Poupança completa 2 anos com retorno abaixo da inflação

Poupança
completa 2 anos com retorno abaixo da inflação

Mesmo com a
queda da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo) nos últimos meses, o rendimento real acumulado pela aplicação na
poupança segue ainda no terreno negativo.

Levantamento
da plataforma de dados financeiros TC/Economatica indica que, na janela dos
últimos 12 meses encerrada em agosto, a rentabilidade real da poupança, ou
seja, descontada a inflação, ficou negativa em 1,85%.

Os dados do
levantamento mostram que a última vez em que a poupança apresentou uma
rentabilidade positiva no acumulado de 12 meses foi em agosto de 2020, quando o
rendimento real ficou em 0,45% no intervalo de um ano.

“A
alocação em poupança não faz nenhum sentido neste momento. O rendimento real
negativo, somado ao fato de que a rentabilidade depende do aniversário mensal
para ser pago, torna essa aplicação muito arcaica, desatualizada e
ultrapassada”, diz Bruno Mori, economista e planejador financeiro com a
certificação CFP.

Ele
acrescenta que aqueles que deixam o dinheiro aplicado na poupança têm um viés
comportamental de familiaridade muito enraizado.

POUPANÇA
RENDE MENOS DA METADE DA SELIC

A despeito
da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para
os atuais 13,75% ao ano, a aplicação da caderneta segue com o rendimento
inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).

A
remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de
8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança
equivale a 70% da Selic.

A inflação
em níveis ainda pressionados, somada às condições financeiras mais restritivas
impostas pelo avanço da taxa básica de juros, tem contribuído para saques cada
vez maiores da poupança.

Professora
de Economia da ESPM e planejadora financeira CFP, Paula Sauer diz ainda que,
apesar da vasta gama de produtos de renda fixa ofertado atualmente no Brasil, a
caderneta de poupança continua sendo a “queridinha” da maior parte
dos brasileiros que inicia sua jornada em investimentos.

“O
cliente que deixou de consumir para poupar viu o poder de compra de seu
dinheiro diminuir. Isso é muito frustrante e desestimula muitos a guardar
dinheiro”, diz a especialista.

Ainda de
acordo com os dados da TC/Economatica, quem aportou R$ 1.000 na poupança há 12
meses, teria R$ 1.067,24 no final de agosto. No entanto, descontada pela
inflação de 8,73% no período, o retorno final correspondente seria de R$
949,83.

De toda
forma, apesar dos resultados do passado recente, as estimativas de mercado
indicam que a rentabilidade real da poupança pode voltar ao campo positivo
ainda neste ano.

Confirmada a
projeção no mais recente relatório Focus, de uma inflação de 6% no ano fechado
de 2022, a aplicação voltará a entregar um retorno real positivo na janela de
12 meses.

POUPANÇA
AINDA É OPÇÃO MAIS BUSCADA MESMO NAS CLASSES A E B

Apesar da
baixa rentabilidade, os dados mais recentes do BC (Banco Central) mostram que
cerca de 164 milhões de pessoas mantinham algum valor depositado na poupança ao
final de 2019.

Além disso,
pesquisa do C6 Bank/Ipec mostra que a predileção pela poupança alcança também
as pessoas de renda mais alta no país.

A pesquisa ouviu
mil brasileiros das classes A e B com acesso à internet, e mostrou que a
poupança é a opção mais presente nas carteiras, com cerca de 28% indicando
manter algum valor alocado na aplicação.

Em seguida,
vêm os CDBs, com 22% tendo declarado ter o investimento, e fundos de
investimento, com 16%.

Ações (14%),
Tesouro Direto (13%), LCIs e LCAs (9%) vêm na sequência.

VEJA OUTRAS
OPÇÕES DE INVESTIMENTO

Investimentos
em renda fixa permanecem entregando rendimentos elevados, mesmo com a
manutenção dos juros básicos da economia nesta quarta pelo BC. A perspectiva de
desaceleração da inflação do país é o que amplia a vantagem dessas aplicações,
mostram estimativas do buscador financeiro Yubb.

Debêntures
incentivadas e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de
Crédito do Agronegócio) oferecem os melhores retornos, de acordo com o
levantamento.

Além de
favorecidos pelos juros elevados e perspectiva de queda da inflação, essas
aplicações possuem isenção do IR (Imposto de Renda).

*

COMO FICAM
OS INVESTIMENTOS COM A SELIC A 13,75% AO ANO

Rendimento
em 12 meses, em %

RENDIMENTO
BRUTO

Poupança –
6,17

Tesouro
Selic – 13,65

CDB em banco
médio – 15,70

CDB em banco
grande – 10,24

LC – 16,38

LCA* – 13,38

LCI – 13,79

RDB – 15,83

Debênture
incentivada* – 15,56

RENDIMENTO
COM DESC. DO IR

Poupança –
6,17

Tesouro
Selic – 10,92

CDB em banco
médio – 12,56

CDB em banco
grande – 8,19

LC – 16,38 –
13,10

LCA* – 13,38

LCI – 13,79

RDB – 12,67

Debênture
incentivada* – 15,56

RENDIMENTO
REAL (APÓS IR E INFLAÇÃO)

Poupança – 0,16

Tesouro
Selic – 4,64

CDB em banco
médio – 6,19

CDB em banco
grande – 2,07

LC – 6,70

LCA* – 6,96

LCI – 7,35

RDB – 6,29

Debênture
incentivada* – 9,02

*
Investimentos isentos de IR. Inflação anual de 6% prevista pelo boletim Focus
de 19 de setembro de 2022

Fonte: Yubb