A celebração do aniversário do DIÁRIO DO PARÁ nos remete à época em que os jornais eram entregues nas residências dos assinantes por colaboradores, que, num primeiro momento, faziam as entregas a pé e, posteriormente, de bicicleta. Essa tradição permanece até os dias de hoje.
Os jornaleiros e baderneiros ou distribuidores estão nas ruas todos os dias, a cumprir sua missão de subir e descer ruas, atravessar avenidas, percorrendo bairros, os mais distintos entre si, por toda capital paraense. A profissão de jornaleiro é mais antiga do que imaginamos. Existem registros dessa atividade desde meados do século 19. Especula-se que a profissão tenha aproximadamente 150 anos de existência em nosso país.
Antonio Guilherme, mais conhecido como “Tunante”, de 71 anos, 58 deles de profissão, conta que com a venda dos jornais criou os filhos. Ele tem um ponto que fica na travessa 14 de Março, no bairro do Umarizal. “Antes eu entregava o jornal a pé, depois passei a entregar de bicicleta. Mas com a idade, passei a ficar neste ponto fixo. Eu chego por volta de 5h da manhã e fico até 13h. Acredito que entre os jornaleiros, sou um dos poucos que fica até esse horário. Para estar aqui nesse horário, eu saio de casa às 4h da madrugada, pego o jornal na Bandeira Branca e de lá eu venho distribuindo aqui pelo bairro de Fátima, no bairro do Umarizal e finalizo aqui”, conta.
Ele lembra que gritava as manchetes para vender o jornal. “Antigamente eu pegava o jornal na Gaspar Viana [onde fica a gráfica do DIÁRIO], e vinha embora. Eu corria com esse jornal na cabeça, gritando as manchetes e terminava de vender lá no Entroncamento. É daqui que eu tiro meu sustento, criei meus filhos e hoje tenho até filho que mora no exterior, eu tenho muito orgulho disso”, disse.
Paixão
Por sua vez, o jornaleiro Francisco Favacho, de 74 anos, com 62 anos de profissão, revela que, no começo, não tinha grandes pretensões no seu trabalho: foi a solução que encontrou, ainda jovem, para contribuir com as finanças da casa. Contudo, com o decorrer dos anos, a atividade de estar nas ruas, entregando notícias para aqueles que estendiam a mão pela janela do carro ou o abordavam na calçada, além de se tornar uma fonte de sustento, acabou se transformando em uma verdadeira paixão. “Eu saio 4h30 da madrugada e vou buscar o jornal na Bandeira Branca e depois saio para entregar em alguns pontos da cidade”, comentou. Para vender mais jornal, ele conta que também gritava as manchetes na rua. “Para chamar atenção dos leitores, eu gritava as manchetes. Para teres uma ideia, no tempo que o Ayrton Senna morreu, foi uma super venda. Hoje em dia não é mais como antes, mas ainda tenho meus clientes fiéis”, relembra.
Sustento
Com alegria e muito bom humor a jornaleira Patricia Silva, de 53 anos, segue o legado do seu pai Raimundo, de 74 anos, aposentado do ofício. O pai chegou a trabalhar na Circulação do DIÁRIO DO PARÁ. Atualmente, ela tem uma venda de jornal há dois anos no canto da travessa Mauriti, no bairro da Pedreira.
Ela revela que o pai criou os 5 filhos com o sustento das vendas do jornal. “Eu tenho muito orgulho do meu pai, ele sustentou eu e meus irmãos com a renda do jornal. Assim, gosto muito de estar aqui, converso muito com as pessoas e leio bastante. Então, já sei o gosto dos meus clientes, já dou de antemão algumas notícias. Alguns param aqui e ficamos conversando sobre determinadas notícias”, conta.