Os alimentos ultraprocessados são produtos prontos para consumo, feitos com inúmeros ingredientes em grande quantidade, como açúcar, sal e gorduras. Esses alimentos são pobres em fibras e micronutrientes, como vitaminas e sais minerais. Entre esses produtos estão refrigerantes, biscoitos de pacote, macarrão instantâneo, alimentos prontos para aquecer, doces, balas, chocolates e embutidos como presunto, mortadela e calabresa.
O nutricionista especialista em nutrição clínica, Fernando Leite, destaca que esses alimentos possuem muitos aditivos para dar cor, sabor ou textura, além de conservantes. “Não tem qualidade em nutrientes e pode ser um risco se consumido em grandes quantidades a médio e longo prazos”. O nutricionista ressalta que entre os problemas de saúde que podem surgir estão doenças cardíacas, hipertensão, redução da microbiota intestinal, proliferação de doenças alérgicas e enxaquecas.
Porém, quem deseja consumir menos esse tipo de alimento, deve se atentar. Não basta retirar os produtos do prato de uma vez. De acordo com o nutricionista, a cautela se dá para evitar que a pessoa tenha algum tipo de compulsão alimentar, já que o organismo dessas pessoas está acostumado com o consumo em excesso de ultraprocessados.
“É importante fazer uma substituição gradual por alimentos menos industrializados e mais naturais, não bruscamente. Um passo importante e inicial é consumir os ultraprocessados em momentos mais espaçados, e em menor quantidade”, aconselha o nutricionista.
A aposentada Maria Barroso, 63 anos, é consciente sobre o consumo de produtos ultraprocessados em casa. “A longo prazo, o consumo desses alimentos pode ser prejudicial para a saúde. Não quero ter e nem quero que minha família tenha alguma doença por causa dessas comidas”. Para a aposentada, o aumento no consumo dos alimentos também é uma questão social. “Muita gente se alimenta deles porque são mais em conta no orçamento da família”.
Consumidora assumida de produtos ultraprocessados, a recepcionista Lais Gomes, de 29 anos, gosta bastante de presuntos e refrigerantes. De acordo com a recepcionista, pelo menos uma vez ao dia ela consome algum ultraprocessado devido a praticidade desse tipo de alimento. “Eu sou ciente sobre estes alimentos e sempre tento fazer um equilíbrio para não ter muito ultraprocessado no meu dia a dia”.
Já a empresária Adriana Leitão, 47 anos, compra ultraprocessados o mínimo possível. No momento da entrevista em um supermercado no bairro de Fátima, ela tinha na cesta de compras alimentos naturais como banana e semente de chia, ressaltando a preferência pela alimentação saudável, sem ultraprocessados. “É muito difícil eu comer esse tipo de coisa, tipo mortadelas e salsichas. Eu acho prejudicial pra saúde”.
ESTUDO
O consumo dos alimentos ultraprocessados aumentou 5,5% na última década no Brasil, de acordo com estudo sobre o perfil de consumidores, divulgado pela Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP). O núcleo é responsável pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. Significa dizer que a população brasileira está com as dietas mais calóricas e mais pobres em nutrientes fundamentais.