Dr. Responde

Covid-19 ainda requer cuidados com as festas de final de ano

Especialista alerta sobre importância do diagnóstico médico para seguir o tratamento adequado e destaca risco da automedicação

. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Especialista alerta sobre importância do diagnóstico médico para seguir o tratamento adequado e destaca risco da automedicação . Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Cintia Magno

O clima de confraternização característico da época de final de ano é uma tradição esperada por muitos, porém, diante do cenário de uma pandemia em curso, ainda que controlada, alguns cuidados precisam ser redobrados para preservar a saúde durante os festejos. Mesmo que não haja determinações legais de uso obrigatório da máscara no momento atual, o acessório pode ser um importante aliado para quem deseja aumentar a prevenção contra a Covid-19.

A médica infectologista e professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Cléa Bichara, considera que em muitos países que já tiveram problemas com picos de epidemias, mesmo que não pandêmicos, a máscara passou a ser usual. Neste contexto, ela explica que a inexistência de decretos que obriguem o uso da máscara não inviabiliza o uso do equipamento por quem deseja manter a proteção.

“Existem as regras oficiais de medidas sanitárias, que são os decretos pelo uso obrigatório, e que geralmente acompanham os grandes picos de transmissão. Então, tem os decretos municipais, os estaduais e os federais e muitas vezes eles se diferenciam para uso em alguns ambientes e outros não, para usos em locais fechados ou em locais abertos, para uso obrigatório em áreas hospitalares, para uso obrigatório para determinados profissionais que vão realizar procedimentos”, considera.

“Recentemente, com mais de dois anos na pandemia, onde houve uma queda substancial no número de casos e de óbitos, em relação a decretos oficiais a obrigatoriedade do uso da máscara foi suspensa, mas não quer dizer que o uso individual por livre demanda ou escolha pessoal tenha que ser deixado de lado, cada um faz a sua opção”.

A infectologista lembra que o mundo ainda segue em plena pandemia e, mesmo com os efeitos positivos proporcionados pela vacina, o que se vê é a ocorrência de novas variantes e subvariantes do vírus. “Então, volta-se de novo, no momento, a recomendar o uso de máscaras. O CDC, que é uma referência mundial, do Centro de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, de novo está recomendando o uso de máscaras e, geralmente, essas recomendações servem para o mundo todo, inclusive para o nosso país”.

Ainda que os casos que vêm sendo registrados atualmente não estejam apresentando quadros mais graves do que já foi visto no passado recente, a professora considera que muito provavelmente ainda ocorrerão óbitos pela doença, já que sempre haverá pessoas acometidas pelas comorbidades que acabam propiciando o desenvolvimento de casos mais graves da Covid.

“Então a gente faz essas orientações reforçadas, sobretudo para os mais idosos e os que têm comorbidades porque são os que vão estar sob maior risco, de acordo com vários fatores que mudam a relação do vírus com o nosso organismo, favorecendo os casos mais graves”, considera Cléa Bichara. “As pessoas vacinadas vão poder pegar de novo o Covid. Ninguém nunca disse que as vacinas esterilizam, impedem que você adoeça. Elas impedem as formas graves”.

VACINAS

Outro ponto a se considerar, segundo a médica, é que não se sabe exatamente quanto tempo dura a proteção das vacinas. Ainda existem muitas janelas de investigação a serem consideradas para entender mais profundamente como a imunidade celular das pessoas responde em relação ao vírus da Covid, mas o que se sabe é que algumas medidas podem ajudar a prevenir a infecção e a disseminação do vírus.

“Já temos condições suficientes para saber que, no nível coletivo e da saúde pública, esse manejo de precauções, como o uso de máscaras, é bem adequado, sobretudo nos momentos de maior aglomeração, nos momentos mais festivos. Não é nenhum cuidado que a gente desconheça: é fazer uso das máscaras, higienização das mãos, manter distanciamento necessário, o que a gente puder fazer”.

No caso das pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal contra a Covid, é urgente que o façam já que outras variantes do vírus continuam circulando e o que pode estar em questão é não apenas a saúde de cada indivíduo, mas da coletividade.

“Quem tem o seu esquema de vacinação incompleto, complete, reforce porque aquela pessoa que não completa também pode estar prejudicando, de uma maneira geral, as demais pessoas. Se ela for acometida pela infecção, ela vai ter o poder de transmissão, então, é importante que uma grande quantidade de pessoas esteja com o seu esquema vacinal completo”, orienta a infectologista Cléa Bichara.

Além da Covid, a médica aponta que neste período do ano se observa um aumento da ocorrência de chuvas, o que propicia maiores aglomerações e uma maior circulação de outras viroses respiratórias, o que também demanda um reforço nos cuidados.

“Nós precisamos ter maior cuidado nos períodos não só de confraternização de final de ano, mas também vem Carnaval, férias, deslocamentos, os voos já estão exigindo o uso de máscaras de novo. A situação está sob controle, não temos o termômetro hospitalar dizendo que está aumentando o número de casos de internados, nós sabemos que o número de casos que nós tivemos agora nessa terceira onda foram casos mais leves e isso se deve não só ao tipo da variante, mas sobretudo porque nós temos uma grande faixa da população já imunizada”, contextualiza.

“Vamos tomar os nossos cuidados e eu acho que agora é o momento, sim, da gente voltar a usar as nossas máscaras e por que não? É algo que não dói nada, não custa quase nada e só faz nos proteger, então, acredito que vale a pena recomendarmos o uso de máscaras, sobretudo naqueles ambientes que nós já sabemos identificar como de maiores riscos”.