ser um lance interpretativo, a bola chutada pelo meia Juninho bateu no braço esquerdo do zagueiro do Mirassol e configurou a infração. A pressão dos jogadores não mudou a decisão do árbitro.

Isso serviria de estopim para queixas do técnico Hélio dos Anjos, após a partida. De volta após suspensão, o treinador afirmou que o PSC foi “assaltado” e aproveitou para alfinetar o presidente da Federação Paraense de Futebol, Ricardo Gluck Paul, dando a entender que ele não faz pelo clube o que tem feito em defesa do Remo.  

Além da frase desnecessária, Hélio perdeu a chance de explicar o motivo que fez o PSC, mesmo com um homem a mais por 40 minutos, não ter conseguido abrir caminho para a vitória.

Número de vitórias contribuiu para êxito do Remo

A estreia do Remo na fase de grupos da Série C passou a ser encarada pela torcida azulina como uma autêntica final de campeonato. É intensa a procura por ingressos, colocados à venda ontem pela manhã, fazendo crer em lotação máxima do Mangueirão no sábado à tarde. A venda promocional (arquibancada a R$ 30,00) termina na quarta-feira (28), mas as filas indicam que o torcedor pretende mesmo fazer sua parte.  

É claro que isso tem a ver com o sonho acalentado desde 2021, quando o Remo foi rebaixado à Série C e não conseguiu passar da fase de classificação em 2022 e 2023, decepcionando com campanhas muito irregulares. Ocorre que as partidas recentes do time trouxeram uma onda de confiança e otimismo no êxito da busca pelo acesso.  

Curiosamente, o entusiasmo só brotou nos últimos jogos. Depois de um início de recuperação com a chegada de Rodrigo Santana, o Remo acumulou algumas derrotas (ABC, Ferroviária, Figueirense) que fizeram ressurgir as desconfianças de antes.

Por outro lado, o estilo “8 ou 80” da equipe sob o comando de Santana acabou por contribuir para uma chegada mais confortável aos momentos decisivos da fase de classificação. Com oito vitórias e poucos empates, o Leão se tornou um forte candidato a uma das duas vagas que restavam.

O número de vitórias é o primeiro item de desempate e permitiu à equipe assumir a 8ª posição na penúltima rodada, superando equipes que tinham os mesmos 25 pontos. Portanto, se sofreu com tropeços na caminhada, o time se beneficiou bastante da objetividade em busca dos três pontos.  

Outra barbeiragem machista e indelicada de Abel

Abel Ferreira, campeoníssimo pelo Palmeiras nos últimos três anos, tem construído paralelamente a imagem de intolerância e maus bofes no trato com jornalistas e árbitros brasileiros. Já fez gestos obscenos, chutou microfones e disparou palavrões diante das câmeras.

Tudo isso foi feito com quase total complacência das instâncias que cuidam de arbitragens e que têm a responsabilidade de coibir abusos no futebol nacional. Ao contrário do que qualquer profissional enfrentaria se estivesse atuando na Europa, Abel desfruta de tolerância excessiva.

Parte da imprensa paulistana costuma relevar suas atitudes, passar pano para as grosserias e minimizar o alcance de sua truculência verbal. A resposta que ele deu à repórter Aline Fanelli, da Bandsports, após o jogo com o Cuiabá, foi um primor de má educação e machismo.

A uma pergunta normal sobre um jogador lesionado, ele soltou os cachorros, dizendo que não só tem obrigação de dar satisfações a três mulheres: a esposa, a mãe e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Soltou uma nota de pé quebrado, sem se desculpar e ficou por isso mesmo.

Pior foi o papel da própria Leila, que nos últimos tem se candidato a defensora do papel da mulher no futebol, mas preferiu desta vez se recolher a uma constrangedora omissão.