O advogado
Fábio Costa, que defende os dois suspeitos identificados e presos pela morte de Jonas Lucas Alves Dias, 55, ganhador da Mega-Sena em Hortolândia, no interior
do estado de São Paulo, diz que seus clientes, Rogério de Almeida Spínola, 48,
e a transexual que se identifica como Rebeca, 24, são inocentes e foram
enganados por outro investigado, que continua foragido.
Costa alega
que ambos os presos são pessoas em situação de rua, que teriam sido
“aliciadas” para entregarem seus documentos, utilizados para a
abertura de contas bancárias para as transferências monetárias, durante o
andamento do crime.
Rogério de
Almeida Spínola foi detido pelos policiais civis da Deic (Divisão Especializada
de Investigações Criminais) de Piracicaba, responsável pelas investigações do
caso, no último sábado (17), três dias após o crime.
A outra
suspeita, Rebeca, foi capturada pela Guarda Civil Municipal de Santa Bárbara
d’oeste, cidade vizinha, a 22km de Hortolândia, no domingo (18). Estava no nome
dela a conta utilizada para recebimento de uma transferência bancária de R$
18,6 mil, retirados da conta da vítima, por meio de um Pix.
“Rebeca
e Rogério são pessoas em situação de rua. Eles emprestaram os documentos para
Roberto apenas para abrir contas no banco. Em nenhum momento participaram ou
tiveram algum tipo de envolvimento na morte. Eles nem conheciam a vítima”,
afirma o advogado. O Roberto a quem ele se refere é Roberto Jeferson da Silva,
o Gordo, 38, que se encontra foragido.
Silva
dirigia o Ford Fiesta preto utilizado para abordar o milionário. A participação
dele não foi detalhada pelos policiais civis. Ele não possui passagens pela
polícia e o automóvel também não foi localizado até o fechamento desta
reportagem.
No caso de
Rebeca, o advogado enfatiza ainda que a polícia chegou até ela pela
identificação da conta. “Ela não tinha conhecimento da realização do Pix e
também não teve acesso ao dinheiro. Até agora, seus documentos e cartão não
foram devolvidos”, completa Costa.
Para ele,
outro ponto que precisa ser esclarecido foi o elo de Rogério com o caso.
“Assim como Rebeca, ele apenas cedeu seus documentos. Os dois carros
usados no crime não estavam em seu nome”, alega.
Sobre
Rogério de Almeida Spínola, o advogado não se pronunciou sobre os argumentos
que pretende utilizar na defesa dele, além do fato de, segundo ele, ser uma
pessoa em situação de rua.
DOIS SUSPEITOS
TÊM PASSAGEM PELA POLÍCIA
A reportagem
entrou em contato com a delegada da Deic de Piracicaba, Juliana Ricci, acerca
do assunto. Segundo a Polícia Civil, Rogério já respondeu a processos por
homicídio, roubo, furto, estelionato e lesão corporal. Ele cumpriu ao menos 15
anos de prisão e estava solto desde dezembro de 2021. Rebeca não tinha
antecedentes criminais. Ambos permanecem detidos a disposição da Justiça.
Ricci não
detalhou a participação de Rogério no esquema, mas informou que ele era
parceiro de outra pessoa investigada.
A delegada
também forneceu à reportagem, imagens de um circuito de câmeras de
monitoramento captadas na região central de Santa Bárbara D’oeste, no último
dia 14, por volta das 14 horas. As imagens mostram Roberto Jeferson da Silva, o
Gordo, junto de Rebeca, no dia seguinte após o sequestro e da morte da vítima.
Jonas Lucas
Alves Dias, de 55 anos, morreu após ser encontrado ferido, em 14 de setembro,
na alça de acesso da Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101) para
a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em Hortolândia. Ele ganhou R$ 47,1 milhões
na Mega-Sena em 2020.A delegada aguarda as próximas diligências para fornecer
novas informações sobre o andamento das investigações do caso.O outro
investigado, que teve o mandado de prisão temporária decretado, é Marcos
Vinycius Sales de Oliveira, o Viny, 22, ele também continua foragido.
Viny dirigia
o outro veículo utilizado no crime, uma caminhonete modelo S-10, da Chevrolet.
A vítima foi abordada quando saía, a pé, de uma padaria, e obrigada a entrar na
caminhonete.
A delegada
afirma que foi Marcos Vinicyus o responsável pelos dois saques de R$ 1 mil e
pela transferência no valor de R$ 18,6 mil da conta de Jonas Lucas. O suspeito
foi flagrado por câmeras de segurança em uma agência da Caixa Econômica de
Campinas, onde realizou as transações.
Segundo
Juliana, Marcos Vinicyus também habilitou um aplicativo de celular para
conseguir realizar as movimentações financeiras. O suspeito tem passagens por
estelionato, receptação e deixou o sistema penitenciário em setembro de 2021.