LUCIANO TRINDADE
DOHA, QATAR (FOLHAPRESS)
Acabou o sonho do hexa do Brasil no Qatar. A seleção de Tite foi eliminada, mais uma vez, nas quartas de final, após perder nos pênaltis por 4 a 2. No tempo normal, houve um empate por 0 a 0. Na prorrogação, Neymar chegou a colocar o Brasil na frente, mas Petkovic igualou no segundo tempo extra.
Nas cobranças, Rodrygo parou no goleiro e Marquinhos, na trave. A Croácia acertou todas as suas cobranças.
Agora, a Croácia espera o vencedor do confronto entre Argentina e Holanda, às 16h (de Brasília), no estádio Lusail.
Neymar chegou ao seu 77º gol pela seleção brasileira. De acordo com a contagem da Fifa, ele igualou a marca de Pelé com camisa amarela, como os dois maiores artilheiros do país.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no entanto, considera que o Rei do Futebol acumulou bem mais, com 95.
A diferença ocorre porque a entidade máxima do futebol contabiliza apenas jogos entre seleções, enquanto que a contagem brasileira leva em consideração jogos do Brasil contra clubes e combinados, algo que era comum e importante quando Pelé jogava.
Desta vez, mesmo com um gol de seu camisa 10, o Brasil acumulou mais uma derrota nas quartas. A sexta de sua história. Três dessas derrotas foram nas últimas quatro edições anteriores a do Qatar, todas contra times europeus.
Em 2006, perdeu para a França. Em 2010, caiu diante da Holanda. Na Rússia, em 2018, o carrasco foi a Bélgica. Na última vez que avançou à semifinal nas últimas quatro edições do Mundial, viveu seu maior pesadelo, com o 7 a 1 diante da Alemanha, em 2014.
Curiosamente, o país não vencia um adversário europeu na fase eliminatória justamente desde o triunfo sobre os alemães na final de 2002.
Diante da Croácia, pela primeira vez neste Mundial, Tite conseguiu repetir uma escalação, algo que sucessivas lesões no elenco o impediram de fazer antes. Com Neymar no meio, Danilo e Éder Militão nas laterais, ele colocou em campo a mesma formação que derrotou a Coreia do Sul, por 4 a 1.
Diante dos croatas, porém, a história foi bem diferente. Em vez de dominar o adversário como fez com os coreanos, acabou envolvido pelo ritmo do adversário. Teve no primeiro tempo seus 45 minutos mais difíceis.
Com exceção a chutes fracos, o goleiro Dominik Livakovic pouco trabalhou. É verdade que Alisson também não foi muito exigido, mas as chegadas da Croácia levaram mais perigo à área dele.
Em um raro momento, o camisa 1 brasileiro chegou a cometer um erro bobo em uma saída de bola, colocando Casemiro na fogueira. O volante perdeu a bola, mas a zaga conseguiu se recuperar e afastar um cruzamento de Luka Modric
Enquanto Neymar esteve apagado na etapa inicial, o camisa 10 da Croácia ditou o ritmo de tal forma que ficasse mais confortável para seu time, só acelerando o jogo em momentos cruciais.
Era a tática perfeita para quem chegou às quartas com mais minutos jogados, sobretudo por ter jogado a prorrogação antes de vencer o Japão na disputa por pênaltis nas oitavas.
Em média, os jogadores da Croácia jogaram 66 minutos a mais do que os brasileiros até esta fase, segundo levantamento da Folha. A estatística considera os 16 atletas mais atuantes das duas equipes (11 titulares e 5 reservas).
São 221 no cronômetro dos brasileiros, a menor média entre as oito equipes classificadas para esta fase. No outro extremo desse ranking, os croatas registram 287.
Historicamente, não costuma ser um problema para eles. Em 2018, chegaram à final disputando prorrogações em todos os mata-matas. Só na final jogou 90 minutos, quando perdeu para a França, por 4 a 2.
Por isso, um ritmo mais lento interessava à equipe de Zlatko Dalic. O placar zerado antes do intervalo acabou sendo melhor para os brasileiros.
Com a mesma formação do primeiro tempo, o Brasil voltou do intervalo com mais ímpeto. Chegou a reclamar de um pênalti, aos 3 minutos, mas o VAR (árbitro de vídeo) não considerou infração o toque de mão de um defensor croata.
Aos 11 minutos, insatisfeito à beira do gramado, Tite trocou Raphinha por Antony. Sem ver grandes mudanças de postura, esperou até os 20 para trocar Vinícius Júnior por Rodrygo.
Somente aos 22 veio a primeira grande chance, quando Lucas Paquetá brilhou pela bola, invadiu a área e, cara a cara com o goleiro, chutou em cima do camisa 1. Aos 32, foi a vez de Neymar também esbarrar nele, após finalizar rasteiro.
Parecia que o Brasil estava com mais medo de perder uma bola que pudesse gerar um contra-ataque, do que manter uma pressão para achar seu gol. O marasmo se arrastou até o fim do tempo regulamentar.
A seleção brasileira não disputava uma prorrogação em Copas do Mundo desde 2014, quando empatou com o Chile por 1 a 1 no tempo normal das oitavas, ficou em um zero a zero no tempo extra e só avançou nos pênaltis, com vitória por 3 a 2.
Desta vez, Neymar tentou evitar um drama maior, ao abrir o placar aos 15 minutos do primeiro tempo extra. Após tabelar com Rodrygo e Lucas Paquetá, ele driblou o goleiro e fez 1 a 0. No segundo tempo extra, porém, a vitória já parecia certa, mas aos 11 minutos, Petkovic deixou tudo igual e arrastou a decisão para os pênaltis.