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Atacante do Remo, Musa "deitou e rolou" no Parazão

Nildo Lima

No futebol feminino do Pará ninguém entende mais de gol do que Natália Cristina Mendes Nascimento, a Musa, de 27 anos, recém-bicampeã estadual pelo Clube do Remo. Ela começou a carreira jogando na linha, tanto no futsal como no futebol de campo. Por uma necessidade de sua equipe, ela acabou sendo recuada para o gol pelo técnico Mercy Nunes, ainda na época em que ambos trabalhavam na Esmac, de Ananindeua. Este ano, a atleta, que não decepcionou no gol, voltou a jogar no ataque, conquistando a vice-artilharia do Parazão, com 19 tentos, apenas cinco a menos que a jogadora Pingo, do Pinheirense.

A goleadora já é uma atleta bastante rodada no futebol feminino local. A carreira começou no Pinheirense, de Icoaraci, em 2013. As boas partidas feitas por ela no General da Vila, acabaram lhe rendendo o convite para defender a Esmac, onde ela passou seis temporadas, de 2014 a 2022, tendo uma breve saída para defender a Tuna Luso, em 2017.

Mercy Nunes explica que a experiência da atacante no gol aconteceu em 2017, quando ela defendia o futsal da Esmac. “A nossa goleira se machucou e acabamos colocando a Musa no gol e ela terminou a temporada nessa posição”, revela o treinador. “No futebol de campo, em 2019, a mesma situação voltou a acontecer, quando a nossa goleira do futebol de campo, a Juliane, se contundiu e a Musa voltou a atuar no gol, deixando o ataque”, detalha Mercy.

O treinador das Leoas Azulinas não poupa elogios a sua comandada. “Além da impulsão, a Musa tem mais duas qualidades, que são a velocidade e o chute com os dois pés. Isso facilita bastante para quem joga no ataque”, argumenta Mercy. No Parazão, a atacante se valeu muito dessas características para marcar tantos gols. “Ela deitou e rolou”, diz o técnico azulino. O duelo pela artilharia do campeonato foi travado entre a jogadora do Clube do Remo e a atacante Pingo, do Pinheirense, que é uma espécie de referência para Musa, conforme ela revela.

“Tenho a Pingo como uma das minhas referências no futebol”, afirma Musa, que dá o seu recado para as meninas que sonham em jogar futebol e, principalmente, nas funções de goleira e atacante, que ela conhece muito bem. “Primeiro é preciso se dedicar bastante aos treinamentos e saber escolher pessoas qualificadas para esses treinamentos. Outro ponto importante é ser responsável, evitando faltar aos treinos e seguir uma vida regrada fora das quatro linhas”, recomenda.

Companheiras de time festejaram a sua artilheira – Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Sempre pronta para ajudar!

Trocar o gol pelo ataque não foi nenhuma novidade na carreira de Musa. A jogadora das Leoas Azulinas conta que, na verdade, começou a carreira atuando como jogadora de linha e, só depois, passou para a defesa, por circunstâncias. “Sempre fui atleta de linha jogando futsal e futebol de campo. Jogava como lateral e também como atacante”, explica a goleadora. “Fui para o gol por causa de uma necessidade do professor Mercy (Nunes, atual técnico do Remo). Mas no Clube do Remo ele voltou a me utilizar na minha posição de origem, que é a de atacante”, diz a jogadora, que atuou pela Esmac, antes de chegar ao Baenão.

Comparando as duas posições, a de goleira e de atacante, a jogadora azulina não vê diferença. “As duas situações são importantes para a equipe chegar a vitórias e conquistas”, lembra Musa, garantindo que não teria nenhuma dificuldade em voltar a atuar na defesa, depois de ter passado a temporada 2023 jogando no ataque do Clube do Remo. “É uma coisa que faz parte da minha carreira. Para voltar a jogar lá atrás, no gol, basta fazer alguns treinos de readaptação e estou pronta”, afirma.

No que diz respeito aos treinamentos, Musa assegura que tanto jogar no gol como no ataque exigem uma boa dose de esforço das atletas das posições. “As duas funções exigem bastante, mas o gol tem o detalhe de não poder falhar. O gol requer um pouco mais de detalhe. Mas em se tratando de preparação a cobrança, com certeza, é a mesma”, argumenta. Ele conta que nos recreativos da equipe remista, quase sempre às vésperas de jogos, costuma jogar no gol. “Às vezes nesses treinamentos costumo mostrar para as companheiras que jogam no gol quem sou na posição”, arremata.

Para o Brasileiro, grupo precisa se reforçar

O Clube do Remo, pode se dizer, fez uma campanha fantástica no Campeonato Paraense de futebol feminino, do qual o time sagrou-se bicampeão. Em 14 jogos, as Leoas Azulinas conquistaram 14 vitórias, ou seja, o grupo teve 100% de aproveitamento. Não bastasse isso, a equipe ainda sobrou diante do maior rival, vencendo os quatro clássicos que disputou com o Paysandu. Foram quatro triunfos remistas, dois deles por goleadas (5 a 1 e 4 a 0), além de duas vitórias folgadas (3 a 0). Mas ainda assim, Musa acredita, no entanto, que o grupo azulino precisa ser mais substancioso para a Série A3 do Brasileiro de 2023.

“Tivemos um grupo muito forte no Estadual. A campanha que fizemos comprova isso”, ressalta Musa. “Mas para o Brasileiro, que é uma competição bem diferente, mais qualificada, o nosso grupo, com certeza, precisa de reforço. Tenho certeza que o professor Mercy (Nunes), que tem o apoio da diretoria, vai indicar algumas jogadoras”, observa a artilheira azulina no campeonato recém-encerrado. A jogadora acredita que o suporte dado pela diretoria azulina “foi muito bom”, mas ainda precisa de algumas melhorias.

“A direção do Clube do Remo nos proporcionou uma estrutura muito positiva, sem dúvida”, aponta. “Mas essa estrutura pode melhorar em muitos detalhes tendo em vista a disputa do Brasileiro”, recomenda Musa, que já disputou a competição nacional por outras equipes. No que diz respeito ao comando técnico do time, a jogadora acredita que o elenco remista está muito bem entregue nas mãos do treinador Mercy Nunes, que ela aponta como um grande conhecedor do futebol, principalmente o feminino. “Ele foi o mestre da campanha que fizemos. É um treinador vitorioso e que sabe comandar o elenco”, elogia Musa.