Há exatos dez anos, Carolina Dieckmann, 44, se assustava com a proporção que havia tomado o vazamento de fotos suas. Em algumas delas, a atriz aparecia nua e, com as redes sociais em efervescência, não deu outra. Elas viralizaram rapidamente.
As imagens começavam a ser compartilhadas com velocidade por grupos e páginas online, mas a Justiça também agiu rápido. No final daquele ano de 2012, uma lei, apelidada com o nome da atriz, foi sancionada para punir quem cometia crimes virtuais.
Foi um final feliz para um episódio desagradável e, segundo Dieckmann, totalmente superado. “Sou feliz de ter como resultado uma lei importante. Nem lembro mais das dores que senti, são menores do que as coisas positivas que aconteceram depois”, diz à reportagem.
A atriz voltará às novelas a partir de janeiro com uma das personagens principais de “Vai na Fé”, próxima trama das 19h que substituirá “Cara e Coragem”. A aparição diária na TV representa um retorno ao país, já que ela passou os últimos seis anos mais nos Estados Unidos do que no Brasil.
“Queria ter tempo dedicado à família, levar o caçula [José, 15] na escola, dar alimentação, viver algo que nunca tinha vivido, de ser mesmo uma dona de casa, com tudo o que isso significa”, conta Dieckmann, 30 anos de carreira.
Como será sua personagem em “Vai na Fé”, próxima história das 19h?
É a Lumiar, uma mulher metódica, pragmática, que foca o trabalho e, ao mesmo tempo, tem a sorte de ter em sua vida um parceiro [Ben, o ator Samuel de Assis]. Ambos se gostam, se admiram. Quando a trama começa, ele está questionando alguns aspectos da vida profissional, e a minha personagem, não. Isso será o primeiro drama dos dois.
O que essa questão poderá gerar no relacionamento deles?
Ele quer tirar um ano sabático, mas ela quer conquistar o mundo [ambos viverão advogados criminalistas na novela de Rosane Svartman]. O núcleo ainda tem o Theo (Emilio Dantas), personagem dúbio, que mexerá com esse casal. Outra curiosidade é que a Lumiar odeia o próprio nome e também não se identifica com o berço que teve. É uma workaholic, não para de trabalhar.
Quais características dela enxerga em você mesma?
A Lumiar é bastante confiante, firme, tem autoestima e foco na vida. Vejo ela assim. E a gente é muito diferente, pois tenho esse lado que ela rejeita, que tem a ver com meditação, equilíbrio, não focar uma coisa só. A Lumiar não quer ser mãe, e eu não saberia quem eu seria se não tivesse filhos.
Você ficou um tempo fora da TV (última trama foi ‘O Sétimo Guardião, em 2018). Como foi esse período?
Estava fazendo novelas até me mudar para Miami [em 2016]. Estava em “A Regra do Jogo” e só fui aos Estados Unidos seis meses depois do meu marido [o diretor de TV Tiago Worcman]. Pedi para a Globo o recesso da Globo de um semestre para fazer essa mudança, conseguir a adaptação do meu filho num novo país. Fiquei mais tempo com a família e vivendo o que queria.
O que a levou a decidir sair do país?
Queria ter tempo dedicado a eles, levar o caçula [José, 15] na escola, dar alimentação, cuidar da casa e viver algo que nunca tinha vivido, de ser mesmo uma dona de casa, com tudo o que isso significa. E depois ainda voltei e fiz ‘O Sétimo Guardião’ (2018). Trabalhei o que deu para trabalhar e fiz o que consegui fazer. Foi um momento confuso, pois tive que me dividir. E, ao mesmo tempo queria estar inteira nos Estados Unidos, sentia culpa de não estar lá.
Nesses seis anos em Miami, do que sentia mais saudade no Brasil?
Do convívio com as pessoas que fazem parte do dia a dia e que são muito importantes, de estar em alguns aniversários, celebrações. Isso foi difícil no período que morei fora, a distância da família.
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Você está completando 30 anos de carreira. Qual balanço faz?
Completei em novembro de 2022 os 30 anos do meu primeiro contrato, mas a estreia foi em abril ou maio de 1993 [na novela ‘Sex Appeal’]. Só de pensar que aos 44 anos eu já tenho 30 de profissão é algo muito grande na minha existência.
Você se arrepende ou mudaria algo nesse tempo?
Não me arrependo. Claro que na adolescência [no primeiro trabalho ela tinha 14 anos] eu já tinha muita responsabilidade de adulta. Era uma época em que eu vivia questões como o primeiro amor, mudanças no corpo, e eu já trabalhando, convivendo com adultos. Olhando para trás há coisas que não vivi naquele momento, mas não me traz arrependimentos, não. Faria tudo de novo.
Há dez anos, o assunto do vazamento das suas fotos nua tomava os holofotes. O que lembra disso?
Hoje são dez anos de uma lei sancionada [apelidada com o nome dela e que visa punir crimes na internet]. Sempre fico muito orgulhosa. Impressionante como um momento triste… Um limão virou uma limonada. Sou feliz de ter como resultado uma lei importante com apelido carinhoso que precisava existir. Hoje é impossível pensar em tudo sem uma legislação. Atualmente nem lembro mais das dores que senti, são menores do que as coisas positivas que aconteceram depois que o caso veio à tona.
Texto: Leonardo Volpato (Folhapress)