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Nova presidente do Peru prepara anúncio de gabinete; Castillo vai para base militar

Boluarte, 60, foi uma das primeiras a chamar os atos de Castillo pelo nome na quarta-feira (7). "É um golpe que agrava a crise política e institucional, que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei", escreveu em sua conta no Twitter. Foto: Divulgação
Boluarte, 60, foi uma das primeiras a chamar os atos de Castillo pelo nome na quarta-feira (7). "É um golpe que agrava a crise política e institucional, que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei", escreveu em sua conta no Twitter. Foto: Divulgação

FOLHAPRESS

Com a missão de superar a crise institucional que chegou ao ápice com a tentativa de golpe de Pedro Castillo, a nova presidente do Peru, Dina Boluarte, deve formar nesta quinta-feira (8) seu gabinete ministerial. Os nomes anunciados permitirão sentir o pulso da orientação de seu governo e estimar as possibilidades de que o país viva enfim algum período de estabilidade política sob nova direção.

A primeira mulher presidente do Peru prometeu um tempo de trégua, um governo de unidade nacional e um “gabinete de todos os matizes”. Prometeu ainda que cumprirá seu mandato integralmente, permanecendo no cargo até 28 de julho de 2026 -o que a diferiria de quase todos os seus antecessores desde 2016, um retrato do nível de instabilidade do Peru dos últimos anos.

Boluarte, 60, foi uma das primeiras a chamar os atos de Castillo pelo nome na quarta-feira (7). “É um golpe que agrava a crise política e institucional, que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, escreveu em sua conta no Twitter.
Horas depois, chegava ao Congresso convocada pelo Legislativo para fazer o juramento que a consagrou como a nova ocupante da Casa de Pizarro, sede da Presidência do Peru.

Esta quarta começou a se desenhar como o dia mais tumultuado da história recente do Peru quando Castillo fez um pronunciamento à nação decretando estado de exceção e ordenando a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições. Ao fazê-lo, o então ex-presidente distorceu as prerrogativas previstas pela Constituição e, portanto, viu seu ato receber o rótulo de tentativa de golpe.

O Congresso, em tensão constante com o chefe do Executivo desde o início de seu mandato, na prática ignorou os desmandos de Castillo e deu prosseguimento à votação da terceira moção de vacância contra o líder populista -uma espécie de processo de impeachment.

Até a véspera, tudo indicava que o presidente sobreviveria mais uma vez à tentativa de destituição, mas as medidas inconstitucionais que ele adotou horas antes inverteram o jogo. A moção de vacância foi aprovada com 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções -eram necessários 87 votos para a destituição.

A imprensa peruana, citando fontes policiais, afirma que o agora ex-presidente planejava deixar o país e fugir para o México. Foi interceptado, porém, pouco depois de deixar o Palácio de Governo, detido por policiais e levado à Prefeitura de Lima.

O Jornal El Comercio diz que Castillo permaneceu em Lima por mais de sete horas, o tempo todo junto de policiais. Depois, foi transferido junto com o ex-premiê Aníbal Torres para o quartel Los Cibeles, no distrito de Rimac e, de lá, partiu de helicóptero para a sede da Direção de Operações Especiais (Diroes) -o mesmo centro em que está detido Alberto Fujimori, ditador que comandou o Peru de 1990 a 2000, e pai de Keiko, principal adversária de Castillo, derrotada na última eleição com cerca de 50 mil votos de diferença.