Ex-funcionários do X demitidos após o fechamento do escritório no país foram até a sede da plataforma em São Paulo, nesta terça-feira, para recolher os pertences. A comunicação de que a rede social iria encerrar a representação no país foi feita no sábado, mas as demissões estão acontecendo de forma gradual.
Um deles, que não quis se identificar, definiu o cenário no espaço da Faria Lima, na capital paulista, como de “terra arrasada”. O comunicado sobre o fim da operação brasileira, segundo ele, foi “seco, direto e formal” e aconteceu primeiro a um grupo de gestores, chamado para uma videoconferência ainda no sábado.
– Na verdade, todos já estavam em compasso de espera para algo do tipo desde que começaram as trocas de farpas – relatou ele, em referência aos atritos do bilionário Elon Musk com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Uma ordem de Moraes na semana para o bloqueio de contas no X, o antigo Twitter, foi o estopim para que o empresário americano, que comanda a rede social desde 2022, decidisse fechar o escritório no Brasil. A empresa justificou que o objetivo era proteger os funcionários locais.
O ministro do STF, na decisão, impôs multa diária de R$ 20 mil para a representante legal da empresa no Brasil, Rachel Conceição, caso a ordem não fosse cumprida. Moraes também estabeleceu decreto de prisão caso houvesse “desobediência judicial”. O X alega que os funcionários brasileiros não têm poder de controle para bloqueio de contas na rede social.
O escritório da empresa, que fica em um espaço compartilhado na região empresarial de São Paulo, ficou vazio na segunda-feira, primeiro dia útil após o anúncio do fim da rede. Nesta terça-feira, a movimentação voltou para retirada dos pertences:
– Tiveram casos de gestores meio que perdendo a linha… Há pouco, um gestor levou toda a mobília da sala dele, por exemplo. O cenário hoje está bem de terra arrasada mesmo – contou o ex-funcionário.
Entre a equipe brasileira, já havia a percepção de que os atritos de Musk contra a Justiça brasileira poderiam ter consequência para a permanência do X no país. O fechamento do escritório encerra uma operação que estava há 12 anos no Brasil, local que foi o primeiro da América Latina a ter uma representação da rede social, então chamada de Twitter. O escritório foi o terceiro fora dos Estados Unidos.
RIO (AG)